Política

Domingo, 08 de Maio de 2016, 22h30

503 CHEQUES

Postos pagam R$ 2,5 milhões para empresa de mulher de ex-secretário de MT

PC suspeita que valores sejam de propina por decreto que beneficiou grupo Martelli

RAFAEL COSTA

Da Redação

 

As investigações da Polícia Civil referentes a Operação Sodoma revelam que uma empresa aberta em nome da esposa do ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel Souza de Cursi, recebeu supostamente R$ 2,448.650 milhões de forma indevida de empresas do ramo de transporte. Ao todo, os repasses foram efetuados em 503 cheques.

Trata-se da M DE A Cláudio, que pertencia a Marnie de Almeida Cláudio, e foi constituída no dia 6 de julho de 2012, dois dias após Marcel de Cursi ser nomeado secretário de Estado de Fazenda pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Conforme trechos do inquérito policial ao qual FOLHAMAX teve acesso, a Polícia Civil suspeita que a empresa seja um estabelecimento de fachada usado para prováveis fins ilícitos.

Os pagamentos foram feitos entre agosto de 2012 e dezembro de 2013 pelas empresas Posto Taperão Ltda e Posto Siloeiro Ltda, ambas pertencentes ao grupo Martelli Transportes. O empresário Geni Martelli é réu em ação penal decorrente da Operação Ararath da Polícia Federal pela suspeita de lavagem de dinheiro. 

A suspeita é que o dinheiro seja resultado de propina por conta de benefícios concedidos em lei as transportadoras no período em que Marcel de Cursi exerceu a função de secretário de Estado de Fazenda. “Em relação ao recebimento dos cheques, foi possível efetuar uma correspondência entre estes com o decreto de nº 924/2011 e 1.642/2013, que alteraram o decreto nº 2.683/2010, responsável por permitir que o segmento das transportadoras do Estado de Mato Grosso conforme o caput do artigo 2º (decreto 2.683/2010), poderiam aproveitar em sua conta gráfica o valor nominal do crédito do imposto retido na aquisição de óleo diesel, sendo que o inciso V estabelece que a empresa teria que utilizar o crédito apropriado exclusivamente para aquisição de óleo diesel mediante emissão de nota fiscal de transferência, limitada a razão da décima segunda parte do montante apropriado, ou seja, 1/12”, diz um dos trechos. 

De acordo com as investigações, a empresa da esposa de Marcel mantinha cinco contas bancárias ativas e recebeu o montante global de R$ 3,536 milhões no período de 2012 a 2014, sendo que os dois postos do grupo Martelli foram os principais "clientes". De acordo com o inquérito da Polícia Civil, "as quantias recebidas sempre foram fracionadas em valores abaixo de R$ 5 mil para dissimular o valor total da movimentação". 

Enquanto as transportadoras usufruíam dos efeitos das leis, os pagamentos foram frequentes nas contas bancárias, totalizando a quantia milionária. “Efetuando um paralelo com cheques recebidos, percebe-se que estes começaram a ser creditados nas contas da empresa M DE A Claudio EPP logo após a nomeação de Marcel de Cursi a secretário de Estado de Fazenda e subsequente abertura da empresa, ou seja, no mês de agosto de 2012, sendo que nesta época estava vigente o decreto nº 924/2011. Após o término da fruição do decreto mencionado – dezembro de 2012 – houve uma breve pausa no recebimento dos cheques oriundos do grupo Martelli. Posteriormente ao início da transferência (fruição) do decreto 1.642/2013 – março de 2013 – os cheques voltaram a ser creditados nas contas da aludida empresa a partir de maio de 2013”, explica o relatório da Polícia Civil.

Conforme constava na Classificação Nacional de Atividades Econômicas, a empresa prestava serviço combinado de escritório e apoio administrativo, arquivamento e documentos, serviços de profissionais liberais, centro de serviço de apoio às empresas, escritórios virtuais, serviço de organização de arquivo, serviço de preparo de folha de pagamento e serviços administrativos para terceiros. No entanto, não há registros de que essas atividades tenham, de fato, sido prestadas.

A empresa está localizada em um apartamento no bairro Jardim das Américas, apartamento 301, Edifício Acaiaca e chamou atenção do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) pela movimentação financeira considerada atípica. 

 

 

 

 

 

 

Comentários (8)

  • BESOURO |  09/05/2016 20:08:58

    POVO PEITUDO! pior que vc vai receber uma nota de serviço de 5 mil é uma balela, sai mais caro receber do que o serviço prestado. Mas 2. 500,000,00 pode roubar "di boa" né.

  • Eulalia |  09/05/2016 15:03:47

    E essa esposa num tá presa por quê??

  • Francis |  09/05/2016 10:10:31

    A pessoa conseguiu uma proeza: fez a arrecadação de MT cair em relação ao PIB durante a década de ouro da economia, rifou a própria carreira dele, porque achou que ia para o TCE, e agora destruiu a própria família. Tudo em que ele mexe vira desgraça. E dizem que ele é muito inteligente.

  • Maria ll |  09/05/2016 10:10:17

    Caracaaaa, esses nadaram de braçadas, apeia no CCC

  • mario olimpio |  09/05/2016 09:09:52

    Maria, voce deve incluir então o governo do Taques porque ele manteve esses mesmos postos sem licitação no governo atual.

  • renaton |  09/05/2016 09:09:16

    Prender só não basta, o que deixa um corrupto desesperado é pegar o dinheiro que ele roubou, tostão por tostão.

  • juliano |  09/05/2016 09:09:05

    O Marcel manteve, por um bom periodo, no site da SEFAZ a sua propaganda de advogado tributarista, muito embora fosse impedido de advogar, mas o certo é que fazia defesas administrativas para o CONFAZ que presidia. Quase todos FTE´s sabem disso. O Sr. João Rosa confirmou na delação que ele se propôs a "defende-lo". A advocacia administrativa e o trafico de influencia configuram crime: arts. 321 e 332 do Código Penal. Quando esta linha for investigada, certamente ele ficará seculos na prisão. O homem é mais fera do que parece....

  • Maria |  09/05/2016 07:07:50

    Verdadeira quadrilha de ladroes. Tem que ressarcir o erario urgente e investir em educaçao e saude. Prisao perpetua para essa cambada de ladroes. Esses tinham que passar no cadeia neles. Ai a sociedade hipocrita chamam esses ladroes de pessoas de bem. Mas esses estao no alfhavile. Florais e outros chique feitos com dinheiro publico. Cambada de vagabundos.

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