Uma semana após perder a mãe Rosi Yonekubo, aos 56 anos, o empresário e coordenador do movimento Direita Mato Grosso, Rafael Yonekubo, 40, contou os momentos de dor e desespero vividos pela família por não conseguir velar o corpo da mãe. O motivo foi que no prontuário constava a suspeita de covid-19. Apenas no último sábado (13), 6 dias após o óbito, saiu o resultado do exame de PCR feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Mato Grosso (Lacen-MT) comprovando que Rosi não estava com a doença causada pelo novo coronavírus.
"A cena mais triste que vi na minha vida, ver meu pai, David Yonekubo, e meus irmãos gritarem e implorarem para ver minha mãe uma última vez na vida. Os coveiros que pareciam mais uns astronautas, disseram: 'podem ir rezando e orando enquanto fechamos o jazigo'. Se o resultado tivesse saído no tempo que eles dizem sair, eu teria conseguido fazer um velório digno para os familiares se despedirem da minha mãe", relata Rafael.
O empresário conta em seu perfil no Facebook que a mãe deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro, em Cuiabá, no último dia 3, uma quarta-feira, e foi liberada para ir para casa no mesmo dia.
No dia 4 ela retornou e ficou o dia todo na unidade. No período da noite Rosi chegou a receber alta, mas devido ao seu estado visivelmente fragilizado, os enfermeiros a mantiveram internada. Ela passou a noite internada e no dia seguinte, ao visitá-la, Rafael conta que encontrou a mãe acordada e consciente, aparentemente melhor. De lá, Rosi foi transferida para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), onde a família não conseguiu mais ter acesso a ela.
No sábado (6), Rafael foi chamado ao HMC pela manhã e informado da piora do quadro de saúde da mãe, motivo pelo qual foi necessário entubá-la, bem como de que um novo pedido de UTI foi feito. Neste ponto, Rafael cita que o pedido de vaga em UTI já havia sido feito quando a mãe estava internada na UPA.
"Com o quadro de saúde mais delicado a médica disse que já tinha pedido o teste rápido de Covid, pois ela teria que ir para UTI com urgência. Após isso ela disse: 'entre na emergência, irei permitir você olhar sua mãe por dois minutos. Esses foram meus últimos dois minutos com minha mãezinha", lembra.
Ainda no sábado, após o almoço, ele conta que a mãe foi encaminhada para UTI 3, pois o teste rápido tinha dado negativo.
Rosi faleceu no domingo (7), às 8h30. Em sua certidão consta que a causa da morte foi Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), suspeita de covid-19 e diabetes. "Sendo assim, a família foi impedida de fazer o velório. Conversei com o médico, implorei, pedi pelo amor de Deus que ele retirasse a suspeita de covid-19 ele disse não, pois é o protocolo do HMC. Saí do hospital e fui direto fazer um B.O. na delegacia, pois nós tínhamos a certeza que ela não faleceu de covid, e ela nunca teve os sintomas do vírus", segue o relato.
Indignado, Rafael questiona na publicação: "Quantas mortes mais teremos que ver para o Ministério Público ou PF começar a investigar???". Ele diz que é "uma vergonha o que estão fazendo com as famílias" e promete denunciar todos os possíveis erros relacionados à morte de sua mãe.
Outro lado
A equipe do GD solicitou esclarecimento à Prefeitura de Cuiabá, responsável pelo HMC, e aguarda retorno para incluir nesta matéria.