Política

Quarta-Feira, 11 de Junho de 2025, 14h38

CHOCANTE

Deputado exonera assessor que será julgado por morte de músico

Ele estava lotado no gabinete de Júlio Campos

MARIANA DA SILVA

Gazeta Digital

 

O ex-investigador da Polícia Civil, Kleber Ferraz Albuês, acusado de sequestro e assassinato de Thiago Festa Figueiredo, em dezembro de 2011, não faz mais parte da equipe do deputado estadual Júlio Campos (União). Kleber, que atuava desde 6 de fevereiro deste ano no gabinete do político como assessor parlamentar, foi exonerado no último dia 2 de junho. 

Conforme a assessoria de comunicação do deputado, Kleber teve sua exoneração efetuada ainda no começo deste mês, no entanto, ainda não consta em registros ou publicada no Diário Oficial, pois a publicação levaria em torno de 10 a 30 dias para ser efetuada, algo que, de acordo com a equipe, não depende dos gabinetes, pois integra todos os atos da secretaria parlamentar. Agora a questão está “nas mãos” do RH da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

 "Comunicamos que o Sr Kleber Ferraz Albues foi exonerado do cargo de assessor parlamentar deste gabinete, no dia 02 de junho de 2025", diz trecho da nota encaminhada pela assessoria jurídica do parlamentar.  

Ainda ontem (10) o GD noticiou que Kleber Ferraz Albuês deve ser submetido ao Tribunal do Júri juntamente de seu comparsa Hueder Marcos de Almeida, pelo sequestro e assassinato de Thiaga. A dupla deve enfrentar o júri no dia 27 deste mês, a partir das 9h no plenário da 1ª Vara Criminal. A decisão é da juíza Cristhiane Trombini Puia Baggio. 

A reportagem questionou a assessoria do deputado referente a lotação do acusado no gabinete, que informou, por meio de nota, que apoia as investigações e que assim que houver uma decisão judicial com trânsito em julgado sobre o caso tomará medidas legais. 

"O deputado Júlio Campos apoia todas as investigações e ações da Justiça referentes ao caso do Senhor Kleber Ferraz Albues. Assim que houver uma decisão judicial com trânsito em julgado sobre o caso, serão tomadas todas as medidas legais. Ressaltamos que o mesmo foi contratado neste Gabinete, em 03 de fevereiro de 2025, e no momento de sua admissão apresentou todos os documentos exigidos, inclusive Certidão Negativa Civil e Criminal, não havendo qualquer empecilho na sua contratação, que até o momento é resguardada pelo princípio Constitucional do contraditório", diz trecho da nota.  

Em checagem ao portal da transparência ainda consta que Kleber é servidor ativo do gabinete, lotado como assessor parlamentar, com salário de R$ 3,4 mil reais. No entanto, somente hoje a assessoria de imprensa informou que a exoneração foi pedida no início do mês. 

O caso

Thiago Festa Figueiredo e André Luís Francisco Bastosa teriam ido ao terminal rodoviário em 9 de dezembro de 2011 para comprar drogas e, após a aquisição das substâncias, foram surpreendidos pela Polícia Militar que os conduziu ao CISC/Norte e foram mantidos na cela para a lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

Após a liberação na delegacia, Thiago foi abordado por Kleber, que com, uma arma de fogo, o obrigou a dirigir o próprio veículo até a Clínica JKR e ao chegar no local, o jovem foi dopado em um local conhecido como “quarto 1408”, enquanto Kleber o ameaçava com a arma. Hueder preparou uma mistura de medicamentos que teriam sido ministrado à força em Thiago.

Segundo o MP, os denunciados “encobriram a verdade dos fatos e organizaram um teatro para desovar o cadáver da vítima e fazer parecer que havia ocorrido uma denúncia no plantão policial do denunciado Kleber de um mero encontro de cadáver a partir de uma ligação do denunciado Hueder”, cita. 

De acordo com denúncia do Ministério Público (MPMT), Thiago foi morto por motivo torpe, com emprego de droga e recurso que dificultou sua defesa, forçando-o a ingerir um composto de diversos medicamentos de uso restrito e controlado, sem qualquer autorização para ministrá-los, assumindo o risco de matá-lo.
 
Em seguida, Kleber, Hueder, e uma terceira pessoa ainda não identificada ocultaram o cadáver de Thiago às margens da estrada de acesso ao Distrito da Guia, no bairro Bandeira. Consta na denúncia que Kleber, enquanto funcionário público, prevalecendo-se do cargo, e Hueder inseriram declaração falsa em boletim de ocorrência lavrado em 10 de dezembro de 2011, articulando para que o caso fosse interpretado como “encontro de cadáver” e que a morte de Thiago era decorrente de uso excessivo de drogas.

Comentários (2)

  • Mario Ney |  11/06/2025 16:04:04

    Quem conhece o Governador e hoje Deputado Júlio Campos sabe de sua atitude de não compactuar com coisas erradas. Por isso sabia que ele iria exonerar esse funcionário envolvido em processo criminal. Parabéns pela atitude correta

  • Alencar  |  11/06/2025 14:02:40

    Só agora????Quanto tempo esse assassino estava aí no gabinete, autorizado por esse Deputado. Se a imprensa não falasse, ele ia continuar aí. Que se dane a família da vítima.

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