Responsável pela cadela "regaceira", que foi atropelada por um motorista de ônibus na última segunda-feira (26) em Cuiabá, Adilson de Figueiredo Júnior relata os momentos de dor que tem passado após a morte do animal de estimação. "Não estamos conseguindo dormir pensando nessa cachorrinha", disse o tutor ao portal .

A cadela foi atropelada por volta das 16h, no bairro Jardim Buritis, em Cuiabá. Na data, uma câmera flagrou o exato momento em que o ônibus passa por cima do animal, que estava no meio da rua.

À reportagem, o tutor disse que cuida de animais de rua e frisou que é o único responsável pela alimentação, castração e demais demandas desse tipo de ação. Para Adilson, o atropelamento da cadela é "revoltante" e, por conta disso, ele garantiu que não deixará a situação ser esquecida.

"Ração, remédio, comida e castração é tudo eu. Ali não é uma linha de ônibus. Os cachorros que eu cuido moram na minha casa e também na rua. À noite, eu recolho eles para dormir, porque cachorro de rua não tem como controlar. Como eu sou defensor dos animais, eu não vou amarrar cachorro. Bicho não foi feito para amarrar. Lógico, cachorro bravo tem que ficar em casa, mas esses cachorros são dóceis", contou.

Ao portal, o tutor disse que aquela não seria a rua da linha do ônibus e alertou para a possibilidade de a ocorrência ter vitimado uma pessoa, devido ao fato de a via ser movimentada.

"A linha deles é a outra, que está toda esburacada, daí eles começaram a desviar a rota. Só que essa rua é muito movimentada por gente até um certo horário. Lá é um lugar plano, dava para o motorista ter visto o cachorro. Dava para ele ter freado e desviado", disse.

"Dava para ele esperar, foi tão doloroso. A gente não está conseguindo dormir pensando nessa cachorrinha. A minha esposa está em prantos de choro. Todo dia ela chora, porque ela era muito apegada na cachorrinha", acrescentou.

Crime

Após o atropelamento, o tutor da cadela tomou as devidas providências legais sobre o caso. Nesta quinta-feira (29), a Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema) ouviu tanto Adilson quanto o motorista do ônibus.

Segundo o advogado de Adilson, Carlos Rafael, a expectativa é que o inquérito avance para o indiciamento do motorista, que poderá ser enquadrado na nova lei que versa sobre direito dos animais.

"Inquérito aberto, acredito que agora vamos ter o encaminhamento do indiciamento. Que ele seja indiciado, que responda. Temos uma lei nova que foi aprovada no ano passado e aumentou a pena para maus-tratos", disse o advogado.

"No mínimo, houve negligência. 'Não vi o cachorro e atropelei', poxa, para o carro e desce para socorrer pelo menos. Não foi isso o que aconteceu", acrescentou.

Outro lado

A reportagem procurou a assessoria da Pantanal Transportes a respeito do ocorrido. Por meio de nota, a empresa pontuou que o motorista foi afastado de suas funções e passará por um treinamento de "reciclagem em direção defensiva".

Além disso, a Pantanal também lamentou o episódio e frisou que reprova qualquer tipo de maus-tratos aos animais. Veja o comunicado na íntegra a seguir.

"A Pantanal Transportes lamenta a fatalidade, ocorrida nesta segunda-feira (26), envolvendo um ônibus da empresa que atropelou um cão.  O incidente aconteceu no bairro Jardim Buritis, em Cuiabá, por volta das 16 horas. O coletivo que faz a linha 390 (Residencial Picolli/Centro) seguia sentido bairro, quando atingiu o animal que infelizmente não resistiu. No momento do acidente o ônibus trafegava com uma velocidade abaixo do permitido na via, aproximadamente 35km/h.

A direção da Pantanal Transportes informa ainda que assim que foi comunicada  do acontecimento, o motorista foi orientado a retornar a garagem da empresa para prestar esclarecimento. Ele foi afastado temporariamente da função e i encaminhado para treinamento de reciclagem em direção defensiva.

O condutor do ônibus trabalha na empresa há mais de dez anos, e nunca tinha se envolvido em acidente, e sempre apresentou uma conduta profissional exemplar. A Pantanal Transportes reprova qualquer tipo de maus-tratos aos animais."