Sexta-Feira, 13 de Novembro de 2020, 11h20
Justina Fiori
Para quem gosta de estrada
Justina Fiori
O ano era 1997. Estava de mudança para Rondonópolis para montar um projeto editorial – o Jornal do Dia. E lá fomos pela estrada de mala e cuia. Naquela época, percorrer os 210 km entre Cuiabá e Rondonópolis era uma aventura arriscada. Pista simples, asfalto quase sempre danificado, uma serra cheia de curvas e dezenas... centenas... milhares de caminhões. Era quase impossível fazer ultrapassagens. O negócio era torcer para aparecer uma terceira pista – coisa que só existia em alguns poucos trechos. E quando havia algum acidente na estrada? Horas inteiras dentro do carro esperando a situação se resolver. Chuva? Era preciso rezar para que isso não acontecesse.
Enfim, acabei ficando em Rondonópolis por oito anos, deixando em Cuiabá a família, os amigos e colegas de profissão. A saudade era grande, o que me obrigava a refazer a aventura arriscada sempre que podia. Aproveitava os finais de semana ou feriados prolongados para matar essa saudade. A tensão era grande na estrada e os 210 km entre uma cidade e outra pareciam uma eternidade. Quase sempre, levava-se até 4 horas para chegar.
Em 2005, voltei para Cuiabá, mas não me desliguei de Rondonópolis por vários motivos, inclusive por questões profissionais. Os 210 km continuam no meu cotidiano, mas de lá para cá, muita coisa mudou.
Acompanhei a luta do hoje senador Wellington Fagundes (PL-MT) em conseguir viabilizar a duplicação do trecho da Serra de São Vicente – o mais crítico de todos. Vi a detonação das pedras e as montanhas de cimento que foram usados naqueles quilômetros.
Depois, foi a vez de começar a duplicação de outros trechos. E lá se vão alguns anos nisso. E a cada ano, mais caminhões na rodovia levando nossos produtos para o terminal de cargas da Ferrovia Vicente Vuolo, que fica em Rondonópolis. Um emendado no outro. Como ultrapassar? Vi muitos acidentes, perdi amigos e lamentei que essa obra demorasse tanto a ser concluída.
Hoje, os 210 km deixaram de ser uma aventura arriscada. A duplicação trouxe não só rapidez (é possível fazer o trajeto em apenas 2 horas), mas segurança e conforto. Desde o Distrito Industrial de Cuiabá, até Rondonópolis, nada de filas de caminhões para atrapalhar, nem pista ruim (hoje, boa parte em concreto). Dá até para apreciar a paisagem. E se fosse permitido, daria para dirigir com uma única mão no volante.
É lógico que, como em qualquer situação, a atenção deve estar presente, mas a estrada atual nem de longe lembra o pesadelo que era viajar pela BR-163/364. Os acidentes diminuíram muito e centenas de vidas foram poupadas: o mais importante nisso tudo.
As obras não foram totalmente concluídas. Ainda faltam algumas travessias urbanas, como a de Jaciara. Em Cuiabá, as obras estão no Distrito Industrial e também não foram concluídas.
Para quem gosta de estrada, como eu, meu reconhecimento por uma obra tão importante. Boa viagem.
*Justina Fiori é jornalista em Mato Grosso
A metade de 100
Segunda-Feira, 21.07.2025 14h00
Briga de hipopótamo e taxação
Segunda-Feira, 21.07.2025 13h37
Débito ou Crédito?
Segunda-Feira, 21.07.2025 13h33
Rombo Bilionário no Banco Central
Segunda-Feira, 21.07.2025 13h31
Quinto Constitucional: Mais uma página que a advocacia
Segunda-Feira, 21.07.2025 13h28