Cidades Quarta-Feira, 18 de Junho de 2025, 08h:54 | Atualizado:

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JACIARA

Comarca marca início de campanha “Eu Digo Basta!”

 

Da Redação

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O Poder Judiciário de Mato Grosso deu início, nesta terça-feira (17 de junho), ao processo de interiorização da campanha “Eu Digo Basta!”, com a primeira visita presencial do Núcleo de Atendimento a Magistradas e Servidoras Vítimas de Violência Doméstica – Espaço Thays Machado – à Comarca de Jaciara (130 km de Cuiabá). A ação marca um novo ciclo da campanha, que agora se aproxima das magistradas, servidoras, colaboradoras, credenciadas, terceirizadas e estagiárias do interior, levando informação, acolhimento e suporte direto às mulheres que atuam no Judiciário mato-grossense. 

A atividade integra o Plano de Gestão 2025-2026 e está alinhada às diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que preveem a promoção de ações educativas voltadas à prevenção da violência contra mulheres que atuam no sistema de Justiça. A mobilização é conduzida pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cemulher-MT), sob coordenação da desembargadora Maria Erotides Kneip, e pelo Núcleo de Atendimento – Espaço “Thays Machado”, criado para acolher vítimas de violência no âmbito institucional. 

Durante a visita, a juíza colaboradora do Núcleo, Tatyana Lopes de Araújo Borges, destacou que, embora o Núcleo já atue de forma virtual em todo Estado, essa foi a primeira vez que houve um contato presencial nas comarcas do interior.

“A avaliação é muito positiva. É sempre muito bom tornar o interior parte desse processo. Esse contato direto com as magistradas e servidoras é fundamental. Percebemos o quanto a informação faz diferença. Muitas pessoas só conhecem a violência física, mas a lei prevê cinco tipos de violência. Ao falarmos sobre isso, vimos várias pessoas concordando silenciosamente. Pode ser que estejam vivendo essa situação ou conheçam alguém que está. Esse olho no olho gera confiança e segurança para que saibam onde buscar apoio, caso precisem”, avaliou. 

A assessora jurídica do Núcleo, Laurair Ribeiro, também integrante da equipe, explicou o funcionamento do serviço especializado e orientou sobre os canais de atendimento remotos, que funcionam via WhatsApp, e-mail e telefone, facilitando o acesso para magistradas e servidoras de comarcas mais distantes. “Esse é um trabalho de formiguinha. É assim, aos poucos, com diálogo e informação, que alcançamos mais mulheres”, apontou. 

Espaço de acolhimento - Para a gestora judiciária Regina Helena Guaracho, que atua há 35 anos na Comarca, a campanha traz esperança. “Quem já passou por isso sabe a importância de receber apoio. Esse núcleo é uma luz na vida de quem está sofrendo calada”, relatou. 

Outro relato veio da auxiliar judiciária Lordete Pereira Gomes, com 32 anos de serviços prestados ao Judiciário.“Já sofri violência e, por vergonha, não denunciei. Saber que existe um núcleo voltado exclusivamente para nós, servidoras, é um abraço silencioso que nos fortalece”. 

Enquanto isso, as servidoras Juscileide Maria Silva do Nascimento e Ana Paula Paixão Geraldino reforçaram a importância da escuta direta e da visibilidade da equipe do Núcleo. “Ver o trabalho de perto, entender como funciona, nos aproxima do serviço", disse Juscileide. "Muitas vezes, a gente responde a um questionário, mas não sabe a que ele está vinculado. Agora entendemos que há, sim, um espaço concreto de acolhimento, sigiloso e humanizado”, completou Ana Paula. 

Para a psicóloga Adriane Cristine de Freitas, que atua como mediadora judicial do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) da Comarca, muitas situações de violência são percebidas nos atendimentos e audiências, mesmo sem denúncia formal. “Além de saber sobre a existência do Núcleo, com conhecimento técnico e sensibilidade, conseguimos nomear as violências, a exemplo da moral e patrimonial, até mesmo nos nossos atendimentos e orientar essas mulheres para que saibam que não estão sozinhas”, pontuou. 

Além dos relatos de servidoras, o gestor judiciário Victor Coimbra de Souza também evidenciou a relevância do tema para os homens. “Não sabia que existia o Núcleo. Agora que sei, posso orientar colegas, caso presencie algo. O atendimento é acolhedor, sem exposição, e isso faz toda a diferença”. 

O juiz diretor da Comarca de Jaciara, Pedro Flory Diniz Nogueira, enalteceu o simbolismo dessa campanha. “É fundamental que o Judiciário vá até suas magistradas e servidoras, principalmente em um Estado de dimensões continentais como Mato Grosso. Sabemos que muitas vítimas têm medo ou vergonha de relatar, principalmente em ambientes de trabalho. Ter um núcleo especializado traz confiança e mostra que elas não estão sozinhas”. 

Homenagem - O Núcleo de Atendimento leva o nome de Thays Machado, servidora do PJMT vítima de feminicídio em 2021. O espaço é dedicado exclusivamente ao atendimento de magistradas e servidoras - efetivas e comissionadas -, contratadas, terceirizadas, estagiárias, credenciadas e aposentadas que enfrentam situações de violência doméstica e familiar. 

Próximas etapas - O circuito da campanha “Eu Digo Basta!” pelo sul do Estado, segue ainda nesta terça-feira (17 de junho) para a Comarca de Juscimeira (157 Km de Cuiabá) e amanhã (18 de junho) para a Comarca de Rondonópolis (212 Km de Cuiabá), onde a programação será ampliada com palestra e rodas de conversa.





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