Cidades Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 12h:53 | Atualizado:

Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 12h:53 | Atualizado:

CASO RENATO NERY

Advogado morto foi acusado de fraudar documento e ameaçar família em MT

Queixa-crime de 2002 é assinada pelo advogado Antônio Júnior, representado por Nery em junho

LEONARDO HEITOR
Da Redação

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

RENATO-ANTONIO (1).jpg

 

O advogado Renato Gomes Nery e seu sócio, Luiz Carlos Salesse, foram alvos de um boletim de ocorrência e de uma queixa-crime, propostos por Wilma Terezinha Destro Fernandes. Um dos advogados que assina a denúncia feita em 2022 é justamente Antônio João de Carvalho Júnior, que foi representado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mato Grosso por desvio de conduta ética 18 dias antes de ser morto.

Wilma afirma, nos documentos obtidos pelo FOLHAMAX com absoluta exclusividade, que três capangas do jurista, morto na última semana, teriam ido até sua casa para forçar a venda de uma propriedade rural de 12 mil hectares, que é alvo de uma disputa judicial. A área em questão possuía 12.413 hectares, na região do Projeto Itaquerê e teria sido adquirida em 1982.

Renato Gomes Nery foi contratado para atuar no caso em outubro de 1988, quando o processo tramitava em Barra do Garças. Desde então, se iniciou uma disputa que envolveu supostas irregularidades em assinaturas, invasões de terra e ocupação por posseiros.

No boletim de ocorrência, feito em 1º de junho de 2022, Wilma Terezinha Destro Fernandes narrou que no dia anterior, três homens foram à porta de sua casa em um Jeep Compass, tendo sido atendidos pela filha dela, Lucimara Fernandes Garcia. À ocasião, o trio disse estar em Sertãozinho (SP), local onde ela mora, em nome de Renato Gomes Nery e de Luiz Carlos Salesse, para comprar a área rural de propriedade dela na cidade de Novo São Joaquim, em Mato Grosso.

Como resposta, foi repassado a eles que nada teria a ser vendido para a dupla, e que a situação referente a área rural seria resolvida na Justiça, e que eles deveriam procurar o seu advogado em Cuiabá. O trio, então, em tom ríspido, teria dito que a mulher deveria entregar suas terras “por bem ou por mal” e que na próxima vez que eles fossem até a sua residência "a conversa seria diferente", e que eles já sabiam onde toda a família dela morava.

O boletim de ocorrência narra ainda que, por conta das ameaças, Lucimara chamou seu marido, Emerson Luis Garcia, que os interpelou e disse que chamaria a polícia caso não saíssem da porta da casa ou se voltassem posteriormente. Na queixa-crime, proposta em junho de 2022, Wilma Terezinha explicou que foi casada com Manoel Cruz Fernandes sob o regime de comunhão universal de bens, entre 31 de dezembro de 1959 até a morte dele, em 27 de março de 2009.

No documento, ela aponta que em 15 de março de 1982, ela e seu esposo adquiriram de Izaias Galvão dos Santos a posse de uma área de terras de 12.713 hectares, situada no município de Novo São Joaquim, onde passaram a residir. Posteriormente, naquele mesmo ano, Maria Selma Valóes propôs uma ação de reintegração de posse de uma área de 5,3 mil hectares, do total da propriedade, processo este julgado procedente.

Com isso, da área inicial de 12,7 mil hectares, restaram 7.413 hectares. No entanto, na ação de cumprimento de sentença, foi pedida a posse de toda a propriedade, além dos 5,3 mil hectares alegados.

DOCUMENTO FALSO E PRESTÍGIO

Uma perícia apontou que o restante da área rural não cabia a Maria Selma Valóes e foi determinada a restituição da propriedade dos 7,4 mil hectares para Wilma Terezinha Destro Fernandes. No entanto, a mulher alega que a restituição dos 7.413 hectares estaria sendo frustrada em razão da “inescrupulosa e ilícita apropriação” realizada por Renato Gomes Nery e Luiz Carlos Salesse, inclusive com uso de documento falso.

Eles teriam juntado ao processo este material, retratando que Manoel Cruz Fernandes e a esposa o teriam "transferido” os direitos litigiosos de posse sobre a área objeto da restituição judicial. “Cumpre salientar que ao que tudo indica, a noticiada fraude fora arquitetada e executada por Renato Gomes Nery com amparo na advocacia que exerceu na referida demanda em nome da Noticiante e do seu esposo, cujo instrumento de procuração lhe encorajou a fabricar uma inexistente cessão de direitos possessórios na vã tentativa de assenhorar-se do patrimônio do falecido constituinte e sua idosa e hipossuficiente esposa. Importante registrar que o Noticiado Renato Gomes Nery é advogado que milita há muitas décadas no Estado de Mato Grosso. Revestido desse ‘crédito social’, engendrou mecanismo fraudulento para causar prejuízo a Noticiante e seu esposo por não vislumbrar que as vítimas descobririam sua ilícita artimanha”, diz trecho do documento.

A mulher narrava ainda que Renato Gomes Nery se utilizava do “prestígio social”, que só ele acreditava ter, para tentar intimidar suas vítimas, advogados e até membros do Judiciário, quando vão na contramão de suas investidas ilícitas. Uma perícia da Politec concluiu que as assinaturas contidas nos documentos de cessão de direitos possessórios atribuídas a Manoel Cruz Fernandes eram falsas.

Ficou assim comprovado que de Renato Gomes Nery e Luiz Carlos Salesse teriam ‘fabricado’, de forma criminosa, o material para poderem se apropriar das áreas rurais pertencentes ao casal. Foi após esta constatação que o trio teria ido até a residência de Wilma, em Sertãozinho, para ‘forçar’ a venda, ameaçando a família da viúva.

O carro que foi utilizado pelo trio estava registrado em nome da empresa FS Agropecuária Ltda de propriedade de Luiz Carlos Salesse. Na queixa-crime, a mulher denunciava um suposto crime de extorsão, pedindo a instauração de Inquérito Policial para aprofundar as investigações e apurar, inclusive, a identificação dos outros autores do fato.

Morto no último sábado (6), após ter sido alvo de um atentado a tiros na manhã de sexta-feira (5), o advogado Renato Gomes Nery fez uma representação junto à Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT), onde pedia a investigação de um colega de profissão. No documento, ele citava justamente a disputa judicial referente a propriedade rural de mais de 12 mil hectares, que tramita há 40 anos, e também lembra a execução do também advogado Roberto Zampieri, ocorrida em dezembro de 2023, em circunstâncias semelhantes.

A representação disciplinar formulada por Renato Gomes Nery pedia uma investigação contra o também advogado Antônio João de Carvalho Júnior, onde narrava uma disputa judicial que já dura 40 anos. No documento, o jurista morto no último sábado (6) aponta que o imbróglio se trata de uma ação de reintegração de posse, proposta por uma mulher contra o cliente do seu colega de profissão.

Na denúncia, Renato Nery cita dezenas de pessoas de fazerem parte de um complô para tomar área na cidade de Novo São Joaquim. São destacados nomes de desembargadores, juízes, advogados, filhos de magistrados, empresários do agronegócio, além de um ex-secretário da Casa Civil no Governo de Mato Grosso que hoje atua como advogado em Brasília (DF).

O documento, de 26 páginas, foi encaminhado para a presidente da OAB-MT, Gisela Alves Cardoso, três semanas antes do assassinato. Na representação, Renato Gomes Nery explica que foi contratado para atuar no caso em outubro de 1988, quando o processo tramitava em Barra do Garças.

Na petição entregue a OAB, Renato Gomes Nery cita até mesmo a morte do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, na porta de seu escritório. Ele aponta ainda que Antônio João de Carvalho Junior seria proprietário de um “escritório do crime”, com a participação de outros juristas.

O advogado Renato Gomes Nery, ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), morreu na madrugada do dia 6 de julhoi, após sofrer uma tentativa de homicídio na manhã do dia 5 de julho, em frente ao seu escritório na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Ele tinha 72 anos de idade e foi alvejado ao menos por dois tiros dos sete disparados por dois homens que estavam na calçada da movimentada avenida.

Imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que Renato caminha até a porta do escritório e, em seguida, é atingido por disparos e cai no chão. Os suspeitos dos disparos não foram localizados. O celular de Renato também foi apreendido. Ele tinha uma atuação intensa em disputas bilionárias por terras no Estado.

Renato foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e conselheiro Federal da OAB, na gestão 1989 – 1991.





Postar um novo comentário





Comentários (7)

  • Não há maldição sem causa.

    Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 18h17
  • E agora será que a oab ( minusculo mesmo|) vai se pronunciar ? Falar sobre "ataques aos operadores de direito" ? ; etc. etc? E tem mais ; esse que foi para Brasilia "advogar" é algo mesmo interessante. Deixar carreira na PM para ir para aquelas bandas , aventurar na advocacia num local onde só existem cobras criadas..... Deve ter muita coisa boa por lá mesmo.
    0
    0



  • Cavalo Louco

    Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 17h46
  • Das 12.413 Hec levou o que vou e todos irão levar ;" 7 Palmos é a parte que nos toca " .... Uma cova rasa nem larga e nem funda ... É a parte que nos toca deste latifúndio " !!!
    1
    0



  • Cuiabano

    Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 17h45
  • Tal advogado quer ser esperto pagou com própria vida, depois OAB MT quer dar porte arma,depois imagina tanto playboy advogados vão sair matando gente, depois quer sair impune, porque meu pai amigo de juiz etc...2 advogados que morreu não morreu de graça alguma coisa fez ninguém morre de graça ...
    4
    3



  • REIS

    Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 15h55
  • O problema quando você encontra um cara mais "experto" que você, dai ocorre isso dai.
    2
    2



  • Antônio

    Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 14h56
  • Tô falando... A maioria dos adevogados se envolvem com a marginalidade, facções e tal... Dão os mais variados golpes.... Sua execução é somente consequência dos seus atos.... Com com porcos se envolve come lavagens....
    18
    3



  • nero

    Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 14h30
  • Demorou ! - A esperteza sempre come o esperto, e por falar em ex secretário da casa civil, agora adevogando em brasília, será que éra dos mandatos de BM !? - Será EN !?
    18
    1



  • Luciano

    Sexta-Feira, 12 de Julho de 2024, 14h14
  • Todo mundo depois que morre vira santo?
    17
    3











Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet