Após ser alvo da PF, coach fecha "farmácia ostentação" na Avenida do CPA

Local onde funcionava drogaria de 'gênio da lâmpada'

Denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT) pelo crime de lavagem de dinheiro, supostamente para a facção criminosa Comando Vermelho (CV), o 'coach' e empresário Agner Luiz Pereira de Oliveira Soares, proprietário da rede de drogarias Bom Preço, fechou uma unidade logo após ser alvo da Operação Ragnatela, deflagrada pela Polícia Federal em junho deste ano. Conforme averiguado por FOLHAMAX, o local onde funcionava o estabelecimento, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, a Avenida do CPA, em frente à sede da PF, foi fechado há poucos dias e está disponível para locação. 

Agner é suspeito de "rentabilizar" os lucros obtidos com os shows e tráfico de drogas por parte dos membros da facção. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão em sua residência no condomínio de luxo Belvedere, na região do Coxipó, na Capital, no dia 5 de junho. 

Três meses após a operação, o local onde funcionava a drogaria, inaugurada no início de março deste ano, encontra-se fechado. Trata-se se um imóvel de 550 metros quadrados de cobertura, com 1.250 metros de terreno e vagas para 40 veículos, com frente para a Avenida do CPA e saída pelos fundos. Por ora, a frente do espaço tem servido de 'abrigo' para prestadores de serviços da obra do BRT (Ônibus de Trânsito Rápido) descansarem, conforme registrado por FOLHAMAX nesta sexta-feira (18).

 

Vale destacar que a rede de drogarias já tinha outras unidades em Cuiabá antes de abrir a "farmácia ostentação" da Avenida do CPA, que foi fechada sete meses após sua inauguração. 

Além disso, Agner é dono de veículos luxuosos como Dodge RAM e um Camaro de cor branca que estava adesivado com a logomarca da farmácia e ficava estacionado em frente ao local fazendo propaganda para o estabelecimento. À época, Agner Luiz não chegou a ser preso, mas teve o Camaro apreendido e deixado no pátio da Polícia Federal por alguns meses.  

No entanto, a reportagem observou que desde o dia 4 de outubro o veículo luxuoso não se encontra mais no local. Ao consultar o processo que pede a restituição do bem, foi verificado que o pedido do empresário Felipe de Matos Calhao, que afirma ser o legítimo dono do veículo, segue estagnado na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, sem qualquer decisão. Com isso, não há informações sobre o motivo de o Camaro ter "sumido" do pátio da PF.

Nas redes sociais, Agner se apresentava como empresário e investidor, além de ostentar uma vida de luxo com a família. Ele também era conhecido ainda como "gênio da lâmpada" e seria responsável por ‘lavar’ dinheiro do Comando Vermelho, além de fazer os lucros da organização criminosa renderem através de ações como empréstimo a juros acima de 10%.

 

RAGNATELA - Conforme investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (Ficco-MT), os criminosos participavam da gestão de casas noturnas em Cuiabá. Com uso dessa estrutura, o grupo passou a realizar shows de cantores nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.

As investigações apuraram que os acusados repassavam ordens para a não contratação de artistas supostamente da facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC) sob pena de represálias deliberadas pela facção criminosa. 

A organização criminosa contava com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, que agiam sem observância da legislação de posturas e recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.

Durante as apurações, identificou-se também esquema para a introdução de celulares dentro de presídios bem como a transferência de lideranças da facção para estabelecimentos de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado que se encontrava em liberdade.