Cidades Terça-Feira, 25 de Março de 2025, 09h:50 | Atualizado:

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CARGA VIRAL

Falta de material interrompe exame de pacientes com HIV em Cuiabá

Problema ocorre há 3 meses e pacientes com hepatites B e C também são prejudicados

CRISTIANE GUERREIRO
A Gazeta

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João Vieira  

exame-HIV

 

Pacientes que vivem com HIV e Hepatites B e C denunciam que desde janeiro as duas unidades do Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) de Cuiabá não realizam exames de carga viral em decorrência da falta de material. O exame mede a quantidade de vírus presente no sangue do paciente e é essencial para avaliar se os medicamentos estão funcionando. No entanto, pacientes têm relatado que, ao buscar o exame nos serviços especializados, são informados de que ele não está sendo realizado. 

Sem previsão para regularizar o serviço, a paciente Leiry Rodrigues, diagnosticada com HIV e em tratamento há 35 anos, se sente no “escuro”. “Não sabemos se o tratamento está funcionando e se precisamos ajustar a medicação. É difícil e revoltante, pois a ausência do exame pode afetar diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Sem o monitoramento adequado, há riscos de falha terapêutica e complicações”.

Leiry também atua na defesa dos direitos das pessoas que vivem com HIV e cobra providências para normalizar o serviço. Ela lamenta que não exista previsão para regularizar o recebimento dos tubos específicos para a realização da coleta da carga viral. “O exame de carga viral deve ser feito no mínimo duas vezes ao ano. A ausência do exame compromete até mesmo a liberação da medicação antirretroviral, pois os remédios só são liberados com o resultado do exame, que é lançado em um sistema interligado ao Ministério da Saúde”.

Ela explica que diante da ausência do exame, os medicamentos, que eram liberados para três meses de tratamento, passaram para um mês. “Com isso, os pacientes precisam ir todo mês pegar os remédios e isso gera transtorno. É uma dificuldade a mais para o paciente e pode comprometer a adesão ao tratamento, aumentando assim o risco de transmissão devido à elevada quantidade de vírus no sangue”. 

Na manhã desta segunda-feira (24), um paciente, que pediu para não ser identificado, foi ao SAE realizar exames de rotina. Ele explica que perguntou sobre o exame de carga viral, onde se utiliza tudo com reagentes específicos, mas foi informado que não há previsão. “Eu deveria ter feito esse exame há três meses e até agora nada. E o pior é que o problema é recorrente. Sigo na incerteza e aguardando uma solução para garantir o acompanhamento adequado da minha saúde”.

Eficiência depende do resultado

João Vieira

Exame-HIV

 

Médica infectologista, Zamara Brandão Ribeiro atua desde 2006 no Serviço de Atendimento Especializado (SAE) de Cuiabá. Ela explica que o teste de carga viral é o exame principal para os pacientes com HIV e Hepatites B e C.

“Esse exame permite saber a quantidade de vírus em cada milímetro de sangue. Também permite saber se os pacientes estão tomando os medicamentos e se os remédios estão combatendo o vírus. Sem o resultado, os impactos são grandes para os pacientes, pois não temos o parâmetro para definir ou mudar o tratamento”.

Segundo Zamara, para pessoas com HIV, independente da quantidade do vírus, mesmo que indetectável, é necessário iniciar o tratamento, pois quanto antes começar, haverá menos problema em longo prazo. Já os pacientes com hepatites, o tratamento só inicia após o resultado da carga viral, pois depende muito da quantidade do vírus detectada para definição do protocolo.

Atendimento para "prioritários"

Coordenadora do Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) das unidades Lixeira e CPA I, Caroline de Mello explica que os exames de carga viral estão sendo realizados somente em pacientes prioritários, que são aqueles mais graves, com Aids e que abandonaram o tratamento e estão retomando, e também aos novos pacientes, que iniciarão o tratamento, além de gestantes e crianças.

Ela explica que o município adquiriu, em caráter emergencial, 1.600 tubos para a realização do exame até que seja finalizado um novo processo licitatório para normalizar o fornecimento do material. “Não conseguimos atender todo o público no momento, pois a quantidade de tubos é insuficiente. Cada paciente usa em média dois tubos e se o paciente estiver com as duas doenças, HIV e Hepatite, já são quatro tubos. Então, a média seria de mil tubos ao mês”.

Segundo Caroline, a empresa que ganhou o processo licitatório enviou tubos errados, que não são específicos para o exame de carga viral. Mesmo com a solicitação, a empresa não substituiu esses tubos, sendo necessária uma nova licitação que está em andamento. “Os outros exames estão sendo realizados normalmente. Pedimos a compreensão dos pacientes, pois essa pendência está sendo resolvida”. Ela explica que a demanda nos dois SAEs é grande, com uma média de 6 mil atendimentos ao mês.

Saúde do paciente influencia protocolo

Segundo a médica infectologista Zamara Brandão Ribeiro, existe esquema inicial preferencial de tratamento, mas é necessário, antes de qualquer protocolo clínico, saber como está a imunidade do paciente e a quantidade de vírus no corpo. “O objetivo é que o resultado da carga viral seja indetectável, pois assim evita a transmissão do HIV”.

Explica também que no caso de mulheres gestantes, o acompanhamento do exame de carga viral é essencial para reduzir a probabilidade de contaminar o filho. Zamara revela que no tratamento de pacientes com HIV/Aids é recomendado uso dos medicamentos Lamivudina, Tenofovir e Dolutegravir. Para a doença de Hepatite B, o esquema inicial preferencial é com Tenofovir, e para pacientes com Hepatite C, a indicação é Sofosbovir e Daclastavir.

“Embora seja esse o esquema inicial preferencial de tratamento, o protocolo muda de acordo com as condições do paciente. Alguns apresentam reações à medicação, há também, às vezes, presença de resistência viral ou mesmo comorbidades”.





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Comentários (1)

  • Cuiabano

    Terça-Feira, 25 de Março de 2025, 13h24
  • A tendência é piorar!!!
    1
    0











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