Política

Terça-Feira, 13 de Março de 2018, 11h47

PAGAMENTO DE PROPINAS

Estado abre processo contra "gigante da carne" e multa pode chegar a R$ 34 bilhões

Empresa está envolvida em fraudes milionárias investigadas na operação Ararath e Lava-Jato

DIEGO FREDERICI

Da Redação

 

O controlador-geral do Estado (CGE), Ciro Rodolpho Gonçalves, instaurou um processo de responsabilização contra a JBS – empresa multinacional de origem brasileira especializada na produção e comercialização de proteína animal. A oficialização do procedimento administrativo foi publicado na edição do Diário Oficial de Mato Grosso desta terça-feira (13). 

A JBS pode sofrer uma multa de até 20% do faturamento bruto da empresa em 2017. Considerando que em 2016 esse valor foi de R$ 170 bilhões, caso a organização consiga ao menos manter o fluxo de negócios, o valor cobrado pelo Estado de Mato Grosso pode chegar a R$ 34 bilhões.

O processo tem origem nos depoimentos de colaboração premiada do ex-governador Silval Barbosa (sem partido) no âmbito da "Operação Ararath". Ele declarou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que cobrou propina de Wesley Batista, um dos proprietários da multinacional, em troca da concessão de incentivos fiscais.

Wesley Batista, que também é delator, mas da "Operação Lava Jato", confirmou o pagamento de R$ 30 milhões ao ex-governador Silval Barbosa. Batista também deu outros detalhes sobre o esquema de propina.

Em depoimento à PGR no dia 5 de maio de 2017, Wesley Batista afirmou que o ex-governador ligou para ele “apavorado” pedindo que o empresário pagasse uma dívida de R$ 7,5 milhões que o então chefe do poder executivo possuia com a Agropecuária CarolMila Ltda, de Colíder (656 km de Cuiabá). O dinheiro deveria ser “abatido” da propina de R$ 30 milhões que a organização pagou a Silval.

Wesley explica que, coincidentemente, a JBS havia adquirido uma transportadora pertencente a Agropecuária CarolMila. Ele propôs, então, que os R$ 7,5 milhões fossem adicionados à aquisição da empresa e, ao mesmo tempo, abatidos da propina anual que a JBS pagava ao ex-governador de Mato Grosso, de R$ 10 milhões.

O caso ocorreu entre os anos de 2012 e 2014. Em 2015, a JBS pagou R$ 375 milhões ao Estado para compensar os valores do ICMS não recolhidos na gestão de Silval.

OUTRO LADO

Por meio de nota, a JBS afirmou que continuará colaborando com as investigações a respeito das fraudes relacionadas aos incentivos fiscais concedidos a empresa no Estado. Íntegra da nota:

"Sobre os fatos referentes a Mato Grosso, a companhia informa que os colaboradores já apresentaram informações e documentos à Procuradoria Geral da República e ao Ministério Público Federal no âmbito da investigação em curso e que estão sendo tratados dentro dos trâmites legais. Os colaboradores continuam à disposição para cooperar com a Justiça.”

 

 

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