Há anos eles estão no mercado, mas sua presença se tornou maior no pós-pandemia. Antes o leite condensado divida a prateleira com as misturas lácteas, mas agora os "genéricos" chegam ao café, que há recebeu o apelido de "café fake". Mas eles são a mesma coisa? Conforme especialistas, os “alimentos fakes” são produtos que se apresentam como algo que não são, seja pela aparência, pelo nome, ou mesmo pela forma de divulgação, mas a composição é diferente.
Muitas vezes, eles usam ingredientes substitutos de qualidade inferior, mas mantêm elementos que induzem o consumidor a acreditar que se trata do alimento tradicional. Com a adição de açúcares, gordura e conservantes, os fakes vão muito além de uma opção mais barata.
Para auxiliar a perceber as diferenças e destacar os impactos do consumo destes produtos, o , conversou com a professora doutora em Engenharia de Alimentos do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Adriana Paiva de Oliveira. Ela explicou como o menor custo pode ter auxiliado na propagação desses produtos e como o consumidor ainda não consegue diferenciar ao se deparar com eles nas prateleiras dos supermercados.
“Esses produtos, que parecem os alimentos tradicionais, têm alterações na sua composição, com a presença de aditivos alimentares, espessantes, conservantes e outros ingredientes de menor custo que não estão às vezes especificados nos rótulos e que, por isso, podem dificultar com que o consumidor consiga identificar o que é um alimento real do alimento fake”, descreve a professora.
Para perceber o que realmente o consumidor está comprando é necessária uma leitura minuciosa do rótulo, já que as embalagens dos produtos são parecidas e, muitas vezes, a distinção está nas letras miúdas que pouca gente dá atenção.
“Além de ler o rótulo, nós conseguimos diferenciar a partir dos preços muitos baixos, onde é possível perceber uma diferença de até metade do valor do produto original. A exemplo, o leite condensado, que pode chegar até R$ 8, enquanto a mistura láctea, o produto fake, é encontrado por até R$ 2,50”, explica a professora.
Os valores podem até fazer bem para o seu bolso, mas não são "amigos da saúde", isso porque esses produtos possuem uma qualidade nutricional inferior.
“Esses produtos possuem uma adição de açúcar, de sódio, de gordura, que são ingredientes prejudiciais à saúde, porque são alimentos ultraprocessados. O consumo excessivos desses alimentos pode levar à obesidade, diabete, hipertensão, problemas cardíacos, entre outras doenças”, elenca.
A professora pontua que os principais fatores para a popularidade desses produtos nos mercados são o encarecimento das matérias-primas e a necessidade de manter os preços competitivos para atrair consumidores com produtos mais baratos.
“A venda desses produtos é autorizada porque os rótulos e embalagens precisam mostrar que aquele não é o produto original. Como é um mercado novo, é necessário que o consumidor fique mais atento porque ele pode perceber, mesmo que escrito pequenininho embaixo”, orienta.
Parece, mas não é
Os alimentos fakes se diferenciam dos originais pelo aroma, textura e no sabor. “Nós conseguimos perceber que o café não tem aquele cheiro forte marcante, o leite condensado não tem aquela textura que estamos acostumados e o chocolate também não vai ter o mesmo sabor. Então, são diferenças que conseguimos perceber quando esses produtos são usados na culinária”, exemplifica.
A professora deixa uma lista de produtos fakes que são mais comuns de encontrar nos mercados e o trouxe as diferenças nos valores por meio de comparativo disponível no Nota MT.
Azeite de Oliva - Óleo Composto (Mistura de óleos vegetais e possui uma pequena porcentagem de azeite).
Azeite de Oliva - varia de R$ 24 a R$ 58
Óleo Composto - varia de R$ 12 a R$ 15
Café torrado moído - Pó para preparo de bebida sabor café (feito do milho ou trigo da cevada torrada e moída, aromatizada com sabor café)
Café torrado moído - varia de R$ 15 a R$ 26
Pó para preparo de bebida sabor café - varia de R$ 8 a R$ 13
Requeijão - Mistura de requeijão com queijo ou produto cremoso sabor requeijão
Requeijão - varia de R$ 12 a R$ 15
Mistura de requeijão - varia de R$ 7 a R$ 8
Iogurte (feito com a fermentação do leite) - Bebida láctea fermentada com soro de leite (leite fermentado e 50% de soro de leite mais adição do amido de milho)
Iogurte - R$ 4,39 a R$ 6
Bebida láctea fermentada com soro de leite - R$ 5 a R$ 6
Linguiça calabresa (feita pelo processo de carne de porco passando pela defumação) - Linguiça tipo calabresa (com adição de carne mecanicamente processada).
Linguiça calabresa - varia de R$ 24 a R$ 50 o quilo
Linguiça tipo calabresa - varia de R$ 14 a R$ 24 o quilo
Queijo (produto vindo do leite da vaca) - Queijo processado (com gordura vegetal, amido, água, a aditivos químicos e aromatizante de queijo)
Queijo - varia de R$ 8 a R$ 30
Queijo processado - varia de R$ 5 a R$ 10.
Água de coco- Água de coco com adição de açúcares
Água de coco - R$ 4,50 a R$ 6
Água de coco com adição de açúcares - R$ 2,19 a R$ 8
Leite em pó (leite desidratado) - Composto lácteo (mistura do leite com substâncias como soro de leite, manteiga, creme de leite, açúcar, entre outros.)
Leite em pó - varia de R$ 15 a R$ 16
Composto lácteo - R$ 5 a R$ 13
Leite condensado (leite e açúcar) - Mistura láctea condensada (com soro de leite, amido, açúcar, leite, gordura)
Leite condensado - R$ 7 a R$ 8
Mistura láctea condensada - R$ 4,99 a R$ 6
dito do porto
Segunda-Feira, 04 de Agosto de 2025, 06h41