Secopa
Em entrevista concedida na manhã desta terça-feira (11), no programa Tribuna CBN, o ex-assessor do governo do estado, Rowles Magalhães, afirmou que a decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso sobre o arquivamento da ação que investigava o pagamento de propina no valor de R$ 80 milhões no processo licitatório do VLT foi acertada porque não passou de uma informação mal interpretada pelo repórter Vinícius Segalla. “Verdade apareceu, tanto é que foi pedido o arquivamento. O processo de contratação do VLT foi um processo transparente. O governo foi assediado na Europa, aqui. Todos nós fomos assediados. Existiram pessoas que ofereceram propina. Chegavam e falavam: dou tantos milhões para me deixar ganhar. Como o vencedor tinha uma empresa quebrada, fui questionado. E disse: eu também não sei, só se acertaram e pagaram 80 milhões. Mas não foi falando que ninguém recebeu, fui irônico. Daí ele (Vinícius Segalla) foi e tudo que ele fez”, explicou Rowles durante entrevista.
O arquivamento do processo foi feito pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, a pedido do Ministério Público Estadual. Isso porque depois da investigação, não foram encontradas evidências sobre o crime.
Vinícius foi o repórter que escreveu a matéria sobre a denúncia de pagamento de propina no processo licitatório do VLT. Segundo Rowles explicou, o que causa estranheza é o fato de o governo do estado ter descartado uma empresa com experiência na área, a portuguesa Ferconsulte, que se propôs a fazer o gerenciamento da obra de implantação do novo modal pelo valor de R$ 15 milhões, para contratar uma empresa que recentemente foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal, durante a Operação Ararath. “Descartaram a Ferconsulte e assinaram por R$ 48 milhões com uma empresa que foi invadida pela PF. A empresa que não serviu para Mato Grosso é uma estatal portuguesa, que cuida de duas linhas de metrô em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Israel, em Portugal e na Espanha”.
Rowles ainda complementou que os responsáveis pela obra do VLT não possuem conhecimento na área para a implantação do modal. “O consórcio vencedor não tem know how. A única empresa com experiência é a Caf, que não faz parte do consórcio, somente vende os vagões. O consórcio não tinha e não tem ninguém com conhecimento. A Santa Bárbara estava falida. Eu disse que ela ia quebrar. Não deu 6 meses ela quebrou e saiu do processo”.
O ex-assessor do governo do estado afirmou que o Executivo tinha conhecimento no momento da contratação de que a empresa Santa Bárbara estava com 30 pedidos de concordata, mas mesmo assim optou pelo consórcio por ter apresentado o menor preço. No entanto, Rowles considera que a diferença dos valores apresentados – algo em torno de 3% entre a primeira e a segunda colocada e 7% entre a primeira e a terceira colocada – não justificaria a escolha pelo consórcio VLT.
“Acho que o governo deveria ter escolhido as empresas corretas para começar a fazer a obra. Não concordo com a empresa que foi contratada. A diferença de valor de um para o outro é pequena. O menor valor existia uma empresa com 30 pedidos de falência e concordata. Quando começou a prestar serviços, a Santa Bárbara sequestrou R$ 1 milhão de dentro da Secopa para pagar fornecedores em Minas Gerais. Você assinaria com uma empresa assim?”
Para Rowles, o melhor caminho teria sido o governo do estado celebrar uma parceria público-privada para a realização das obras do VLT. “Faltou coragem ao governo para dizer que não queria o consórcio VLT. Na verdade, acho que ficaram com medo de dizerem que eles tinham o rabo preso com outra empresa”.