Familiares do frentista Lourival Serafim de Almeida, executado a tiros em um posto de combustíveis, no dia 12 de dezembro de 2011, em Cuiabá, protestaram em frente ao Fórum, esta semana. Os manifestantes cobravam Justiça e celeridade no caso. O julgamento dos acusados do crime, previsto para ocorrer na próxima quinta-feira (10), foi adiado por tempo indeterminado, pois o advogado de defesa dos réus será operado.
Com roupas e balões brancos, parentes de Lourival estiveram concentrados nas escadarias do Fórum com uma faixa com os dizeres: “Queremos justiça por Lourival após 14 anos à espera do julgamento”. A morosidade do júri popular angustia os familiares.
Em decisão do último sábado (5), a juíza Laura Dorilêo Cândido recebeu pedido da defesa técnica que comunicou a impossibilidade de comparecimento à sessão plenária designada. “Diante da justificativa apresentada, entendo por bem acolher o pedido, motivo pelo qual determino a redesignação de julgamento, devendo a nova data observar a pauta oportunamente fixada pelo juízo da 1ª§ Vara Criminal desta Comarca. Dessa forma, determino que os autos permaneçam em cartório, aguardando a definição de nova pauta para realização da sessão plenária”, decidiu.
O advogado de um dos réus, Jorge Henrique Franco Godoy, precisa passar por procedimento cirúrgico e por isso a data será redefinida. A informação foi veiculada no programa Cadeia Neles da TV Vila Real (canal 10.1). “Juntei todo atestado médico, juntei o pedido. Eu sou o advogado do caso. Sinto muito pelas pessoas que estão aí desesperadas. Está tudo nos autos. Se quiserem acompanhar a cirurgia, estão convidados. [...] Se a juíza entender por bem marcar o júri, mas pelo jeito não marcou, e o réu que está preso não está preso por este processo”, disse.
Questionado se estaria apto a atuar no julgamento, o advogado garantiu que sim. “O réu me contratou e outorgou os direitos para que o defender. É direito do réu ser defendido por quem ele quiser”, justificou. “Por enquanto, vai ter que aguardar”, acrescentou.
A viúva de Lourival, Sunamita Faria Lara, lamentou o fato e informou que o julgamento já foi adiado inúmeras vezes a pedido deste advogado. “Toda vez são aceitos esses pedidos dele, atestado simples, somente para ir empurrando e a gente não sabe o que fazer, a gente pede Justiça”.
Ela ainda contou em meio a lágrimas que criou a filha, órfã aos 3 anos, sozinha, sem apoio e nunca teve acesso a psicólogo. “Minha filha chora no Dia dos Pais, queria ter pai presente, queria ter pai no aniversário, mas é um descaso que o Judiciário permite com as vítimas”, comentou. “É triste nunca ter apoio em dias especiais, festas de família, meu aniversário eu não tenho memórias com ele”, desabafou a filha.
O caso
Altair dos Santos Cunha, Jair da Silva e Claudinei Ferreira Pontes são acusados de tramar o assassinato do frentista Lourival Serafim de Almeida, executado a tiros em um posto de combustíveis, no dia 12 de dezembro de 2011, em Cuiabá.
O trio foi denunciado por homicídio com as qualificadoras de motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. Segundo a denúncia, na tarde de 12 de dezembro de 2011, no “Posto Free”, na avenida Historiador Rubens de Mendonça, em Cuiabá, um adolescente de vulgo “Juninho”, a mando de Altair, atirou contra Lourival, que era frentista do posto.
Após o crime, a dupla fugiu em um veículo Fiat Uno branco, conduzido por Altair. Os colegas de trabalho de Lourival acionaram a polícia, que realizou diligências nas imediações e achou o veículo utilizado pelos criminosos. O adolescente fugiu e Altair foi preso em flagrante no carro. Com ele, foram encontrados R$ 1.625 em espécie.
Conforme o processo, Jair da Silva e Claudinei Ferreira Pontes teriam sido os intermediadores da morte de Lourival ao contratar o adolescente para a execução. Interceptações telefônicas realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) demonstraram que o adolescente falou com Jair e Claudinei várias vezes, exigindo dinheiro para fugir e evitar que a polícia o localizasse.
O crime teria sido motivado pelo desejo de Altair em vingar a morte de seu irmão Hemerson dos Santos Silva, vulgo “Careca”, ocorrida em Chapada dos Guimarães. Hemerson foi morto pelos irmãos de Lourival, Nelson Serafim de Almeida e Catarino de Almeida.