Política

Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024, 19h37

LAVAGEM

Juiz mantém ação que investiga compra de fazenda por Silval e Riva

A propriedade, atualmente, está avaliada em cerca de R$ 500 milhões

LEONARDO HEITOR

Da Redação

 

O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, manteve uma ação que investiga o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), José Geraldo Riva, e o ex-governador Silval Barbosa, em relação a compra de uma fazenda em Colniza (1.065 km de Cuiabá). A propriedade, que possui 46 mil hectares, atualmente está avaliada em R$ 500 milhões e é alvo de uma disputa judicial, foi adquirida em 2012 pela dupla, com recursos que teriam sido oriundos de pagamento de propina por empresas.

Segundo a ação, José Geraldo Riva e Silval Barbosa decidiram adquirir em conjunto a Fazenda Bauru, de propriedade de Magali Pereira Leite. Para permanecerem como sócios ocultos, o ex-presidente da ALMT utilizou a empresa da família, a Floresta Viva Exploração de Madeira e Terraplanagem Ltda, para adquirir sua parte, enquanto o ex-governador fez o mesmo, em nome de seu primo, Eduardo Pacheco, que é advogado.

A Floresta Viva Exploração de Madeira e Terraplanagem foi utilizada pelos denunciados para pactuar contratos, realizar movimentações financeiras, adquirir bens de forma ilegal e receber valores não declarados ao fisco, tudo com a finalidade de promover a blindagem patrimonial e ocultar o proveito ilícito dos crimes praticados por José Geraldo Riva e seus familiares, que figuravam como sócios da empresa.

Para pagar sua parte, Silval Barbosa utilizou recursos oriundos do pagamento de propina feitos pelos frigoríficos JBS e Marfrig, referentes a concessão irregular de incentivos fiscais às empresas. Na colaboração premiada do ex-governador, foi revelado que eles pagaram R$ 10,2 milhões pela fazenda, tendo ainda que arcar com gastos para desocupar posseiros que estavam na área.

Na resposta a acusação, as defesas de José Geraldo Riva e de Silval Barbosa se limitaram a pedir que fossem observados os acordos de colaboração premiada firmados por ambos. Enquanto isso, o ex-secretário da Casa Civil, Pedro Jamil Nadaf, alegava a ausência de justa causa para o prosseguimento da ação penal, uma vez que ele não teria conhecimento da finalidade dos repasses que constituíram os delitos narrados na denúncia. Cabia a ele, segundo as investigações, fazer o pagamento das parcelas a Magali Pereira Leite.

Por sua vez, Janete Riva apontava a existência de bis in idem, ou seja, uma ação semelhante, investigando os mesmos assuntos, em tramitação na Quinta Vara Federal de Mato Grosso. Por fim, a defesa do advogado Eduardo Pacheco, primo do ex-governador Silval Barbosa, argumentava uma suposta ausência de justa causa para o prosseguimento da ação penal, uma vez que a inicial não teria demonstrado qual teria sido o delito antecedente ao de lavagem de capitais e o dolo específico de ocultar/dissimular valores.

Na decisão, o magistrado apontou que a investigação da Justiça Federal se dá em relação da prática dos crimes de constituição de organização criminosa e lavagem de dinheiro, por meio da constituição da empresa Floresta Viva Exploração de Madeira e Terraplanagem, possuindo como crimes antecedentes delitos tributários praticados pelos envolvidos e crimes contra o sistema financeiro nacional.

O magistrado também refutou a tese de inépcia da denúncia, tendo em vista que a acusação dividiu os fatos, demonstrando de onde eles se originaram, narrou todas as circunstâncias relativas aos crimes, fez menção a uma série de documentos comprobatórios e discorreu expressamente sobre cada um dos acusados na medida de suas imputações. No despacho, ele também agendou para junho a audiência de instrução e julgamento.

“Portanto, não tendo sido demonstrado pelos causídicos, com base em argumentação concreta, a deficiência material da denúncia que viesse a causar prejuízo à ampla defesa ou ao contraditório, assim obstaculizando o direito de defesa dos acusados, não há falar em inépcia da exordial, mesmo porque as alegações relativas à autoria, ao elemento subjetivo dos tipos penais, à incidência da lei penal e à adequação da narrativa inquisitorial com as provas produzidas dizem respeito ao mérito da demanda, o qual somente será aquilatado no momento processual oportuno para tanto. Por consequência, designo o dia 04 de junho de 2024, às 16h30min, horário de Mato Grosso, para a realização da audiência de instrução e julgamento”, diz a decisão.

Disputa judicial

Uma ação de rescisão contratual tramita no Poder Judiciário Estadual onde os antigos donos acusam Riva de um "calote" na aquisição da propriedade. O débito do negócio gira em torno de R$ 20 milhões, segundo os autos. José Riva, por sua vez, pede uma indenização de R$ 80 milhões caso perca a posse da fazenda. Em 2018, a área chegou a ser alvo da possibilidade de uma invasão por grupos armados, em que o MP-MT chegou a alertar sobre o risco de uma possível chacina.

Comentários (7)

  • Galdêncio  |  30/04/2024 11:11:47

    2 canalhas preferidos do Gilmar Mendes. Che gou a receber uma ligação cabulosa de apoio moral durante a uma batida em sua mansão. Tinhar que começar prendendo o líder dessa quadrilha que o Inácio da silve.

  • JORGE |  30/04/2024 07:07:50

    O POVO BRASILEIRO PAGA OS IMPOSTOS PARA SUSTENTAR OS ORGAOS PUBLICOS E RECEBERMOS EM TROCA TUDO QUE DESFAVORECE O BEM DO POVO , PODEM VER 90% DAS AÇOES DOS ORGAOES SAO CONTRARIO AO POVO , FAZEM DOS ORGAOS BALCAO DE NEGOCIOS COMO SE FOSSE DELES AINDA RECEBEM SUPER SALARIOS PARA AGIR CONTRA O POVO LHE PERGUNDO PRA QUE ESTAMOS PAGANDO ESSES SERVIÇOS BRASIL A FORA // ESTAMOS SENDO TRATATOS COMO IDIOTAS

  • 13/07 |  29/04/2024 22:10:28

    A maior frente fria que Cuiabá e mato grosso já teve foi há trinta e cinco anos atrás, quando dez ônibus do antigo expresso Maringá -PR, saiu da cidade de Maringá, com rumo a Cuiabá e MT. E, não é por acaso que o poder legislativo e executivo, foi e está ocupado por essa quadrilha de políticos ladrões sulistas. E o pior, juntou com a quadrilha de políticos cuiabanos, das famílias tradicionais corruptas da cidade, da elite dominante corrupta e dessa maldita direita bolsonariana. A Cuiabania e o estado de mato grosso merecem esses lixos, essas desgraças e esses esgotos de políticos bolsicopaticos sem escrúpulos.

  • Talisia |  29/04/2024 21:09:30

    POR ISSO QUE MEU PAI SEMPRE FALAVA QUE O ÚNICO LUGAR PARA OS EX-POLÃTICOS CORRUPTOS E LAVAGEM DE DINHEIRO PÚBLICO É NO PRESÃDIO FEDERAL COM PENA MÃNIMA DE 50 ANOS DE RECLUSÃO EM REGIME FECHADO.

  • Cidadão de Bem |  29/04/2024 21:09:03

    Sim, vai manter até prescrever!!!!

  • João Nunes |  29/04/2024 20:08:33

    Rolos e falcatruas intermináveis dessa dupla que roubaram os cofres públicos e ainda tem gente que apoia e aplaude.

  • Ocaradepau |  29/04/2024 20:08:04

    A RIVA OUTRA EM CARTAZ NÃO PERCA..... COM OUTROS TEMAS.... IMPRESIONANTE GENTE.

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