Apaixonada por música desde criança, a cuiabana Emanuela Xavier, 20, partiu para os Estados Unidos em busca de realizar o sonho de uma carreira profissional. Há 3 anos, a cantora estuda em uma das mais renomadas universidades de música do mundo, a Berklee College of Music, em Boston.
A jovem cursa produção e composição musical e irá se formar em maio de 2026. O amor e incentivo para seguir nessa área vieram desde a infância. Ela se recorda que começou a aprender a fonética do inglês por meio de músicas, que cantava em um aparelho de karaokê. Na memória, tem também a bela voz da mãe e a coleção de mais de 5 mil discos de vinil do pai, dono de uma loja de antiguidades.
“Desde criança, toda vez que passava os finais de semana com o meu pai, eram 8h, ele acordava e colocava um disco para tocar altíssimo, que não tinha como evitar. Nenhum deles [os pais] seguiu carreira musical, mas os dois gostam de cantar. Sempre, meio que indiretamente, motivaram esse crescimento, esse interesse musical. Sempre teve muita paixão”, relembra a musicista.
Percebendo o nítido interesse da filha, os pais da compositora investiram em aulas de canto e instrumentos diversos. Aos 13 anos, Xavier já sabia que gostaria de estudar nos EUA. Para facilitar o processo de entrar em uma faculdade americana, ela terminou o ensino médio em uma Boarding School, que funciona como ensino técnico integrado.
A escola ficava a 2h de Los Angeles, e lá teve aulas no campo artístico e contato com professores especializados em composição. No complicado processo seletivo para Berklee, ela lembra que passou por provas, audições e avaliações de portfólios.
“Eu sabia que era o que eu queria. Eu sabia que, infelizmente, eu não teria esse espaço muito proeminente em Cuiabá para estudar música profissionalmente. Têm escolas de música, mas eu sabia que para faculdade, as oportunidades seriam maiores lá fora, há muitos anos, a indústria musical é muito segurada nos Estados Unidos”, argumenta.
Apesar de morar há 4 anos fora de Cuiabá, a artista diz ser impossível sentir o país estrangeiro como 100% sua casa. Entre os aspectos mais difíceis da adaptação, a estudante cita o clima. Dos rotineiros 40ºC em Cuiabá, ela passou a enfrentar temperaturas negativas de até -25ºC. As relações interpessoais também são um desafio.
“Os americanos, em geral, são mais frios do que os brasileiros. O brasileiro é muito mais caloroso, mais comunicativo. O americano não, ele é um pouco mais fechado, um pouco mais difícil de você quebrar a casca dele, de criar uma amizade mais genuína. Isso foi uma coisa que sofri um pouco de início, de encontrar minhas pessoas e de me estabelecer no local”, diz.
Com o tempo, a cuiabana foi se adaptando a essas diferenças, mas, para ela, o que mais ajudou foi a presença da família, mesmo distante fisicamente.
“Os meus amigos e a minha família daqui do Brasil são muito acolhedores. Mesmo de longe sempre demonstrando apoio. Eu sempre soube que teria algum lugar para voltar, eu tenho minha casa, meu porto seguro aqui. Conforme o tempo foi passando, fui conhecendo mais pessoas, fui me integrando mais à faculdade”, recorda.
Na universidade, a jovem teve contato com pessoas de diversas nacionalidades. Sua colega de quarto é da Rússia, conhece estudantes de todos os cantos da América Latina, além de asiáticos e europeus. Essa troca de vivências acaba por influenciar sua arte.
“Você entrar em contato com tantas culturas, isso te enriquece de uma maneira extraordinária, você entender várias perspectivas de vida que são diferentes da sua. É tudo diferente. Isso influencia a maneira que você se expressa no trabalho artístico, porque para mim a arte é muito interior. A minha perspectiva sobre a vida, sobre as minhas relações, foi muito afetada por estar nesse tipo de ambiente”, finaliza.
Produções
Conhecida pelo nome artístico Manu Xavier, a cantora e compositora recentemente lançou o single "Susie". Investindo no gênero de rock, Manu também tem o EP "Untouchable", de 2022. As músicas estão disponíveis em todas as plataformas digitais.