Alvo da Operação W.O e preso no último final de semana em Maceió (AL), o tesoureiro geral do Comando Vermelho em Mato Grosso, Paulo Witer Farias Paelo, era um "ídolo" para jovens da região em que morava, em Cuiabá. O líder do tráfico de drogas em bairros da Morada da Serra, na capital, também deve sua ascensão na facção criminosa a sua relação próxima com o principal líder da organização criminosa no estado.

A decisão aponta que Paulo Witer Farias Paelo, o “Paulo Ita” ou “WT”, teria assumido a função de tesoureiro geral dentro do Comando Vermelho. Ele seria um "antigo conhecido" das forças de Segurança Pública e, desde que foi solto, vem ostentando publicamente a posse de veículos de luxo, estilo de vida regado a viagens, eventos e shows, de maneira incompatível com sua capacidade econômica.

A ascensão de Paulo Witer Farias Paelo dentro da organização criminosa se deu pelo fato dele ser um dos homens de confiança de Sandro da Silva Rabelo, o “Sandro Louco”, principal liderança do Comando Vermelho em Mato Grosso. Por conta de sua fidelidade ao grupo, "Paulo Ita" chegou a receber o apelido de “Fiel Coroa”.

Após sua soltura da Penitenciária Central do Estado (PCE), ele foi promovido dentro da facção para o posto de tesoureiro e contador geral. De acordo com as investigações, ele é o líder do tráfico de drogas na grande Morada da Serra e diversos outros bairros da capital, tendo também grande influência no Jardim Florianópolis.

Os investigadores apontaram inclusive, que quando ele foi solto da PCE, houve uma grande comemoração na região. “Sua função na estrutura criminosa é, em tese, associada à prática do tráfico de drogas na grande Morada da Serra e vários outros Bairros da Capital, possuindo, ainda, forte influência no Bairro Jardim Florianópolis, segundo o supramencionado relatório policial, tido como um ídolo aos jovens do bairro, região que organizou, inclusive, uma comemoração com queima de fogos quando de sua soltura da Penitenciária Central do Estado – PCE”, diz trecho da decisão.

Paulo Witer Farias Paello, conhecido como W. T, usava o time de futebol amador, "Amigos do WT", como forma de lavar dinheiro do crime organizado por meio da “lavagem do bem, ou seja, como forma de assistencialismo em bairros periféricos de Cuiabá". O tesoureiro do Comando Vermelho foi preso, juntamente com o centroavante do time, o jogador Alex Junior Santos Alencar, vulgo "Soldado", em Alagoas, na cidade de Maceió, no final de semana, durante um torneio de futebol.

Detalhes da atuação do criminoso foram reveladas pelos delegados que estão à frente das investigações da Operação Apito Final, deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Civil, na manhã de terça-feira (2) para cumprimento de 25 mandados de prisão e 29 de busca e apreensão, além da indisponibilidade de 33 imóveis, sequestro de 45 veículos e bloqueio de 25 contas bancárias dos alvos investigados num esquema de R$ 65 milhões.

A investigação da GCCO, realizada ao longo de dois anos, apontou que o alvo principal, recentemente posto em liberdade, utilizava diversas pessoas - entre amigos, familiares e advogados que atuavam como 'laranjas' - para adquirir imóveis, comprar e vender carros e atuar na locação de veículos com o dinheiro das práticas criminosas. Os mandados judiciais foram deferidos pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Capital (Nipo) e cumpridos em Maceió (AL) e nas cidades mato-grossenses de Cuiabá, São José dos Quatro Marcos e  Chapada dos Guimarães.