Cidades Quinta-Feira, 05 de Junho de 2025, 15h:35 | Atualizado:

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Letramento racial no TJMT é construído com debates

 

Da Redação

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A segunda aula do curso de Letramento Racial e Antirracismo, promovido pelo Comitê de Promoção da Equidade Racial do Poder Judiciário de Mato Grosso, realizada na manhã desta quinta-feira (5 de junho), foi permeada por debates e reflexões acerca de diversos aspectos que norteiam a vida das pessoas negras no Brasil, como a beleza da mulher negra, sentimentos de identificação e pertencimento, busca pelas raízes ancestrais, vagas afirmativas e avaliações em bancas de heteroidentificação em concursos públicos, intolerância religiosa, entre outros.

Por meio do método ancestral da “circularidade”, a professora doutora Silviane Ramos conduziu a construção do saber de forma coletiva, com a participação ativa das mais de 220 pessoas que estiveram presentes na aula on-line, dentre elas magistrados (as), servidores (as) e demais colaboradores. Todos foram recebidos pela juíza Renata do Carmo Evaristo Parreira, coordenadora do Comitê de Equidade Racial, e puderam sanar dúvidas, compartilhar experiências e trocar informações, tornando a aula dinâmica e envolvente.

“Por que a circularidade é muito presente para as sociedades africanas? Porque é tudo na mesma linha dos olhos para todo mundo, em igualdade, mesmo que seja mais velho, mais novo, porque todo mundo tem essa possibilidade de aprender com as lentes do seu momento, mas as trocas elas acontecem com todo o respeito. E isso, nas sociedades que são colonizadas, quando vem, a gente já recebe tudo de cima para baixo. Então, há uma dificuldade porque é uma opressão mesmo, diferente do círculo. No círculo, não estou oprimindo ninguém”, explicou a professora.

Por meio do debate e das situações relatadas pelos alunos, Silviane Ramos propôs que sejam feitas anotações para a posterior elaboração de um protocolo antirracista a ser implantado pelo Poder Judiciário de Mato Grosso, de modo a prevenir e se antecipar a episódios de racismo no ambiente institucional. Ela apresentou ainda sugestões práticas de como promover o letramento racial, como o uso da linguagem acessível, existência de espaços de escuta ativa, convite a intelectuais negros para os eventos e cursos, por exemplo.

Conforme a professora doutora, por meio de condutas antirracistas como essas é possível inverter a lógica do apagamento historicamente construído em relação à população negra e sua contribuição na sociedade. “O que a gente precisa aprender, além de conhecer a nossa história, de saber sobre nós, é saber sobre esse silenciamento e por que aconteceu esse silenciamento e apagamento, roubos, assaltos. A gente precisa compreender que a dor de um corpo negro não é menor do que a dor de um corpo branco ou do corpo indígena e vice-versa. A gente não pode comparar as dores”, afirmou.

Silviane Ramos defendeu ainda a importância de ações como a do Poder Judiciário de Mato Grosso em promover o curso de letramento racial. “A gente precisa trazer a nossa realidade à baila porque é isso que vai cartografar qual é o movimento, qual é a dinâmica que a gente precisar pôr no nosso ambiente de trabalho, nas nossas relações. Letramento racial não é sobre formatar, é sobre transformar a partir de mim, do meu autoconhecimento para com as minhas relações de aquilombamento, de união, de unicidade, de juntar aliados, de fazer esse enfrentamento, de empoderar outras mulheres, outros jovens”. 





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