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Quinta-Feira, 29 de Agosto de 2024, 00h00

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Latam demite os três pilotos que bateram a cauda de avião

O GLOBO

 

A Latam demitiu três pilotos envolvidos no incidente com um Boeing 777-300 da Latam, que bateu e arrastou a cauda ao decolar de Milão, na Itália. Um relatório preliminar da Autoridade Italiana de Segurança Aérea (ANSV) apontou que o problema foi provocado pela inserção de dados incorretos pelos pilotos, que acabaram "enganando" o computador de voo. Segundo apurou o GLOBO, os pilotos já não constam mais na lista de funcionários da Latam após um conselho interno da companhia considerar o acidente gravíssimo.

Como resultado, o avião da Latam que ia para Guarulhos, São Paulo, se arrastou por 723 metros na pista, deixando um buraco de até seis centímetros. Quase dois meses após o incidente, a aeronave permanece fora de operação para processo previsto de revisão e manutenção com a fabricante.

No voo da Latam, segundo o relatório, foi inserido o peso máximo da aeronave sem contabilizar o combustível, ao invés do peso real do combustível abastecido, fazendo com que o computador calculasse uma velocidade de decolagem muito abaixo da necessária.

A empresa com sede no Chile, criada após o anúncio da fusão entre a companhia aérea chilena LAN Airlines e a companhia aérea brasileira TAM Linhas Aéreas, possui um conselho interno para avaliar a eficiência das operações, incidentes e procedimentos. O caso em questão foi levado ao painel, composto por colaboradores de vários países onde a companhia opera, e comparado à outros incidentes semelhantes para que a solução mais justa seja encontrada.

Segundo apurou o GLOBO, o procedimento adotado levou em conta a proporção dos danos na estrutura da aeronave, gastos com alijamento de combustível, remanejamento de passageiros e mais de dois meses do avião parado para reparos, avaliados na casa dos milhões de dólares.

Como foi o incidente?

O computador de bordo de um avião comercial Boeing, conhecido como “Flight Management System” (FMS), é um sistema sofisticado que desempenha um papel crucial na operação segura e eficiente de aeronaves modernas. O sistema é responsável por calcular parâmetros de desempenho, como as velocidades de decolagem e de descida, com base em informações como o peso da aeronave, configuração de flaps, e condições atmosféricas. E, segundo o relatório das autoridades italianas, foi aí que surgiu o problema.

Os dados cruciais envolvidos no incidente são os que informam o peso total da aeronave, incluindo a distribuição de carga e passageiros, a quantidade de combustível; e as velocidades de decolagem, como V1 (velocidade de decisão), VR (velocidade de rotação) e V2 (velocidade de segurança de decolagem).

No voo da Latam, segundo o relatório, foi inserido o peso máximo da aeronave sem contabilizar o combustível, ao invés do peso real do combustível abastecido, fazendo com que o computador calculasse uma velocidade de decolagem muito abaixo da necessária.

Na prática, os pilotos começaram a rotacionar a aeronave a 153 nós, e quando a aeronave acelerou para 166 nós já iniciou o contato da cauda com a pista do aeroporto. Vale notar que, no momento da decolagem, três pilotos estavam na cabine do voo da Latam: um capitão instrutor sentado no assento direito (que estava voando neste segmento), um capitão em treinamento sentado no assento esquerdo e um capitão substituto sentado no assento de salto.

O caso aconteceu em julho deste ano, com 398 passageiros a bordo que iam em direção a São Paulo. As câmeras de segurança do aeroporto registraram o momento em que a parte traseira da fuselagem toca na pista e se arrasta por mais de 270 metros, deixando detritos e poeira para trás. Após a decolagem, os pilotos precisaram despejar combustível para retornar a Milão e verificar os danos na estrutura da aeronave. Todos os passageiros foram desembarcados em segurança.

Em nota enviada ao GLOBO, a Latam afirmou que irá comentar a demissão dos pilotos. A companhia também afirmou anteriormente que segue cooperando com as autoridades que investigam o ocorrido no voo LA8073, e aguarda a publicação do relatório final pela Autoridade Italiana de Segurança Aérea (ANSV). "A companhia esclarece que o relatório emitido pela autoridade é preliminar e não apresenta as causas prováveis ou conclusões da investigação", diz a companhia.

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