A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT), por meio da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica, iniciou na segunda-feira (21.09) a 1ª Reunião de Atualização das Estratégias de Vigilância e Controle da Malária. A iniciativa tem como objetivo avaliar as ações desenvolvidas até o momento, rever os fluxos de trabalho e elaborar plano de ação para apoiar os municípios mato-grossenses no cumprimento de metas de redução, eliminação e prevenção da reintrodução da doença no estado.
O evento conta com a participação de seis Escritórios Regionais de Saúde, representante do Ministério da Saúde, além de técnicos do Lacen e das vigilâncias epidemiológica e ambiental da SES. A programação se estenderá durante toda a semana, onde serão abordados temas de relevância como o diagnóstico laboratorial, diagnóstico clínico e tratamento, sistemas de informação (SIVEP e SIES), avaliação do potencial malarígeno e controle vetorial.
Ao final do encontro será elaborado e pactuado o Plano de Ação e Monitoramento que deverá ser desenvolvido pelos Escritórios Regionais de Saúde e pelo Nível Central, onde constará o cronograma de visitas aos municípios para elaboração de plano de ação para vigilância e controle da malária. “Neste encontro iremos avaliar as metas programadas e executadas no controle da malária e definir as propostas para as próximas ações para manter a redução. É um momento para avaliarmos a situação da doença no estado e redirecionar as estratégias para melhorar as ações de controle de transmissão e a melhoria da vigilância em geral”, disse a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Flávia Guimarães.
Flávia explica ainda que os Escritórios Regionais de Saúde participantes foram selecionados seguindo alguns critérios como possuir municípios com transmissão ativa da doença ou que estejam em região de fronteira e áreas de instalação de usinas hidrelétricas e de linhas de transmissão. “Optamos por fazer primeiro uma reunião piloto com as regiões prioritárias, mas os temas discutidos serão socializados com os demais Escritórios e será agendada uma reunião com a participação de todos. Precisamos que todo o estado esteja envolvido na vigilância e controle da malária”.
Para a representante do Ministério da Saúde, Mariana Araújo, a reunião é fundamental e faz parte do calendário do Programa Nacional de Controle da Malária. “O Ministério da Saúde trabalha em conjunto com os estados, o que permite que o trabalho seja executado e ampliado cada vez mais e de maneira mais qualificada. Essas reuniões são uma oportunidade muito rica de troca de experiências e conhecimentos e fazem parte de um processo contínuo, o ideal é que aconteçam a cada quatro meses para que todo o processo de ações seja reavaliado”, explica.
Dentre as ações que são consideradas fundamentais para o bom desempenho do Programa Estadual de Controle a Malária e que são desenvolvidas pela Secretária de Estado de Saúde (SES) estão a capacitação de profissionais da saúde nas ações de diagnóstico laboratorial, de epidemiologia, de entomologia e controle vetorial. Além do aperfeiçoamento dos serviços de supervisão junto aos municípios que registram casos de malária incluindo análise e distribuição de insumos estratégicos como medicamentos e inseticidas. Na área das ações preventivas também são desenvolvidas estratégias de informação, educação e comunicação.
Números
Em Mato Grosso existem duas espécies parasitárias que causam a malária: o plasmodium vivax e plasmodium falciparum. Esse último é o mais grave, e se não for tratado logo pode levar o paciente a várias complicações como, por exemplo, coma e mau funcionamento dos órgãos vitais.
Até início do mês de setembro foram registrados 581 casos de malária em todo o estado, com percentual de 1,0% de malária falciparum. Já no ano passado, 879 casos foram notificados, com percentual de 3,8% de malária falciparum. Em 2013 foram notificados 1.236 casos, com percentual de 13,4% de malária falciparum.
Tendo como base os casos autóctones de malária registrados no ano de 2014, Mato Grosso tem três municípios (2%) que devem apresentar metas de redução, 53 municípios (38%) encontram-se em fase de eliminação dos casos e 85 municípios (60%) em prevenção de reintrodução. Para os casos de P. faciparum 20 municípios (14%) apresentam-se em fase de eliminação de casos autóctones e 121 municípios (86%) em prevenção de reintrodução.
Saiba mais
A malária é uma doença infecciosa aguda, causada por protozoários parasitas do gênero plasmodium. A transmissão ocorre por meio da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles, que se infecta ao sugar o sangue de uma pessoa doente.
Os criadouros preferenciais do mosquito transmissor da malária são os igarapés, por suas características: água limpa, sombreada e parada. Se não for tratada, a malária pode evoluir rapidamente para a forma grave e levar a óbito. Entre os sintomas, os mais comuns são dor de cabeça, dor no corpo, fraqueza, febre alta e calafrios. O período de incubação varia de oito a 17 dias, mas pode se estender por vários meses, em condições especiais.
A malária tem cura e o tratamento é eficaz, simples e gratuito. Ainda não existe uma vacina disponível contra a doença. Contudo, algumas medidas de proteção individual contra picadas de insetos devem ser utilizadas, principalmente nas áreas de risco. O uso de telas nas portas e janelas; o uso de repelente e, ainda, evitar locais de banho em horários de maior atividade do mosquito - manhã e final da tarde – são exemplos de medidas que devem ser adotadas para evitar a transmissão.
Lembrando que o eixo principal para vigilância e controle é o diagnóstico laboratorial oportuno e tratamento adequado.