O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Alessandro Borges Ferreira, revelou que está sendo feita a reconstituição do treinamento bombeiro militar que levou a morte do soldado aluno Lucas Veloso Peres, de 27 anos. Ainda não foi definida uma data exata para a realização da reconstituição. O jovem morreu no dia 27 de fevereiro após testemunhas relatarem que ele foi torturado e afogado em treinamento na Lagoa Trevisan, em Cuiabá .
Segundo o comandante, desde a morte do soldado, as partes envolvidas estão afastadas para que a causa do falecimento possa ser investigada. No Corpo de Bombeiros, o Coronel Dércio Santos da Silva está a frente das apurações.
"O inquérito policial militar está andando dentro do prazo, sendo feito todo o possível para apurar os fatos concretos e a verdade com a participação dos advogados de todas as partes e tenho certeza que até o final do prazo, teremos um resultado", disse o comandante-geral.
Apesar da apuração, o comandante relata que ainda não há uma data definida para a reconstituição do treinamento que levou à morte do rapaz.
Diante da repercussão que o caso tomou, o governador Mauro Mendes (União) chegou a implantar um decreto obrigando que os treinamentos para formação de oficiais das Forças de Segurança de todo o estado sejam totalmente gravados. O registro dos treinamentos do Corpo de Bombeiros e Polícia Militar devem respeitar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
As imagens captadas devem ser armazenadas em um ambiente seguro e protegido, garantindo a integridade e disponibilidades de dados. Questionado sobre o decreto, Alessandro afirmou que apoia a medida, que visa resguardar a segurança nos treinamentos.
"Inclusive já elaboramos a portaria para pormenorizar o decreto do governador justamente para que siga a determinação. Tudo que venha para agregar para os nossos cursos de formação ou de especialização é importante adotarmos", destacou o comandante.
Acusações após a morte
A morte do jovem gerou comoção e revolta, uma vez que alunos do curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros acusaram, em um grupo de WhatsApp, que o soldado foi vítima de "caldo" - um ato de afundar a cabeça da pessoa para testar sua resistência.
Além disso, no dia anterior, outro aluno que participava do treinamento por pouco não morreu afogado e implorou pela vida enquanto era submetido aos "caldos" pelo oficial do Corpo de Bombeiros. A vítima, desesperada para tentar escapar das sessões de afogamento, chegou a rasgar a camiseta do oficial ao se agarrar a ele. Essas testemunhas serão arroladas para serem ouvidas, bem como os bombeiros militares que acompanhavam o treinamento no dia do fato.