Cidades Sábado, 02 de Agosto de 2025, 15h:26 | Atualizado:

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SOLIDARIEDADE

Casal pede ajuda para cumprir promessa a protetora de animais

 

MARIANA LENZ
Gazeta Digital

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Rua da Esperança, número 25, bairro Cidade Alta, em Cuiabá. A residência situada neste endereço abriga cães e gatos resgatados das ruas em um ato que remete ao próprio nome da via: esperança. A ação, iniciada pela antiga moradora, Hortência Júlia Aguiar, 75, falecida em 26 de dezembro de 2024, hoje é continuada por um casal de amigos, Nair Ana Rodrigues e Luciano Hernandes Franco Ziliani. No entanto, este ato de bondade está ameaçado.

Isso porque a residência onde dona Hortência, conhecida no bairro por alimentar animais de rua e acolher em casa aqueles que conseguia, não está em seu nome. Sem filhos e solteira, a idosa morava na casa de seu pai. Com a morte do genitor, ela permaneceu no espaço até seus últimos dias junto dos pets.

Sem parentes na Capital, a idosa foi cuidada pelos amigos e vizinhos, sobrevivendo de sua aposentadoria e por doações dos vizinhos com valores, alimentos e ração para os bichinhos. Com um câncer em fase terminal, lutou até onde pode com o tratamento no Hospital de Câncer.

Ao , Nair Ana conta que a amiga, a quem ela cuidou enquanto também fazia as funções de sua casa, da empresa e outros trabalhos, teve o último suspiro em seus braços quando era levada ao hospital de carro. O último pedido: que continuasse a cuidar dos cães e gatos.

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“Nós nunca deixamos de cuidar dos animais. Nunca. Eu prometi para ela. Ela falou: ‘Olha, eu não vou partir em paz se você não me prometer que não vai deixar esses meninos meus desamparados’. Eles foram a vida dela, ela deu a vida dela por eles. Ela deixou de se cuidar para isso”, recorda com tristeza a cuidadora.

Nair cita que conheceu a dona Hortência vendo a senhorinha andar pelas proximidades da Arena Pantanal empurrando um carrinho com ração para os animais e encontrou nela uma grande amiga. Mesmo não sendo parentes, na pandemia ela e o esposo faziam compras para a idosa e ajudavam com afazeres da casa, na limpeza do ambiente e trato dos pets. Contudo, o estado de saúde foi se agravando até sua morte.

Desde então, Nair menciona que ela e o esposo têm tratado dos animais conforme pedido da idosa, indo diariamente ao local e tirando do próprio bolso para arcar com os gastos de mais de R$ 3 mil mensais em ração, fora castrações, medicamentos, vacinas e exames que os pets demandam.

Porém, no dia 25 de julho, parte dos animais foi levada em uma ação que, segundo casal, teria ocorrido em nome do Ministério Público (MPMT), mas promovida pelo Bem Estar Animal, da Prefeitura de Cuiabá, com apoio da Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema). O ato foi fruto de um processo judicial movido por um vizinho do local alegando “perturbação do sossego e maus-tratos”.

O casal alega que servidores da pasta e policiais adentraram o espaço para retirada dos bichos sem apresentar explicitamente uma ordem judicial. Na data, foram levados 9 cães e 5 gatos. Ficaram para trás ainda 5 cachorros e 11 felinos. Posteriormente, no mesmo dia, foi apresentada a eles uma manifestação do Ministério Público datada de 13 de junho, assinada pela promotora Ana Luiza Peterlini, na qual requisitava adoção de providências para remoção dos animais e fixava prazo de 15 dias para resposta.

Contudo, na decisão do dia 11 de julho, da juíza Ana Paula da Veiga Carlota Miranda, da 3ª Vara Cível de Cuiabá, determinou o prazo para remoção em até 10 dias. Embora a documentação não tenha sido formalmente apresentada no ato, em tese, o casal teria até dia 31 para retirada, já que Luciano Franco foi oficialmente intimado em 21 de julho, contando desta data o prazo legal para realocar os animais. A ação ocorreu antes do previsto, no dia 25.

Nair e Luciano reconhecem que não são donos do terreno e que só têm acesso ao local para tratar os bichos que eram da dona Hortência a pedido da idosa. Na realidade, desde o falecimento da antiga moradora, o casal vem tentando realocar os animais para outro espaço, para cumprir o último desejo da amiga e deixar o terreno livre para os herdeiros. Porém, imprevistos aconteceram. A falecida moradora não teve filhos, mas familiares reclamam o imóvel.

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Nair narra que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no início deste ano, ficando dias internada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e posteriormente em cadeira de rodas, sem andar e muito debilitada. Coube ao esposo cuidar dela e, ao mesmo tempo, se desdobrar no trato com os animais e no trabalho. Mesmo com as dificuldades, foram se adaptando para não deixar os pets desassistidos, indo diversas vezes ao dia dar alimento, água e limpar o local.

Diante do agravamento da situação financeira, a saída do local foi adiada, mas não descartada. O casal defende, que, ao contrário do que foi divulgado e alegado pelo vizinho no processo, os pets não eram maltratados e estavam com peso ideal, vacinados e com medicamentos em dia. Citam ainda que, formalmente, nunca receberam dentro do local autoridades constituídas para uma vistoria que atestasse irregularidades. Eles ainda questionam a alegação de maus- tratos, já que a totalidade dos animais não foi levada do local.

Sobre a situação de poluição sonora, citam que chegaram a doar inclusive alguns cães que latiam mais, para não perturbar os vizinhos e têm tentado acordo amigável com os herdeiros para ter tempo hábil e condições de retirar os pets do local de modo que não sejam jogados na rua.

“A gente não tem interesse no patrimônio dela, a gente só quer dar uma destinação digna e continuar cuidando dos animais. Eu tenho a minha casa, eu tenho uma chácara que tô disponibilizando, que fica no Novo Paraíso. Então, nós disponibilizamos esse imóvel para construir o abrigo para os animais, mas agora a questão é ter recurso para construir lá. A gente não quer brigar por causa de imóvel, só queremos acomodá-los decentemente, como merecem, como prometi para a tutora deles”, destaca Nair.

Profundamente abatidos e desejando retomar a vida com normalidade e ter condições de dar um destino adequado aos animais, o casal agora tenta recuperar os cães e gatos levados e pede doações em dinheiro ou em materiais de construção para a obra do gatil e canil para comportar os animais e levar adiante o legado de dona Hortência, que diante da solidão abdicou da própria vida pela causa animal.

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Interessados em ajudar o casal com valores, ração ou material de construção podem entrar em contato através do WhatsApp 65 9 9211-7644 para combinar a entrega dos materiais ou fazer transferência pix para [email protected] no nome de Luciano Hernandes Franco Ziliani.

Outro lado

Por meio de nota divulgada no dia 25 de julho, mesma data da ação, o Bem Estar Animal informou que apenas cumpriu requisições do MP e atribui a ação como “reflexo de demandas acumuladas ao longo de gestões anteriores”.

Confira na íntegra: 

NOTA DE ESCLARECIMENTO — RECOLHIMENTO DE ANIMAIS POR DETERMINAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Hoje, a Diretoria de Bem-Estar Animal cumpriu duas requisições distintas expedidas pelo Ministério Público do Estado, referentes ao recolhimento emergencial de animais em situação de vulnerabilidade.

Essas ações, embora imediatas, são reflexo de demandas acumuladas ao longo de gestões anteriores, que agora recaem sobre o trabalho que estamos realizando. Nosso compromisso, no entanto, é claro: não estamos aqui para apontar culpados, mas para resolver, acolher e promover o bem-estar animal.

A operação só foi possível graças a uma rede de colaboração. Contamos com o apoio essencial de duas ONGs parceiras, que prontamente se colocaram à disposição para receber e acompanhar os animais. Também deixamos registrado nosso agradecimento especial à Clínica Particular que já é parceira da Prefeitura e realizou os atendimentos com excelência, incluindo exames, protocolos de triagem e acolhimento dos casos mais delicados.

A todos os envolvidos que estiveram ao lado da causa — ajudando, cooperando, somando — o nosso mais sincero obrigado. Não estamos aqui para disputar espaço ou atenção: a causa animal é uma só. E o compromisso com ela é coletivo.

Seguimos trabalhando com responsabilidade, empatia e ação concreta. Conte com a Prefeitura de Cuiabá. Conte com o Bem-Estar Animal.





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Comentários (1)

  • Fernanda

    Sábado, 02 de Agosto de 2025, 17h48
  • Quem mora perto sabe que a história não e bem assim! O local fede, é insalubre, os cachorros gritam dia e noite, atrapalham o sono da vizinhança toda, tem no minimo 7 anos que perturbam o sono dos vizinhos, e a senhora que alimentava eles, quando era viva gritava e batia um bocado nos dogs, isso tem dezenas de testemunhas na região. Acho bom alguma autoridade se empenhar no caso e achar um local para acolhimento dos animais, pois ali não e apropriado.
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