“Foi muito importante ver as coisas de perto, não apenas no papel”. Essa foi constatação do embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, que no último sábado (05) visitou iniciativas da agricultura familiar financiadas pelo Programa Rem Mato Grosso e pela estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI), nas cidades de Alta Floresta e Juruena, regiões Norte e Nordeste do estado.
O Reino Unido, juntamente com o governo alemão, é um dos financiadores do REM MT projeto executado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Sema-MT), em parceira com o Fundo Brasileiro para a biodiversidade (FUNBIO), que visa o combate ao desmatamento ilegal e preservação das florestas mato-grossenses, bem como a redução das emissões de CO2 na atmosfera do planeta.
Peter veio ao estado conhecer algumas das inciativas apoiadas pelo REM MT que ajudam a manter a floresta Amazônica em pé, ao mesmo tempo que geram renda aos agricultores familiares.
Em Alta Floresta, a 791 km de Cuiabá, o embaixador do Reino Unido conheceu os pequenos agricultores da Comunidade de Nossa Senhora de Guadalupe, que fica na zona rural do município.
Lá ele teve a oportunidade de conversar com Adeildo Antônio Sopeletto, de 59 anos, que possui uma chácara com mil pés de café. Seu cultivo é pautado pela lógica agroflorestal, em que um ser vivo depende do outro. Pés de bananeiras servem de sombra para os pés de café. Os adubos são orgânicos e os defensivos são biológicos. Não há espaço para a química ou qualquer tipo de agrotóxico.
A propriedade de Aldeildo faz parte da Repoema, que é a Associação de Produtores Orgânicos da Amazônia Mato-grossense, que reúne 640 famílias da agricultura familiar. Ao todo, o Programa REM MT investe R$ 1,5 milhão para estabelecer a associação como o primeiro grupo de agricultores familiares em Mato Grosso com certificação do selo participativo de produtos orgânicos.
“Um café da Amazônia com selo orgânico tem muito peso, agrega muito valor ao produto para ser comercializado tanto no mercado local de Alta Floresta quanto para outras regiões do estado”, destaca Eduardo Darvin, coordenador do Programa de Negócios Sociais do Instituto Centro de Vida (ICV), que foi o proponente do projeto encaminhado ao REM MT, sendo contemplado dentro do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs).
Para Peter, o embaixador do Reino Unido, os recursos internacionais “estão sendo muito bem aplicados”. Destaca que fui muito importante conhecer essa realidade de perto, em que o pequeno e o grande produtor convivem numa mesma área com a possibilidade de compartilhar interesses em comum. “Acima de tudo, o importante foi ver o ser humano trabalhando em parceria com o meio ambiente e não contra ele. Nesse sentido, o REM tem conseguido algo extraordinário que é colocar no chão os projetos da agricultura familiar”, ressalta Peter.
A secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, também ressaltou a importância do REM MT como um dos principais programas de fortalecimento e estruturação da política ambiental de Mato Grosso. Para ela, o principal trunfo da iniciativa é “levar recursos às cadeias de bioeconomia focadas na produção sustentável e de baixa emissão de carbono”.
Já o secretário de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), Silvano Amaral, vê a parceria da Seaf com o REM “como sendo essencial”, no sentido de garantir assistência técnica e insumos agrícolas aos pequenos produtores. “É uma coisa que eu sempre digo: não adianta o produtor ter a melhor vaca, o melhor leite, o melhor café, se ele não tiver assistência técnica. Nesse sentido o REM tem nos ajudado a fazer com os técnicos atuem nessas propriedades”.
Para Rita Chiletto, assessora internacional da Casa Civil, é fundamental visitas como essa a Mato Grosso, de grandes autoridades internacionais. Só assim, conforme a assessora, elas têm uma melhor compreensão da realidade do meio ambiente e da agricultura do estado. “Ele [Peter] pode ver grupos de pequenos e grandes agricultores com interesses convergentes. Só isso já desmistifica muita coisa em relação ao nosso estado, que tem um grande potencial para ser uma vitrine para mundo na questão de produzir e conservar [PCI]”.
Juruena
Em Juruena Peter conheceu a Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer. Trata-se de uma rede que envolve 500 famílias de coletores de castanha do Brasil, três comunidades indígenas, grupo de mulheres e agricultores familiares de assentamento. A produção é toda focada no sistema agroflorestal que preserva uma área de 7.200 hectares em plena floresta amazônica.
Oitenta por cento da cooperativa é composta por mulheres tanto em cargos de direção quanto na mão de obra.
Os indígenas da região, como os Cinta Larga, Munduruku e Apiacá, são responsáveis por coletar todas as castanhas que chegam à cooperativa para se transformar em óleo, farinha, castanha torrada e outro derivados.
Em 2020, a Coopavam produziu 10 mil litros de óleo de castanha. Só nos primeiros seis meses desse ano, a produção dos cooperados triplicou, alçando a marca de 35 mil litros.
“Fiquei impressionado com as inovações tecnológicas da agricultura familiar que encontrei nesse lugar. Foi incrível ver as parcerias de cooperativas que geram renda a pequenos agricultores, mulheres e indígenas”, destacou o embaixador do Reino Unido.
Além dos secretários de estado Mauren Lazaretti e Silvano Amaral, também estiveram presentes na visita do embaixador a Alta Floresta e Juruena o superintende de Agricultura Familiar, George Lima; e o coordenador do Subprograma Fortalecimento Institucional do REM, Felipe Santana, e do administrativo; Gláucia Drielly Santana.