Domingo, 10 de Agosto de 2025, 15h31
AMOR ALVINEGRO
Na saúde e na doença, mixtense narra paixão herdada do pai
MARIANA LENZ
Gazeta Digital
O amor ao futebol está no coração dos brasileiros, mas a paixão dos cuiabanos pelo Mixto Esporte Clube está na alma dos torcedores. Uma dessas apaixonadas pelo time é a servidora pública Ceila Monica Silva Ferraz Alencastro de Moura, 57, que nasceu e cresceu em família mixtense e conta como o clube foi um ponto de apoio até mesmo em sua saúde e espiritualidade, nos bons momentos e nos mais difíceis de sua vida.
A mixtense conta que veio do bairro da Lixeira, onde passou a infância e boa parte da vida com a família. Terceira de 5 filhos, a mãe era professora no bairro do Baú e o pai garçom e verdureiro, amigo de todos na região. Com seu radinho, João Ferraz não perdia um jogo sequer nas transmissões, quando juntava filhos e amigos para ouvir as partidas e tomar chá-mate, comendo batata-doce assada no fogão a lenha. Acompanhar os radialistas esportivos era uma tradição da família.
“Papai era um apaixonado pelo Mixto, era Deus no céu e Mixto na terra. O papai vivia o Mixto. Ele pendurava a bandeira na verduraria e os operarianos viam, mas ainda iam lá e o respeitavam. Ele tinha o traje de ir assistir aos jogos. Mamãe costurava almofadas preta e branca com a listra horizontal e levamos para o estádio assistir ao jogo. Era a bandeira, o rádio, as almofadas, e nós, a criançada junto”, recorda.
O dia mais aguardado era o dos jogos do time do coração. A “escadinha” de filhos era levada para o estádio, de ônibus, até o local da partida. Embora não fizesse imposição sobre para qual time os filhos deveriam torcer, o pai sempre passou seu amor pelo clube para os pequenos.
“A gente mais brincava do que assistia, mas ele estava ali, falando para nós: ‘Estou passando para vocês isso que eu amo. Vocês amanhã poderão decidir o que vocês querem, mas eu estou passando para vocês o que eu amo, que é o Mixto”, relembra.
Falar mal do time do patriarca era uma sentença: isolamento. Não admitia críticas, jogando bem ou mal. Já chegou a sair do sério por conta de provocações e cortar de suas relações quem destratava o clube. O amor pelo alvinegro falava mais alto.
Uma das memórias marcantes que Ceila tem do pai e do clube foi quando os pais e os vizinhos foram ao Rio de Janeiro ver o time em campo.
“Eu tenho o prazer de contar que meu pai viu grandes estrelas jogar, o Bife, Pastoril. [...] Então, o Mixto uniu muito a minha família com várias pessoas. Por isso eu digo, essa torcida é o décimo terceiro jogador. Eu já cheguei a assistir o Mixto caído, quando começou o louvor, a música e as orações da torcida, eles fizeram gol”, narra.
Se engana quem pensa que o esporte é só para os homens. Além de abarcar toda a família, o time sempre teve muita abertura para também as mulheres, até porque ele foi fundado por uma mulher, Zulmira Canavarros. Ceila conta que o time é pioneiro neste quesito e sempre valorizou tanto a torcida feminina, quanto as jogadoras mulheres.
“É muita emoção estar lá como mulher. Nós temos que tirar aquele estigma de que mulher não faz parte do futebol. Nós estamos em todos os lugares. As meninas são muito bem recebidas, são muito vivas na sua confiança no time, vibram mesmo. As mulheres têm total entendimento de tudo: da lateralidade, da zaga, do meio, do ataque. As mulheres do Mixto, põem o coração, o amor, cantam com gás o que elas têm de melhor. Nós temos que ovacionar inclusive porque o Mixto já começou com mulheres, desde o nosso hino oficial, que é de Zulmira Canavarros. O Mixto é misto, porque trouxe o homem e a mulher”, cita.
Questionada pela reportagem do sobre o que o Mixto tem que o diferencia de outras torcidas, Ceila é unânime: espiritualidade. “O que a torcida do Mixto tem é muito forte e se chama espiritualidade. A ligação espiritual ali é muito forte, independente de religião, ali tem evangélicos, católicos, umbandista, é uma torcida ecumênica, mas que tem o mesmo ideal quando eles estão todos ali reunidos, que é mandar a mensagem, o positivismo para o time. É uma torcida espiritualizada’, descreve.
Seguindo os passos do pai, hoje Ceila passa o amor pelo clube para a filha, Ana Gabriela Ferraz Moura, 29. Ela narra que a filha possui deficiência intelectual, com um certo atraso de fala, mas quando se trata do time, ao ver a camiseta do clube, já começa a falar que ama o time, ansiosa para ir ao estádio.
E como nem tudo na vida são flores, Ceila narra que também teve suas baixas. Em 2016 enfrentou um câncer de mama. O diagnóstico, naturalmente, a deixou abatida. No entanto, se apegou ainda mais ao time e passou a frequentar as partidas com mais intensidade, mesmo em meio ao tratamento. Para ela, ir aos jogos é como uma renovação. “O calor da torcida, a animação, ajudou as minhas células a se fortalecer”, diz.
Orgulhosa da história e trajetória do clube, celebra o fato de ver tantas pessoas engajadas para manter o time, com dedicação e entrega. “Isso vem de berço, de pai para filho, a gente vê Antero Paes de Barros, o senhor Dorileo, o Ranufo. É emocionante ver essas pessoas apaixonadas pelo Mixto. Isso enche o nosso coração de muita alegria, muito orgulho. Eu tenho o maior orgulho de ser mixtense e ver eles lutando pelo Mixto. Tem gente que quer acabar com o Mixto, mas não vão conseguir, porque onde tem filhos de pais que eram mixtenses, como esses bravos guerreiros, ninguém vai derrubar”, profetiza.
Júnior mixtense | 11/08/2025 07:07:12
Parabéns para essa famÃlia mixtense. Os mixtenses são assim mesmo, apaixonados.
João Mendes | 10/08/2025 23:11:34
Parabéns para Célia e seu pai, linda história de se ler no Dia dos Pais. Saúde pra você e sua famÃlia. Parabéns também à repórter Mariana Lenz pela bela reportagem.
Mixtense | 10/08/2025 17:05:59
Mixto é doença. Só sabe o sentimento de ser mixtense, quem um dia vai pela primeira vez no estádio e se contagia pela torcida fiel e fanática.
Cuiabá perde fora para o Avaí e cai para 7º
Domingo, 10.08.2025 19h44
Em jogo com pancadaria,Luverdense é eliminado no ES
Domingo, 10.08.2025 11h20
Prefeitura de Cuiabá promove curso inédito de Hóquei Indoor
Domingo, 10.08.2025 10h00
Arte e esporte ganham voz em escolas técnicas estaduais
Sábado, 09.08.2025 18h49
Mixto elimina a Portuguesa e avança às oitavas
Sábado, 09.08.2025 17h52