Em meio ao clima tenso provocado pela Operação Perfídia, que afastou dois vereadores da Câmara de Cuiabá, o prefeito Abilio Brunini (PL) compareceu ao Legislativo nesta terça-feira (29) para pedir pela votação de projetos prioritários, incluindo mudanças na gestão da Empresa Cuiabana de Saúde Pública. Sem comentar diretamente a operação, que investiga suposto esquema de corrupção envolvendo propina em dinheiro vivo envolvendo os vereadores Sargento Joelson (PSB) e Chico 2000 (PL), correligionário de Brunini, o gestor reconheceu o desgaste da imagem do Legislativo.

No entanto, ele defendeu a urgência das pautas, principalmente na área da saúde. "A gestão continua e temos problemas urgentes, como medicamentos e gestão hospitalar. Então, eu acredito que eu preciso conversar com os vereadores, eu vim aqui justamente por esse motivo, porque essas mensagens são importantes para a gente tê-las aprovadas. Não podemos paralisar a Câmara por causa disso", afirmou.

O prefeito descartou adiar a votação, argumentando que os projetos do Executivo não têm relação com o caso. Brunini evitou detalhes sobre a operação, alegando desconhecimento. "É algo grave, mas eu estou acompanhando só pela internet, o que vocês [imprensa] estão publicando. Acho que também está faltando informação para que publiquem com mais detalhes. Como vou comentar uma coisa assim que eu não sei”, indagou.

Por fim, Brunini reconheceu o desgaste da imagem do Legislativo, mas evitou fazer juízo de valor. “Eu sei que é uma coisa que a imagem da Câmara fica desgastada mais uma vez, mas eu não sei os motivos. Eu estou vendo que tem uma acusação de corrupção, agora mais detalhes eu não tenho”, declarou.

OPERAÇÃO PERFÍDIA

A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (DECCOR), deflagrou, nesta terça-feira (29), a Operação Perfídia, com o objetivo de investigar crime de corrupção na Câmara Municipal de Cuiabá, envolvendo a empresa responsável pelas obras do Contorno Leste.

Ao todo são 27 ordens judiciais, sendo mandados de busca e apreensão, quebra de sigilo de dados telefônicos e eletrônicos, além de sequestro de bens, valores e imóveis, em desfavor de cinco investigados. Dois alvos são vereadores, que estão sendo afastados do exercício parlamentar por determinação da Justiça. Um empresário e dois funcionários da empresa envolvida são os demais alvos da operação.