O produtor rural é um dos principais aliados da preservação ambiental, ele concilia a produção de alimentos com práticas sustentáveis que garantem a conservação dos recursos naturais. Neste 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, é fundamental reconhecer que grande parte do que é preservado no Brasil está dentro das porteiras. Segundo a Embrapa Territorial, 25% da vegetação nativa preservada no país encontra-se dentro de propriedades rurais, que seguem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e ainda aumentam a produtividade da lavoura através das boas práticas de manejo e novas tecnologias.
Em Mato Grosso, estado líder na produção agrícola, essa consciência ambiental é passada de geração em geração. O delegado, da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), do núcleo de Jaciara, Marcelo Roversi, conta que mesmo sem ter conhecido o avô, cresceu ouvindo sobre o respeito à terra e ao ambiente. “Se vocês forem ver e pegar a história de cada um, todo mundo sempre levou essa relação muito a sério. A gente anda lado a lado com o meio ambiente, não tem como a gente não preservar, o que e do que a gente vive, vem dele. Ficou bem claro no Brasil, pelas áreas preservadas e dentro da lavoura, tem as boas práticas, como o plantio direto. E se a gente não tiver essas boas práticas, tudo que a gente faz vai embora”, afirma.
A responsabilidade ambiental também se reflete nas entidades que representam o setor. “Nós temos que ser justos nessa troca. A gente cuidando bem do meio ambiente, tratando da maneira como a legislação pede, nós temos um retorno e as boas práticas de Mato Grosso mostram isso, porque nós levamos a legislação debaixo do braço, conseguimos produzir muito nos pequenos espaços que podemos trabalhar e acredito que o produtor rural é excepcional nesse sentido. Nós fazemos lucro usando em algumas vezes apenas 20% do nosso negócio e a Aprosoja MT está trilhando o mesmo caminho”, acrescenta o delegado.
De acordo com o vice-presidente e coordenador da Comissão de Sustentabilidade da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier, este é um dos principais assuntos trabalhados pela entidade. “A questão do equilíbrio do meio ambiente com a produção agrícola tem sido a principal pauta de discussão dentro da associação. O estado do Mato Grosso é exemplo nisso e a Aprosoja MT tem ampliado essa atuação dos produtores através de alguns programas, entre eles, o Soja Legal e o Guardião das Águas, que visam a legalidade do produtor rural. O estado ainda é exemplo no plantio direto, na logística reversa de embalagens e na eficiência produtiva, produzindo mais em menos área, utilizando a agricultura de precisão e sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), onde a gente consegue fazer um aporte maior de carbono no solo, contribuindo também para a diminuição do efeito de estufa”, salienta o vice-presidente.
O produtor de Nova Mutum, Wagner Scharf, é um exemplo de como a tecnologia, o compromisso ambiental e a produção agrícola caminham lado a lado. Com 40% de sua área totalmente preservada, ele investe há alguns anos na Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e em manejos que promovem a regeneração do solo e a proteção das águas. Além disso, o agricultor também recolhe as embalagens de defensivos agrícolas para a logística reversa, direcionada ao Sistema Campo Limpo (SCL), do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV), para reciclagem.
“Aqui na nossa propriedade, introduzimos há sete anos o consórcio total com braquiária. Então, procuramos ter, três safras e, como sempre, tentando regenerar muitas áreas degradadas de pastagem, fazendo a rotação com o incremento do ILP e fortalecendo a biodiversidade de organismos no nosso solo. Em torno de 70% da área de plantio a gente pratica lavoura e 30% fica para a pecuária”, explica.
No estado, conforme o levantamento do programa Guardião das Águas, da Aprosoja Mato Grosso, 95% das nascentes estão conservadas ou em estágio moderado de conservação. E para Wagner, a água é prioridade absoluta. “A preservação de nossas nascentes é primordial, porque todo o restante dos obstáculos conseguimos ir passando com grande êxito. Agora, se chegar a ter o assoreamento de nossos córregos e nascentes, não produziremos nada. A ação que fazemos hoje, se reflete no futuro dos nossos filhos, dos nossos netos. Então, acredito que fazendo boas práticas, preservando 100% do nosso meio ambiente, é garantia de um futuro melhor e de longevidade para as nossas futuras gerações”, reforça.
Mesmo com práticas sustentáveis, produtores ainda enfrentam críticas e desinformação. “Nós somos muito atacados, mas graças a Deus e ao trabalho da entidade, estamos conseguindo mostrar a realidade aqui dentro da nossa porteira. Tivemos várias visitas e existem vários projetos acontecendo aqui na nossa região, onde vem cada vez mais se destacando no critério de preservação”, afirma o produtor, que também integra o programa Soja Legal, da Aprosoja MT.
Ações como agricultura de precisão, rotação de culturas, plantio direto, recuperação de áreas degradadas e a gestão de resíduos já fazem parte da rotina de milhares de produtores. O apoio contínuo da Aprosoja Mato Grosso tem se mostrado fundamental para garantir que todos possam adotar as melhores práticas, independentemente do tamanho da propriedade.
Com o compromisso de preservar os recursos naturais e adotar práticas agrícolas responsáveis, os produtores mato-grossenses se consolidam como referência na agricultura sustentável, com um olhar atento para o futuro das próximas gerações e para a continuidade da produção de alimentos. Neste 05 de junho, a mensagem que ecoa do campo é clara, o produtor rural não é antagonista. Produzir com responsabilidade é um compromisso diário e uma garantia para o futuro. No campo, produzir e preservar caminham lado a lado.