Cerca de 350 famílias, em nove bairros, tiveram suas residências invadidas por uma enxurrada decorrente da forte chuva que atingiu a Capital na última quinta-feira (03). Ao todo, segundo a Defesa Civil do Município, 80 famílias perderam tudo, entre alimentos, móveis e roupas. Os locais atingidos já são considerados área de risco e uma possível remoção dos moradores está sendo estudada.
Quase 24 horas após o temporal, as famílias do Parque Geórgia ainda limpavam o interior das residências. No local, o Córrego Machado transbordou e na casa de Regiane da Silva, onde ela mora com mais sete pessoas, a solução foi empilhar alguns eletrodomésticos.
“Todo ano é a mesma coisa. Sabendo que isso poderia acontecer, já deixamos tudo preparado caso a água comece a entrar aqui dentro. Não deu outra, ontem foi uma correria”, lembra Regiane, que mora próxima ao córrego há 8 anos.
A chuva também afetou uma ponte de concreto sobre o córrego que não está mais em condição de tráfego, tendo em vista que uma cratera de se formou entre o asfalto e a construção. O local foi interditado pelos moradores, temendo uma tragédia.
Osvaldo Freire Filho e sua família estavam na casa da cunhada, no bairro Getúlio Vargas, ajudar na retirada dos móveis, já que o local também foi atingido pela enxurrada. “De repente meu filho ligou pra avisar que a nossa casa - no Parque Geórgia – também tinha sido atingida. Deixamos lá e viemos correndo, mas graças a deus a intensidade não foi à mesma, não perdemos nada”, diz Osvaldo.
O Diário foi até o bairro Getúlio Vargas buscar pela casa da cunhada de Osvaldo, mas o endereço não foi encontrado. Porém, o que não faltou foram casos parecidos. Na rua E do bairro, na casa de Dalva Alves Lopes, 50 anos, a lâmina d’água atingiu quase um metro de altura.
Ela relatou que a boca de lobo existente na porta da residência começou a transbordar e, de repente, á água entrou pela porta da frente.
“Enquanto eu corria para ver o que acontecia na sala, uma correnteza entrou pela porta dos fundos, quebrando os vidros e entortando a porta de ferro”, lembra. Essa é a segunda vez que uma enxurrada atinge a casa da família, que contará com a ajuda dos familiares para mobiliar a casa.
“Ano passado também perdi tudo. Comprei, e ainda estou terminando de pagar muitas coisas, como essa geladeira que, pelo visto, também não vai mais funcionar”, conta a dona de casa, lembrando que a água chegou com muita força e levou tudo que via pela frente.
Na casa de Rosane Santos, vizinha de frente de Dalva, a não foi muito diferente. Os colchões estavam na porta da residência, na esperança de que secassem com o sol. Do lado de fora, o veículo da família, que por dentro estava cheio de lama. “A água entrou até a metade do carro, e agora ficou só lama”, apontou.
DEFESA
De acordo com a Defesa Civil, quatro equipes estão trabalhando nas áreas de risco, fazendo levantamento e contabilizando o estrago. Colchões também estão sendo providenciados, assim como o estudo para remanejar as famílias que vivem em áreas de risco para outras localidades o mais rápido possível. Desde o ano passado, cerca de 400 casas haviam sido prometidas para a transferência das famílias, o que de fato não aconteceu.