Cidades Sábado, 22 de Março de 2014, 11h:28 | Atualizado:

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NADA MUDOU

Médica faz desabafo e diz que falta até esparadrapo no PS de Cuiabá

 

Midianews

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A médica Eloisa Curvo, que atua como cirurgiã geral no Pronto Socorro de Cuiabá, usou sua página no Facebook para expor as condições precárias de trabalho no local. Entitulada "Carta Aberta", ela diz não se conformar em um ambiente hostil, com falta de materiais simples, como esparadrapo e agulha. Ao final da carta, ela relaciona todos os materiais que faltavam em um de seus plantões, o do dia 23 de fevereiro (confira abaixo).

"É estarrecedor o descaso e a falta de compromisso que existe em relação às necessidades primordiais do ser humano que porventura necessite dos serviços de saúde no Pronto Socorro de Cuiabá. Falta praticamente tudo, desde uma lâmpada de laringoscópio (para entubar paciente usa-se flash de celular), bolsa de colostomia, lâminas de bisturi, drenos, etc até materiais mais simples como esparadrapo e micropore. A lista é enorme", disse. 

No "desabafo", ela também faz um alerta: "É bom que se saiba que todos estão sujeitos a serem encaminhados para o Pronto Socorro, caso tenham a desventura de sofrer um acidente na rua e forem atendidos por uma das ambulâncias do SAMU", diz. 

"Por isso, ricos e pobres, autoridades ou pessoas do povo, todos estão sujeitos a sofrer as agruras de um hospital que se encontra em condições materiais lamentáveis", afirma Eloisa Curvo, na carta.

Confira a íntegra do post da médica no Facebook:

"Carta Aberta para a população e autoridades de Cuiabá e a quem mais possa interessar.

Como membro do grupo de cirurgia geral do Pronto Socorro de Cuiabá, MT, quero divulgar uma vez mais o que já é do amplo conhecimento das autoridades e da população dessa Capital.

Faço isso porque não me conformo e não vou me conformar nunca (nunca serei acomodada ou conivente) em trabalhar num ambiente tão hostil no que se refere às condições para o bom desempenho do meu trabalho.

Só para fazer um idéia, segue abaixo lista dos materias, que no dia 23 de fevereiro (meu plantão), não existia naquele local.

A falta desses materiais compromete em demasia o atendimento aos pacientes, principalmente quando se trata de urgência e/ou emergência, o que é a maioria dos casos que chega àquele local.

É estarrecedor o descaso e a falta de compromisso que existe em relação às necessidades primordiais do ser humano que porventura necessite dos serviços de saúde no Pronto Socorro de Cuiabá.

Falta praticamente tudo, desde uma lâmpada de laringoscópio (para entubar paciente usa-se flash de celular), bolsa de colostomia, lâminas de bisturi, drenos, etc até materiais mais simples como esparadrapo e micropore. A lista é enorme. 

A sala A está desativada por falta de carrinho de anestesia, mesa cirúrgica, monitor, oxímetro e o aparelho de ar condicionado está com vazamento e a sala D está com foco queimado. Falta óculos de proteção para diminuir os riscos de contaminação, uma exigência primordial no atendimento a um paciente portador de HIV, por exemplo.

Como plantonista da cirurgia sinto-me agredida por, muitas vezes, não poder oferecer o tratamento mais adequado ao paciente por falta de condições. Sinto-me agredida como médica e como pessoa, ter que submeter o paciente a uma conduta de maior risco por falta de material, além do estresse que isso ocasiona em toda a equipe.

É bom que se saiba que todos estão sujeitos a serem encaminhados para o Pronto Socorro caso tenham a desventura de sofrer um acidente na rua e forem atendidos por uma das ambulâncias do SAMU. Mesmo que tenham plano de saúde e acesso à rede hospitalar privada, o primeiro local de atendimento é o Pronto Socorro Municipal. 

Por isso, ricos e pobres, autoridades ou pessoas do povo, todos estão sujeitos a sofrer as agrúras de um hospital que se encontra em condições materiais lamentáveis, como tem sido há muito tempo a realidade do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá.

Portanto, o problema é de todos: dos profissionais da saúde, das autoridades e de toda a população.

Relação de materiais em falta no Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (levantamento realizado pela equipe médica e de enfermagem em todos os setores do hospital no dia 23/02/2014):

Esparadrapo

Micropore

Gaze estéril

Bolsa para colostomia

Coletor de urina sistema fechado

Tubo endotraqueal número número 8, 8,5 e 9

Sonda de foley número 16 duas vias

Agulha 25 x 8

Óculos de proteção

Lâmina de bisturi número 23

Lâmina de bisturi número 24

Pilha média

Pilha grande

Dreno penrose números 1,2 e 3

Omeprazol 40 miligramas injetável

Gentamicina 80 miligramas injetáveis

Neocaina isobárica ampola

Descarpack 13 litros

Fios: mononylon 2.0 agulhado, mononylon 0 duplo agulhadO, vicryl 1 e 2 para fechamento aponeurose

Dreno de tórax número: 26, 28, 30, 32, 34, 36 e 38

Tela de prótese (para correção de hérnias)

Água destilada 1000ml

Ranitidina injetável

Lâmpada para laringoscópio

No Centro cirúrgico:

Sala A: sala desativada por falta de: carrinho de anestesia, mesa cirúrgica, monitor e oxigênio. O ar condicionado está com defeito apresentando goteira com água suja proveniente do telhado, quando ligado contamina o local da mesa cirúrgica.

Sala D: foco queimado

Faltam frasco aspira eficiente em todas as salas

As canetas dos bisturi elétricos não encaixam adequadamente nos aparelhos sendo necessário "gambiarras" em todas as cirurgias para o seu funcionamento, expondo tanto a equipe médica, de enfermagem quanto os pacientes a risco de choque elétrico.





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Comentários (5)

  • Denise

    Segunda-Feira, 24 de Março de 2014, 00h09
  • O que ela relata e a situação agonizante do HPSMC. Todo atendimento ancorado pelos enfermeiros e medicos, que se doam para salvar vidas. Sem condições dignas de atendimento e de trabalho. É lamentavel tal situação que persiste sem a minima vontade politica séria e honesta pra resolve-la. É revoltante espero que no pais do \" futebol\", os brasileiros não se esqueçam de quem é responsavel por isso, e deem a resposta nas urnas, lembre-se a saude é um maior bem que uma pessoa deve ter um direito alienavel a condição humana.
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  • Lincoln

    Domingo, 23 de Março de 2014, 23h18
  • Me recuso a acreditar que ainda aparece aqui uma pessoa pra criticar a medica e ignorar o descaso que a prefeitura e o governo tem pela população cuiabana. Não está sendo discutido aqui a conduta ou o comportamento da médica, muito menos quem ela é. A questão que temos que levar em consideração é a denuncia de descaso e falta de respeito com a população. Essa médica esta dando a cara a tapa e vem um ignorante para critica-la. Por isso o país vive esse caos, por causa de gente mediocre como vc Nicole. Parabéns pela coragem Doutora Eloisa.
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  • ilmar

    Domingo, 23 de Março de 2014, 19h19
  • SEmpre dise que o programa MAIS MÉDICO é uma furada. O maior mal da saude brasileira é os corredores entulhados de pacientes, falta de leitos, falta de medicamentos e materiais. o que adiante colocar DEZ MÉDICOS num hospital que falta tudo isso? Até os médicos cubanos estão reclamando da falta de condições. DEZ MÉDICOS para um bisturi apenas?
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  • Joelma Oliveira

    Domingo, 23 de Março de 2014, 15h18
  • Conheço dr. Eloisa Curvo ....pois é ela que cuida do meu esposo que está com CA e sei da sua competência e dedicação a profissão escolhida ....Agora como desempenhar um bom plantão e sua função sem as condições minimas para salvaguardar a vida das pessoas...e se para fazer valer o direitos de muitos tem que dá esse piti como disse a Nicole ela tem meu apoio incondicional !!!Pode contar comigo pois sei da precariedade que é a saúde publica ! prescisamos nos unir e dar um basta neste país de poucos !
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  • Nicole

    Sábado, 22 de Março de 2014, 20h55
  • Essa médica...vive de dar piti, faz reclamação de tudo.Ela vive enrolando no plantão dela. .Rude, grossa c muitos pacientes que eu já vi, e ainda esbanja panca de cirurgiã.Só porque tem sobrenome Curvo, foi residente do HGU, pq não quer trabalhar sério vive de confusão.
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