Robério Garcia: sinônimo de obras de péssima qualidade em Mato Grosso
Suspensão quebrada, diminuição da clientela e vendas em baixa. Estas são as principais reclamações de comerciantes e moradores prejudicados com os buracos e as obras que detonaram a avenida 8 de Abril, que margeia o córrego Mané Pinto.
Apesar das promessas do governo do Estado em entregar a obra até 30 abril, a população não acredita no prazo dado, seja pelos transtornos causados ou por não ver operários todos os dias “botando a mão na massa”. A canalização do córrego Mané Pinto e a restauração da pavimentação da avenida 8 de Abril são um dos principais problemas das obras do entorno da Arena Pantanal, que faz parte das exigências da Matriz de Responsabilidade, assumidas pelo Estado junto à Fifa e o governo federal.
Outras 35 ruas de 8 bairros também integram o documento de compromisso de deixar pronta até a Copa do Mundo. Síndica do Residencial 8 de Abril, Zilda Ferdinando Biazoto Ribeiro diz que as reclamações dos moradores, com carros danificados pelos buracos que tomaram conta da avenida, são inúmeras.
Eles pensam em até organizar algum tipo de protesto. “Estamos pensando em fazer algum barulho. O pessoal da feira (Mercado do Porto) também está reclamando. Essa demora na obra prejudica todo mundo”. Ela disse ainda que a procura de compradores e locatários dos apartamentos do residencial caiu muito em função do asfaltamento danificado e dos desvios. “Está tudo parado, fora que os valores também reduziram”, disse.
Sócia do marido na Calhas Ribeiro, Gisele Guimarães também é cética em relação à conclusão da obra de canalização do esgoto e a pavimentação da ave-nida em até 2 meses. “Eu vejo trabalhadores deixando a obra às 16h. Eles deveriam ficar até mais tarde. Não acho que eles vão terminar essa obra tão rápido, mas o estádio acho que fica pronto”.
O faturamento da empresa caiu cerca de 35% após o início das obras. Parte das vendas é por telefone ou por pessoas que passam em frente ao estabelecimento. Com o acesso prejudicado pelos buracos, os clientes sumiram.
Na avaliação de Gisele, a população está pagando um preço muito alto pelas obras da Copa do Mundo, além do maior tempo no trânsito. “Com os desvios, você gasta mais combustível, fora suspensão e pneus. A conta está saindo cara demais”.
Dos 250 box do Centro Comercial Popular de Cuiabá no Porto, cerca de 90 deles permanecem abertos. O camelô Nicassio Santos diz que mantém as portas aberta de teimoso que é.
Um ano e um mês no local, ele viu o movimento despencar após o início da obra. “A gente vende muito pouco, quase não há cliente. A maioria do pessoal voltou para ruas porque precisa. Eu tenho sorte por ter uma clientela formada”. A execução da obra em questão ficou a cargo da Engeglobal Construções Ltda.
Iniciada em 26 de novembro de 2012, o prazo inicial de entrega era para 20 de novembro de 2013. O valor que antes era de R$ 19,8 milhões, aumentou para R$ 23,5 milhões, após o aditivo de R$ 3,6 milhões.
OUTRO LADO
Dono da Engegobal Construções, Robério Garcia, assegurou que vai cumprir com o contrato e entregar a obra em abril. “Essas reclamações (da população) não são problema meu. Eu sou um contr-tado para executar a obra, não posso ficar avaliando o que é importante ou não. Eu tenho um cronograma de obras, etapas para ser cumpridas. Primeiro temos que resolver a questão do esgoto e da drenagem, depois é fazer o asfalto”.
Com as chuvas que não dão descanso, ele diz que não pode colocar mais operários na obra e teve que suspender trabalhos em algumas frentes. “Não é possível fazer obras de drenagem dentro de córregos quando está chovendo. Além de insalubre, não posso colocar trabalhadores em risco”. O empreiteiro torce para que em março, com início da estiagem, ele possa avançar com as obras e colocar mais trabalhadores. A partir do próximo mês, ele planeja além de ter mais operários, aumentar o turno de trabalho. “Acelerar não quer dizer reduzir a qualidade. Com mais gente e um novo turno, é possível executar o serviço de 120 dias em menos tempo. Nem que a gente avance um pouco para maio, mas vamos entregar a obra com qualidade e segurança”.
A assessoria da Secopa informou que a obra da canalização do córrego Mané Pinto e a restauração do asfalto têm previsão de entrega em abril, conforme o cronograma estabelecido com a empreiteira. Já a pavimentação das ruas no entorno da Arena Pantanal, trecho compreendido entre a rua Begônias (Entr. rua das Tulipas -Entr. avenida das Flores /Entr. rua das Violetas -Entr. av. 8 de Abril); rua dos Crisântemos (Entr. rua das Begônias - Entr. rua das Camélias); rua Onze de Maio (Entr. rua A - Entr. av. Miguel Sutil ); rua das Papoulas (Entre. rua das Begônias - Entr. rua das Margaridas) são executadas pela Três Irmãos Engenharia Ltda, ao custo de R$ 2,9 milhões. As obras iniciaram em 25 de junho de 2012 e devem ser concluídas em 15 de junho de 2014, 2 dias após o primeiro jogo da Copa do Mundo.