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Quinta-Feira, 02 de Novembro de 2023, 09h00

TENSÃO

"Trauma para vida inteira", diz avó de bebê sequestrado

EXTRA

 

As primeiras 24 horas de vida do recém-nascido Ravi já foram “para sentir o clima do Rio de Janeiro”. Quem diz isso é o pai da criança, Matheus Cunha, de 26 anos, depois de chorar e comemorar que o filho foi encontrado. Nascido na madrugada do dia 31, o bebê desapareceu da enfermaria em que estava após a mãe, Nívea Maria Rabelo Moreira, de 27 anos, o amamentar e o colocar no berço. Na porta da Maternidade Municipal Maria Amélia Buarque de Hollanda, no Centro do Rio, o clima é de comemoração desde as 8h20, quando chegou a notícia de que Ravi foi encontrado.

— Muito feliz graças a Deus, estou completo. Meu primeiro filho. Foram horas desaparecido — diz Matheus, pai de primeira viagem, que abraçou a família.

A comemoração e semblantes de alegria tomaram conta de quem chegava à porta da maternidade. Patrícia Cunha, avó da criança, era quem estava de acompanhante quando o neto desapareceu. Ela, que voltou da delegacia comemorando a prisão, sorri ao dizer que Ravi já está mamando.

— Foi o momento de cochilo da gestante e do acompanhante, os bebês em silêncio no quartinho. Foi um prazo de 10, 15 minutinhos de cochilo. Quando nós acordamos para ele mamar, não estava mais no bercinho — relata a avó, que define o dia como “um trauma para uma vida inteira”. — A maternidade é um lugar onde você acredita que está seguro, que a gestante acabou de ter o filho e não tem condição de cuidar e está sob o cuidado de pessoas. Você se deparar com uma situação dessas é desesperador, inaceitável.

 

Segundo a família, nesta madrugada, pouco antes das 2h, Nívea Maria amamentou Ravi e o colocou no berço. Eles estavam numa enfermaria da maternidade. Após cochilar rapidamente, Nívea acordou e já não viu o filho. Ela e a sogra, Patrícia, que a acompanhava à noite, o procuraram pela enfermaria e ao descobrirem que o bebê não estava lá, acionaram a polícia.

 

O avô paterno, Davi Figueira, de 46 anos, conta que acordou de madrugada com a ligação da esposa, da maternidade. Nesta manhã, na porta da unidade, emocionado, ele agradecia:

— Acabamos de receber a notícia que a criminosa foi presa em flagrante com o Ravi, na Tijuca. Em seguida, (depois da delegacia) vai vir para a maternidade fazer os exames. Ravizinho foi encontrado!!

Mulher presa

Imagens das câmeras de segurança registraram uma mulher na maternidade por volta de 1h50. Ela está com uma mochila nas costas e duas bolsas, uma em cada mão. A mulher parece perdida num dos corredores da unidade, sem saber por onde ir, como mostrou o vídeo.

Segundo a polícia, a mulher teria dito a enfermeiras que acompanhava uma paciente que estava em um dos quartos. No entanto, o local estava vazio, sem internações. Com a divulgação das imagens, PMs chegaram até ela, identificada como Cauane Malaquias da Costa. Ainda não se sabe como a suspeita entrou na unidade de saúde. O delegado Mário Jorge Andrade, titular da 4ª DP (Praça da República), à frente do caso, vai ouvi-la ainda esta manhã.

Em nota, a Polícia Militar afirma que agentes da UPP Borel estavam em patrulhamento na comunidade do Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio. A equipe recebeu uma denúncia informando o paradeiro da sequestradora e, após buscas, o bebê e a suspeita foram localizados. Imagens mostram o momento em que a mulher é levada por um dos agentes e Ravi, deitado num bebê conforto, é carregado por outro PM.

A suspeita foi presa e encaminhada para a 4ª DP, para prestar depoimento. Ravi foi levado de volta para a maternidade para passar por exames e reencontrar a família.

— Conseguiram identificar uma senhora com três bolsas grandes. Ela passou a madrugada procurando uma enfermaria que estava desocupada. Essa senhora foi presa. Agora a gente pode afirmar que sim (Ravi foi levado dentro de uma bolsa) — disse Davi.

Agentes da Polícia Civil chegaram à porta da maternidade às 9h, momento em que o bebê era entregue de volta para a mãe. O pai, Matheus Cunha, foi chamado por funcionários para ir ao quarto da unidade de saúde.

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Já ao lado da nora e do neto Ravi, Davi agradeceu pelo apoio e pelo trabalho das equipes em encontrar e devolver o bebê para a família. Emocionado, ele mostrou a equipe médica reunida e o recém-nascido de volta aos braços da mãe.

— Isso é uma prova viva que Deus é fiel sempre, e que não abandona os seus. Toda a equipe médica está aqui agora cuidando dele. Agradeço a todos vocês, da saúde, da equipe da mídia, os policiais que estiveram envolvidos nessa ocorrência e se empenharam para estar trazendo o nosso Ravi de volta. Nosso muito obrigado — disse o avô.

Ravi nasceu de parto normal, após uma gestação de risco, que durou 37 semanas. Ele nasceu na Maternidade Municipal Maria Amélia Buarque de Hollanda, no Centro do Rio, ontem, terça-feira, dia 31, e foi levado horas depois, no início da madrugada desta quarta-feira.

A família do pai de Ravi é de São Paulo, mas, para acompanhar o parto, os avós da criança já estavam no Rio há alguns dias. O tio, Arthur Cunha, mora em Guaratinguetá (SP) e enfrentou 5 horas de estrada durante a madrugada para encontrar o irmão. Chegou à maternidade 15 minutos depois de Ravi ter sido encontrado.

— Vim a todo momento escutando louvor e orando para que Deus guardasse a vida do Ravi — contou.

O que diz a maternidade

A Maternidade Municipal Maria Amélia Buarque de Hollanda, da Prefeitura do Rio, informou, por meio de nota enviada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que a unidade "acionou imediatamente a polícia e, com as imagens das câmeras de segurança, os policiais identificaram e prenderam a suspeita. O recém-nascido foi recuperado e já está com os pais. Mãe e bebê estão bem e terão alta em breve".

O comunicado ainda afirma que "os protocolos de segurança da unidade serão revisados e mudanças que sejam consideradas necessárias serão adotadas. Mais informações sobre as investigações devem ser solicitadas à Polícia Civil".

 

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