“É mais que um pesadelo, é suicídio, é a morte. Temos instituições que poderiam assumir a Santa Casa, estamos tentando uma negociação, mas o grande problema é dívida trabalhista. Se pagar, o restante negocia as dívidas bancárias, com os médicos, com outras instituições, fornecedores, energia”, é o que diz o médico Paulo César de Figueiredo, que tem liderado mobilização para que a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá não feche as portas.
Em entrevista ao programa Tribuna, da rádio Vila Real FM 98.3, na quarta-feira (11), o médico defendeu que o local não seja fechado diante da inauguração do Hospital Central. Atualmente, a Santa Casa atende, além de pacientes de Cuiabá, Várzea Grande, e o interior do Estado, cerca de 200 crianças por dia no pronto-socorro infantil, com suporte de UTI neonatal, serviços de oncologia e atendimento para média e alta complexidade.
De acordo com o médico, o Hospital Central não teria condições de absorver todos os serviços prestados no local e a população ficaria desassistida. Com a gestão do Hospital Central pelo Albert Einstein, Paulo teme que a descentralização dos serviços da Santa Casa para outras unidades as sobrecarregue.
Referência no pronto atendimento infantil, até o momento não há outro hospital ou unidade que comporte a estrutura oferecida para o público infanto-juvenil. Em relação ao tratamento oncológico, o médico acredita que com a atual fila para atendimentos no Hospital do Câncer de Mato Grosso, caso seja fechada a Santa Casa, o contingente de pacientes aumentaria para além do suportável.
Paulo estima custos em cerca de R$ 20 milhões anuais para manutenção da Santa Casa, que poderia ser absorvido pelo Estado. “Nós queremos que a Santa Casa, ainda sob direção do Estado, permaneça aberta mesmo após inauguração do Hospital Central, até que se ache outra alternativa, seja pela prefeitura, ou por instituição católica filantrópica”, recomenda.
Ele avalia que a unidade se encontra em plenas condições de ser utilizada e externa o receio de prejuízos na retirada dos equipamentos e aparato técnico do local. “Isso é legal. Porque ela foi recebida equipada. A Santa Casa estava totalmente equipada com leitos, enfermarias, UTIs, centro cirúrgico e com R$ 2 milhões de medicamentos comprados. Ele [governador] não pode tirar ao bel-prazer, se ele sair vai ter que deixar equipada ou eu o processarei judicialmente", declara.
Questionado sobre as movimentações da classe política em prol da manutenção da Santa Casa, Paulo pondera que tem visto tentativas constantes de deputados estaduais em propor diálogo com o governador. No entanto, chama atenção e considera que poucos vereadores têm se manifestado sobre o tema.
“Eu tenho impressão que os vereadores estão preocupados, mas não tomaram iniciativa. Não tenho visto manifestação de vereadores na imprensa ou redes sociais, mas faço apelo para abraçarem essa causa. [...] Há uma necessidade dos vereadores se manifestarem, afinal eles foram eleitos pela população cuiabana e a santa casa é patrimônio cuiabano”, cobra o profissional.
Paulo ainda pede que a própria população se manifeste e pressione as autoridades para o não fechamento da Santa Casa. “O que temos que fazer é pressionar para não fechar nas condições que quer fechar, que ele deixe em um momento viável de modo que ela continue funcionando, sem transformar num prédio abandonado”.