Victor Ostetti | MidiaNews
Bate-boca, acusações e ofensas. Foi assim que ocorreu a primeira audiência de instrução na ação penal que tem como réus Antônio Gomes da Silva, 56 anos, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, de 53 anos, e o coronel do Exército, Etealdo Luiz Caçadini, de 68 anos, que estão presos pela morte do advogado Roberto Zampieri, de 57 anos assassinado a tiros em dezembro de 2023 no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. A audiência foi conduzida pelo juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá e teve pedido de adiamento negado pelo magistrado.
Quem tentou adiar a audiência foi a defesa de Hedilerson, que é CAC (caçador, atirador e colecionador), apontado como intermediário e dono da pistola calibre 9 milímetros que matou Zampieri. O advogado Nilton Ribeiro de Souza, alegou que não teve acesso a elementos comprobatórios sobre a participação de seu cliente e pediu a suspensão, negada pelo juiz após ouvir o Ministério Público Estadual (MP-MT). O magistrado entendeu ser uma 'manobra' para postergar o julgamento.
Etevaldo Luiz Caçadini, apontado como financiador do crime, é defendido pela advogada Sarah Quinetti Peroni, a conhecida como a "Rainha do Habeas Corpus'. Ela acusou o delegado Nilson Farias, que esteve a frente das investigações do caso na Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), de utilizar métodos de tortura nos interrogatórios dos réus.
"O senhor tem ciência de que eles [réus] foram interrogados com agressões verbais e psicológicas, além de serem ameaçados de ir para a ala da facção criminosa Primeiro Comando da Capital caso não falassem sem advogados? O senhor tem ciência de que eles passaram por essa tamanha covardia", questionou a defesa. O delegado negou.
A atuação de Quinetti foi detonada por um promotor do Ministério Público por fazer, segundo ele, questionamentos que "não levariam a nada". A advogada, por sua vez, não ficou quieta. "O senhor me respeita que nós estamos tratando de um caso de suma importância e Nilson é uma chave fundamental para defesa. Estou trabalhando dessa forma, minha defesa é essa. Aqui não tem conversa de boteco. É de suma importância saber se o delegado foi em Belo Horizonte (MG), quando foi, se foi investigada a vida do meu cliente que está sendo acusado de financiador de um crime", disparou a advogada.
Polêmica, antes da audiência a jurista declarou ao site Olhar Direto que seu cliente está preso por ser apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Nós consideramos o coronel Caçadini um homem que serviu à nação brasileira por mais de três décadas, um preso político. Hoje é um preso político por conta disso [ter apoiado Bolsonaro], porque ele tinha diversas frentes em vários estados. Ele não tem ligação com essa barbaridade que aconteceu. É um homem que chegou no mais alto patamar da corte, sem nenhuma infração, nenhuma penalidade, muito respeitado em todo o Brasil”, disse.
Ainda na audiência, foi revelado que o sócio de Zampieri, o advogado José Sebastião de Campos Sobrinho, quem apontou o primeiro suspeito do crime, o atirador Antônio Gomes da Silva que havia deixado seu número de telefone com ele. Em Mato Grosso, Zampieri atuava em causas agrárias. "Antônio era uma figura diferente que apareceu na vida do Zampieri nos últimos meses, falando que tinha um sobrinho no Texas que estava procurando uma terra em Mato Grosso para comprar, pois o clima era bem parecido", relembrou Farias em depoimento.
O CASO - Roberto Zampieri foi assassinado na noite do dia 5 de dezembro de 2023, em frente ao seu escritório no bairro Bosque da Saúde, na Capital. Ele estava dentro de uma picape Fiat Toro quando foi atingido pelo executor com diversos tiros de pistola calibre 9 milímetros.
Antônio Gomes foi preso na cidade de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Também foram presos o instrutor de tiro, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, suspeito de intermediar o crime, e dono da arma usada, além do coronel do Exército, Etevaldo Caçadini, que teria financiado o homicídio. Posteriormente, em outro inquérito da Polícia Civil, o produtor Anibal Manoel Laurindo, foi indiciado como mandante e preso no dia 11 de março deste ano.
Ele foi solto apenas cinco horas depois após a audiência de custódia. Além dele, sua esposa, Elenice Ballarotti Laurindo, e seu irmão José Vanderlei Laurindo também eram suspeitos de terem mandado matar o jurista após uma disputa de terra no valor de R$ 100 milhões, em Paranatinga. No entanto, apenas o produtor rural foi indiciado pelo crime.
Jonas
Terça-Feira, 23 de Julho de 2024, 07h05Comentarista
Terça-Feira, 23 de Julho de 2024, 06h57Moraes
Segunda-Feira, 22 de Julho de 2024, 20h52Advogado Criminalista
Segunda-Feira, 22 de Julho de 2024, 20h29João cuiabano de nascimento
Segunda-Feira, 22 de Julho de 2024, 19h43Emilio da costa
Segunda-Feira, 22 de Julho de 2024, 19h01