CNJ aponta que advogado tentou interferir em ação de empresário em MT

 

A investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que resultou no afastamento de dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), revelaram que um empresário (já falecido) que atuava no Estado teria sido beneficiado com uma decisão judicial, através da atuação de lobista do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023. O jurista “vendia” sua proximidade com os magistrados e mensagens encontradas em seu telefone apontam o pagamento de ‘honorários’, conforme o site Olhar Direto.

O CNJ, em uma decisão prolatada pelo ministro corregedor da Corte, Luis Felipe Salomão, determinou o afastamento de dois magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Foram alvos da decisão os desembargadores João Ferreira Filho e Sebastião de Moraes Filho, por conta de informações contidas no telefone celular que pertencia ao advogado Roberto Zampieri, por suspeita de venda de sentença.

Entre os trechos de conversas encontrados no aparelho de Zampieri, consta um em específico que revela uma suposta interferência do advogado em uma ação que tinha, como parte, o empresário José Francisco Dotto, morto em agosto de 2023, aos 65 anos, em decorrência de um câncer. Ele foi um dos pioneiros da cidade de Lucas do Rio Verde.

O relatório do CNJ aponta que Zampieri teria atuado para ajudar o empresário em uma petição que tinha como relator um dos desembargadores do TJMT alvos do afastamento. Dotto e o advogado não trocaram mensagens, mas trechos de conversas com terceiros revelam o pagamento de ‘honorários’ e até mesmo a entrega de um rascunho que serviria de embasamento para uma decisão futura. 

No entanto, Dotto não obteve sucesso na ação e o processo teria sido suspenso após a morte do empresário, para habilitação de seu espólio.

Roberto Zampieri foi assassinado na noite do dia 5 de dezembro de 2023, em frente ao seu escritório no bairro Bosque da Saúde, na Capital. Ele estava dentro de uma picape Fiat Toro quando foi atingido pelo executor com diversos tiros de pistola calibre 9 milímetros. O atirador, identificado como Antônio Gomes da Silva, de 56 anos, foi preso na cidade de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG).

Também foram presos o instrutor de tiro, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, suspeito de intermediar o crime, e dono da arma usada no crime, além do coronel do Exército, Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, que teria financiado o homicídio. Aníbal Manoel Laurindo foi apontado pelos investigadores como sendo o mandante do assassinato do advogado Roberto Zampieri. A motivação seria uma disputa de terra, na qual perderam uma fazenda, no valor de R$ 100 milhões, em Paranatinga.