Quarta-Feira, 25 de Junho de 2025, 01h00
SPRAY DE PIMENTA
Médica que atacou criança em igreja paga fiança de R$ 30 mil
Agora, ela responderá ao inquérito em liberdade
METRÓPOLES
A médica Livia Maria Ponzoni de Abreu, de 41 anos, presa por atacar com spray de pimenta três pessoas de uma mesma família, entre elas uma criança de 2 anos, foi solta nessa segunda-feira (23/6) após pagar fiança de 20 salários-mínimos, o equivalente a R$ 30.360. O ataque aconteceu durante a celebração de uma missa em uma catedral de Jundiaí, no interior de São Paulo, no último domingo (22/6).
O gás se espalhou rapidamente pela Catedral Nossa Senhora do Desterro, no centro da cidade, provocando mal-estar em vários fiéis, inclusive em uma mulher gestante e um homem de 27 anos. Diante do caos, a missa foi interrompida e todos evacuaram a igreja.
Após audiência de custódia nessa segunda-feira, foi concedida a liberdade provisória à médica, mediante o cumprimento de medidas cautelares. Uma delas proíbe Livia Ponzoni de manter qualquer tipo de contato e de se aproximar das vítimas, respeitando a distância mínima de 200 metros.
Além disso, como forma de resguardar a proibição de contato e aproximação das vítimas, a Justiça determinou que a médica está proibida de frequentar igrejas e recintos destinados a cultos religiosos situados em até 50 quilômetros da igreja onde aconteceu o ataque.
O caso aconteceu durante a celebração de uma missa na Catedral Nossa Senhora do Desterro, no centro de Jundiaí, na noite do último domingo (22/6).
De acordo com o boletim de ocorrência, ao qual o Metrópoles teve acesso, a médica usou um frasco de gás de pimenta contra uma empresária, seu marido e a filha do casal porque ficou incomodada quando a criança estava brincando no corredor da igreja durante a missa.
O jato atingiu diretamente o rosto da empresária e de sua filha.
A criança começou a apresentar forte crise de tosse, vômitos e intensa irritação ocular, enquanto o marido caiu no chão em decorrência da exposição ao agente químico.
O gás se espalhou pela igreja e afetou outros fiéis, entre eles uma gestante e um homem de 27 anos. Diante do caos, o local foi evacuado.
A mãe correu com a filha para o hospital e a criança recebeu os primeiros socorros e medicamentos. Outras medidas cautelares determinadas são o comparecimento a todos os atos do processo para os quais for intimada; a proibição de alterar seu endereço, sem prévia comunicação ao Juízo; e a proibição de se ausentar da comarca por mais de dez dias sem autorização judicial.
Briga motivou ataque
À polícia, Livia Maria afirmou que disparou o spray para se defender, após “se sentir ameaçada” durante um desentendimento com a empresária. No entanto, a acusada não soube descrever de forma objetiva o que teria a ameaçado na ação. Já a mãe da menina contou que a médica teria reprimido a sua filha de 2 anos enquanto brincava no corredor da igreja, descrevendo a abordagem dela como “ríspida”.
A partir desse momento, a empresária afastou a filha e afirmou que estava a corrigindo, porém, foi iniciada uma briga. Segundo o depoimento dela, a médica colocou a mão no rosto da mulher e começou a gritar, dizendo que estava rezando e que a igreja não era um “parque de diversões”. Foi logo após esse momento que o ataque com spray de pimenta aconteceu.
A autoridade policial deu razão à versão da vítima após ouvir testemunhas e analisar imagens da ação. “Percebe-se que o comportamento da autuada foi extremamente desproporcional e abjeto, colocando em risco não só a saúde da vítima pretendida, mas também dos demais munícipes que frequentavam a missa”, diz o documento policial.
Após o tumulto, a médica saiu da catedral e teria utilizado o spray contra pessoas em situação de rua. O veículo em que ela estava, estacionado nas proximidades da igreja, foi cercado por populares indignados com a situação, que demonstraram intenção de agredi-la e causaram danos ao carro. Um vídeo registrado por uma testemunha flagra a ação (veja abaixo). Um pouco depois, agentes da Guarda Municipal chegam ao local.
Veja:
O caso foi registrado como lesão corporal, lesão corporal contra menor de idade e uso de gás tóxico ou asfixiante no 1º Distrito Policial de Jundiaí. Em nota ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o spray usado pela suspeita foi apreendido. A médica permanece à disposição da Justiça.
O que diz a catedral
Em nota publicada no site oficial da Catedral Nossa Senhora do Desterro, a Diocese de Jundiaí manifestou, “com profunda tristeza e firmeza, seu repúdio ao lamentável episódio” da noite desse domingo, “que afetou diretamente centenas de fiéis reunidos em oração”.
“Tal ato, além de provocar tumulto e interromper a celebração eucarística, constitui grave violência contra o espírito de comunhão, respeito e fraternidade que deve sempre reinar nos espaços sagrados. A Casa de Deus é, e deve ser sempre, um lugar de acolhimento, consolo e paz — nunca de hostilidade ou intolerância”, escreveu o bispo Dom Arnaldo Carvalheiro Neto.
“A violência, em qualquer forma, jamais será um caminho legítimo para a convivência humana, muito menos quando direcionada contra os mais frágeis e inocentes”, diz a nota.
A Diocese expressou ainda solidariedade às vítimas do ocorrido e reafirmou seu compromisso “inegociável” com a não violência, a defesa da dignidade humana e a promoção da paz. “Confiamos às autoridades civis a devida apuração dos fatos e a tomada das providências cabíveis, com respeito ao devido processo e à verdade.”
“Rezamos para que este triste episódio desperte em nossa sociedade um renovado compromisso com a paz, a tolerância e o cuidado mútuo. Que, sob o olhar de Nossa Senhora do Desterro, aprendamos a desterrar de nossos corações tudo o que gera divisão, medo ou dor — e a cultivar os frutos do Evangelho: o amor, a paz e a misericórdia”, finaliza o bispo.
Quem é a médica
Livia Maria Ponzoni de Abreu, de 41 anos, atua na especialidade de anestesiologia em casos de urgência e atendimentos em clínica médica. Formada em medicina na Universidade de Taubaté, em 2011, Lívia é reconhecida pelo comprometimento em oferecer “tratamentos individualizados e eficazes para os seus pacientes”, conforme o próprio perfil de avaliação em plataformas médicas.
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