Terça-Feira, 02 de Julho de 2024, 11h52
Rosana Leite Antunes
Atlas da violência 2024
Rosana Leite Antunes
No mês de junho foram divulgados dados das muitas violências enfrentadas no país. Os números são do IPEA e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. As estatísticas se perfazem em um retrato da violência no Brasil.
A violência contra meninas e mulheres vitimou cerca de 221.240 mulheres. Desse número, 144.285 foram mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Segundo apurado, 86,6% dos casos de violência doméstica contra as mulheres foram cometidos por homens.
A violência sexual contra crianças, enxergada, inclusive, como epidemia, tem os seguintes números: 30,4% cometidas contra bebês e meninos de zero a nove anos, e 49,6% contra meninas de 10 a 14 anos.
O Atlas tratou, ainda, das trajetórias de violência que acompanham meninas e mulheres por toda a vida. De zero a nove anos as meninas são vítimas da negligência; dos 10 aos 14 anos das violências sexuais; dos 15 aos 69 anos são vítimas da violência física; e acima dos 70 anos, novamente sofrem negligência.
A violência contra as pessoas negras tem estatísticas assustadoras. Entre os anos de 2012 a 2022, 445.442 foram assassinadas. A representação é de uma pessoa negra assassinada a cada 12 minutos no país, nos últimos 11 anos.
O segmento LGBTQIAPN+ registrou 8.028 vítimas no ano de 2022, com uma elevação de 39,4% ao registrado no ano de 2.021. O perfil apontado das vítimas foi: 67,1% mulheres, 55,6% negras, e 72,5% homossexuais.
Em se cuidando de violência contra pessoas com deficiência, as mais frequentes são: 55% violência física, 31,7% violência psicológica, e 23% violência sexual. Foram 14.600 notificações de violência contra as pessoas portadoras de deficiência. A taxa de notificação de violência por tipo de deficiência assim foi constatada: 36,9% intelectual, 12% física, 3,8% auditiva, e 1,5% visual. As mulheres PCDs são as maiores vítimas, com 68,8%.
O Atlas também retratou que 205 indígenas foram assassinados no ano de 2.022. A taxa foi de 21,5 por cem indígenas.
Os dados acima expostos externam que as pessoas vulneráveis sofrem as muitas violências que atingem a sociedade em geral, e quando se combinam as situações específicas sofridas pelos muitos grupos de vulnerabilidades, as violências tendem a aumentar.
As informações do Atlas são analisadas à luz da perspectiva de gênero, raça, faixa etária, e outros elementos. É possível perceber, portanto, que ainda, infelizmente, existem grupos vulneráveis e marginalizados que estão expostos a uma vida de risco. A violência deve ser trabalhada em uma perspectiva educacional, com conscientização de desigualdades e formação humanizada.
Que a nossa realidade possa ser outra nos próximos Atlas. É de Clemantine Wamariya: “Segurança deveria ser um direito de nascença”.
Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT
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