Economia

Quarta-Feira, 31 de Dezembro de 1969, 20h00

Postos de Cuiabá e VG seguram aumento dos preços

Da Redação

Os postos de combustíveis de Cuiabá e Várzea Grande encerram o primeiro dia após a autorização de reajuste à gasolina e ao óleo diesel, sem alterações. O valor médio de bomba de R$ 2,89 e R$ 2,99 e de R$ 2,66 e R$ 2,71, respectivamente, prevaleceu durante todo o dia de ontem. A mudança, conforme os revendedores, será gradual, na medida em que os novos carregamentos forem chegando, de hoje até segunda-feira já com a alta. A grande expectativa é quanto ao novo preço nas bombas e a repercussão no bolso do consumidor. 

 

Desde a meia noite de ontem está vigorando o reajuste de 3% no preço da gasolina e de 5% no diesel, nas refinarias, anunciado pela Petrobras. O segmento prefere não arriscar simulações por dois motivos. O primeiro é porque os revendedores são livres para estabelecer preços aos combustíveis e segundo, que qualquer suposição de valor pode soar como um referencial. Mas é certo: o litro da gasolina vai extrapolar o patamar psicológico dos R$ 3 e o a alta do diesel será reverberar sobre alimentos e fretes de produtos. 

 

Numa conta bastante simples, o litro da gasolina, em Cuiabá e Várzea Grande, poderá chegar a R$ 3,05/3,06, considerando o valor médio nas duas cidades, R$ 2,98, apurado nessa semana pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para o diesel, a majoração poderá ser de até R$ 0,20, também considerando o índice de 8% e um valor médio nas duas cidades de R$ 2,66. Para o Estado, conforme a ANP, o valor médio da gasolina é de R$ 3,07 e do óleo diesel, R$ 2,73. 

 

Um frentista de posto de bandeira branca, no bairro Cristo Rei, disse ao Diário, que com o reajuste, o litro da gasolina passará de R$ 2,89 para cerca de R$ 3,03/3,05. Se o primeiro valor se confirmar, a majoração na ponta será de 4,84%. 

 

SEM ESPECULAÇÃO – O diretor executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Sindipétróleo/MT), Nelson Soares, faz questão de reforçar que várias componentes são consideradas nas planilhas dos postos para a formação do valor de bomba. “Além de o mercado ser livre, cada estabelecimento tem sua realidade e são essas particularidades que levam ao preço final”. Como reforça, o novo preço final só será conhecido depois que os estoques forem repostos. 

 

Para Soares Júnior, o maior peso da alta da gasolina será no fator psicológico, pois haverá a ruptura do teto de R$ 3 por litro. “Há três anos somos o único Estado onde o valor do etanol não superou os 70% do valor da gasolina. Em Mato Grosso, há opção por se migrar para o derivado da cana-de-açúcar como forma de fugir do reajuste”. 

 

Ele revela ainda, que a majoração acaba sendo uma possibilidade de fortalecer o mercado regional do etanol hidratado, e consequentemente, o setor produtivo. “Nós exportamos etanol e importamos gasolina, ou seja, ao optar pelo primeiro, deixamos a riqueza que envolve a compra do produto aqui no Estado. Geramos empregos, impostos e fortalecemos a nossa indústria. Ao usar a gasolina, exportamos tudo isso para os outros estados”. O dirigente sindical destaca ainda que as usinas de cana estão há alguns anos em situação caótica e que muitas fecharam no Centro-Sul do país. 

 

Mas entre os consumidores, a viabilidade do etanol depende do próprio segmento revendedor. “Se houver uma corrida ao etanol, certamente ele será reajustado. Já reparei que toda vez que aumenta um combustível o outro se eleva também, como forma de manter uma paridade padrão de preços. Duvido que daqui a algumas semanas, não haja alta sobre o litro do hidratado”, avalia o funcionário público, formado em Ciência Contáveis, Vander Silva. 

 

Questionado sobre a possibilidade, Soares Júnior, explica que de fato poderá ser uma oportunidade para se melhorar ganhos na indústria, até porque a temporada da entressafra da cana-de-açúcar está para começar no Estado. “Sou um entusiasta do etanol. Porque além de fortalecer a economia local, é muito menos poluente que a gasolina. Infelizmente ao diesel, não há opções”. 

 

Sobre o diesel, ele alerta para o impacto inflacionário. “Mais que a alta da gasolina, é a do diesel que vai de fato pesar no bolso. Ele vai alterar valores de fretes e principalmente, dos alimentos, incorporando a alta mais significativa”. 

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