Apresentar sugestões que possam combater o preconceito, a misoginia, a desigualdade de gênero e a exclusão feminina, inspirando meninas e meninos do mundo todo e ensinando valores éticos. Este é o principal objetivo do livro “Meninas e Meninos”, da escritora e técnica em desenvolvimento infantil (TDI) da rede municipal de ensino, Eliani Silveira Viana. A obra literária foi publicada recentemente e servirá de conteúdo para ser trabalhado nas unidades de ensino de Várzea Grande.
Eliani Silveira atua como TDI no Cmei Nossa Senhora da Guia, no bairro Jardim Marajoara. Segundo a escritora, a obra literária, que é destinada ao público infantil, aborda questões sociais, religiosas, raciais e de combate às mais variadas formas de preconceitos, dando maior ênfase nas questões de gênero. “A obra apresenta indagações acerca da representação da mulher na sociedade à qual busca incansavelmente alcançar posição de igualdade. O principal enfoque que eu trago é a de uma sociedade igualitária e com equidade, onde todos tenham oportunidades iguais, sem competições, independente do gênero e classe social”.
Segundo o secretário Silvio Fidelis, a Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Smecel) vai adquirir alguns exemplares para trabalhar a temática nas unidades educacionais, principalmente com os alunos da educação infantil. “Fiquei muito feliz em conhecer o trabalho da Eliani, especialmente por ela ser uma servidora da nossa rede e por trazer um tema tão importante para o contexto escolar. É uma obra de extrema relevância para ser trabalhada com nossos alunos envolvendo educação e cultura".
A superintendente Pedagógica, Luz Marina Coelho, destacou que é preciso acabar com alguns mitos quando se refere ao homem e à mulher, como, por exemplo, que o lugar de mulher é na cozinha. “Os homens também vão para a cozinha e dominam esse espaço tanto quanto as mulheres. Precisamos desmistificar questões como essa e o livro aborda muito bem isso”.
A superintendência, por meio da coordenadoria de formação, vai realizar uma live com os profissionais da educação para promover a discussão sobre o conteúdo do livro. No mês de agosto, quando está previsto o retorno das aulas presenciais (de forma híbrida), serão realizadas também rodas de conversa sobre literatura, envolvendo educação e cultura, e em uma delas o tema abordado será o livro Meninas e Meninos.
“Quando falamos em formação é preciso pensar em uma sociedade igualitária e com equidade. Diante disso, senti a necessidade de apresentar o livro às escolas para trabalhar o contexto com os alunos. Como dizia o filósofo Pitágoras, eduquem as crianças e não será preciso punir os adultos, ou seja, é na infância que a gente molda as pessoas”, destaca a escritora.
Eliani Silveira explica que a ideia de escrever o livro surgiu quando ainda era aluna do curso de Pedagogia, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). “A escrita da obra se desenvolve em três momentos, primeiro foi a partir de uma vivência pessoal, observando brincadeiras do meu filho com a priminha, que discutiam sobre o que as meninas e os meninos fazem e, depois, durante o meu trabalho, ao ler uma obra literária para os alunos da educação infantil sobre a borboletinha e o borboletão”, comenta.
Segundo a escritora, a obra infantil colocava os meninos sempre em situações superiores e as meninas em segundo plano, demonstrando como as diferenças e desigualdades são introduzidas nas crianças desde cedo, revelando uma cultura padronizada de um mundo que deseja impor a supremacia masculina como norma social.
“Aquilo me deixou incomodada e impactada e pensei em dar continuidade à história da borboletinha, escrevendo o livro ‘Meninas e Meninos’, porque as crianças precisam crescer se vendo como iguais e não como competidores entre os gêneros. Penso que cabe a nós fazer essa reconstrução social, combatendo o machismo, o racismo e o preconceito de forma geral”, explica.
A parte que faltava para o fechamento de seu livro foi concretizada durante um seminário na UFMT sobre projetos integradores, que tratavam sobre machismo e racismo estrutural. “Utilizei parte de obras das autoras Daniela Auade e Eliane Cavaleiro, que tratam sobre a igualdade de gêneros e combate ao racismo estrutural, principalmente na infância. Essas autoras que me deram o embasamento final para fechar a minha obra”, ressalta Eliani Silveira, lembrando que, em 2019, seu livro foi contemplado no edital de Apoio à Publicação de Livros Impressos e Digitais com Recursos do Pesquisador pela Editora da Universidade Federal de Mato Grosso (Edufmt).