Edgar Ricardo de Oliveira, de 33 anos, acusado de matar sete pessoas, entre elas uma adolescente de 12 anos, na chacina registrada em Sinop (478 km de Cuiabá) no Carnaval deste ano, passou por uma audiência na tarde desta segunda-feira (19). Na oitiva foram ouvidas testemunhas de defesa e acusação, além de dois policiais militares.
Uma das testemunhas ouvidas foi Kelma Silva Santos Andrade, esposa do maranhense Maciel Bruno de Andrade Costa, um dos mortos na chacina. Ele era dono do bar onde ocorreu o crime e especialista em sinuca. Bruno deixou dois filhos.
Outras duas testemunhas de acusação ouvidas foram Luiz Carlos Souza Barbosa e Raquel Gomes de Almeida, respectivamente irmão e esposa de Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, outra vítima de Edgar. A filha do casal, Larissa de Almeida Frazão, de 12 anos, também foi morta na chacina com um tiro nas costas.
A defesa do atirador, feita pelo advogado criminalista Marcos Vinicius Borges, disse ao FOLHAMAX que o cliente optou pelo silêncio “parcial”, que é quando o denunciado responde apenas as perguntas da defesa. “Dois policiais militares, Wilson Cândido e Thiago Celestino, que atenderam a ocorrência, também foram ouvidos. Outras duas testemunhas de defesa [que não tiveram suas identidades reveladas] também estiveram em juízo e foram ouvidas”, esclareceu.
O Ministério Público e a defesa têm agora o prazo de cinco dias para apresentarem memoriais escritos do processo. Em seguida, a juíza Rosangela Zacarkim pode determinar que o réu seja submetido a júri popular.
ENTENDA – Edgar Ricardo de Oliveira foi denunciado pela 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Sinop por ter assassinado sete pessoas em um bar, no dia 21 de fevereiro deste ano, no bairro Jardim Lisboa. Câmeras de segurança registraram a ação do atirador e de seu comparsa Ezequias Souza Ribeiro, que acabou morto no dia seguinte numa troca de tiros com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
As vítimas da chacina foram: Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, (dono do bar), Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos, Elizeu Santos da Silva, de 47 anos, Josué Ramos Tenorio, de 48 anos, Adriano Balbinote, de 46 anos, Getúlio Rodrigues Frazão Júnior, de 36 anos, e a filha dele, Larissa de Almeida Frazão, de 12 anos. A dupla usou uma pistola e uma espingarda calibre 12, apara cometer o crime após terem ficado revoltados com a perda dinheiro em apostas de jogo de sinuca.
Edgar e Ezequias possuíam Certificado Registro emitidos pelo Exército Brasileiro e chegaram a frequentar clubes de tiro em Sinop e Alta Floresta, o que ficou evidenciado pelo fácil manuseio do armamento pesado, conforme registrado pelas imagens do circuito de monitoramento interno. Na época dos fatos, a Federação de Tiro de Mato Grosso emitiu uma nota pedindo que o nome da entidade não seja vinculado aos criminosos que cometeram a chacina.
Raquel chorando ao lado do corpo da filha, Larissa, de 12 anos.
Para o Ministério Público os crimes foram cometidos por motivo torpe, “impulsionado pelo sentimento de vingança em razão de perder aposta em jogo de bilhar”, e praticados por meio cruel, “tendo em vista que foram efetuados disparos de espingarda calibre 12, arma de elevado potencial lesivo e causadora de múltiplas lesões simultâneas. Além disso, Edgar deve responder ainda por furto qualificado e roubo majorado.