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Domingo, 07 de Abril de 2019, 10h00

INTERAÇÃO

Grupo organiza sessões de cinema adaptadas para crianças autistas

G1

 

Luz, cÂmera e ação. É em meio às gargalhadas e à pipoca amanteigada que um grupo de moradores de Itapetininga (SP) organiza uma sessão de cinema mais do que especial: adaptada para crianças autistas, cujo Mês Mundial de Conscientização é celebrado em abril.

Em entrevista ao G1, a organizadora do evento, a fonoaudióloga Janaína Borba Garbo Santos, de 27 anos, conta que a ideia surgiu pois ela atendia a diversos pacientes com autismo.

"Eu trabalho com crianças que têm o espectro autista. Então, começou com os pais, nos reunimos para fazer alguma coisa. Vi a ideia no Rio de Janeiro e quis trazer para cá", explica.

Ainda conforme a organizadora, antes eram realizadas reuniões e encontros mensais, além de palestras gratuitas com profissionais da área. Porém, após uma conversa com a antiga gerência do cinema da cidade, o grupo começou a fazer as sessões especiais, há quatro anos.

"Já é o quarto ano. Desde o ano passado, o grupo tem sete pessoas que ajudam e tínhamos um número limite de 70 pessoas, mas este ano a procura foi muito grande, então foram 83. Não mais do que isso por conta da limitação das crianças", conta.

Além disso, Janaína explica que os filmes são adaptados pensando na comodidade das crianças. No sábado (6), elas assistiram ao filme "Parque dos Sonhos", que trabalha o contexto de família.

"Junto com funcionários do cinema, nós decidimos como vai ficar o som e a luz. A sala fica com meia luz e o som mais baixo, não é o som habitual do cinema para deixar a criança o mais à vontade possível."

Apoio

Janaína conta que, no início, era difícil encontrar apoio e parcerias para que o projeto crescesse. "Ainda temos dificuldade, mas no ano passado conseguimos um apoio maior. É muito difícil, principalmente a parte da verba", continua.

Além das sessões especiais de cinema, o grupo realizada caminhadas solidárias, piqueniques e atividades para as crianças. Neste ano pretendem realizar até uma "contação de histórias" para os jovens.

Marcos César Almeida é pai do jovem Marcos Cesar Almeida Júnior, de 18 anos, que tem autismo. Ele conta que as sessões são muito interessantes e estimulam as crianças.

"Nós participamos desde o início. Meu filho assiste a filmes com a gente, mas percebemos que com outras crianças e o som mais baixo ajuda bastante", diz.

'Cada um é especial'

Marcos explica que conheceu o grupo pois o filho participava de sessões de fonoaudiologia com Janaína e desde o início teve interesse em participar dos eventos.

"Percebemos que existe muito preconceito, até dentro da própria família. Quando surgiu o grupo de apoio aos pais de crianças autistas tentamos passar um pouco da nossa experiencia. É um impacto no início falar 'nossa, meu filho é autista', mas depois percebemos que isso é pouco", diz.

Ele ainda afirma que o preconceito é encontrado diariamente, porém ensina o filho a enfrentar as dificuldades.

"Preconceito tem, mas eu não ligo. Eu aprendi desde criança a enfrentar e faço ele participar de várias coisas. Ele tem que servir no TG e eu vou com ele, participo com ele para ele ter convívio com pessoas de 18 anos, onde posso estou incluindo ele", diz.

Já o filho conta que está ansioso para assistir ao próximo filme e que sempre acompanha o grupo nas sessões especiais. "Faz tempo que venho e gosto de filme de desenho", comenta.

Atualmente, o jovem está cursando o 9º ano do ensino fundamental, após um pedido dos pais para que ele pudesse acompanhar melhor as aulas. Segundo o pai, o filho é muito carinhoso e se dá bem com pessoas mais velhas, pois desde pequeno é acostumado a ir em psicólogas.

"Não existe um autista que seja igual ao outro. Pode ter 50 autistas, mas você vai perceber que cada um é especial", conclui.

 

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