Cidades Sexta-Feira, 13 de Junho de 2025, 10h:33 | Atualizado:

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Oficinas marcam processo de cocriação entre laboratórios de inovação

 

Da Redação

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A programação da tarde desta quinta-feira (12 de junho) do 1º FestLabs Centro-Oeste, em Cuiabá, foi marcada pela realização de oficinas imersivas, simultâneas e colaborativas, consideradas uma etapa importante do processo de cocriação e escuta entre os laboratórios de inovação do Judiciário brasileiro.

Com foco no enfrentamento de desafios reais e no uso estratégico da inteligência artificial, as oficinas ofereceram uma jornada metodológica que simulou uma travessia por "ilhas do conhecimento". Dessa forma, os(as) participantes desenvolvem soluções a partir da escuta ativa, da troca de experiências e da construção coletiva. A proposta  é valorizar a inteligência institucional, promover a criatividade aplicada e ampliar o protagonismo dos laboratórios de inovação.

O juiz auxiliar da Presidência do TJMT, Emerson Cajango, ressaltou a proposta inovadora do 1º FestLabs Centro-Oeste, destacando que a dinâmica colaborativa do evento representa um novo modo de pensar o Judiciário. Segundo ele, a troca de experiências entre os diferentes ramos da Justiça, em um ambiente aberto à escuta e à criação conjunta, é importante para romper com práticas tradicionais e impulsionar transformações reais. “Esse espaço é fértil para que ideias inovadoras se desenvolvam. Antes, compartilhávamos modelos de sentença, agora, compartilhamos prompts. É a modernização batendo à porta e o Judiciário precisa estar pronto para ela”, afirmou.

Uma das oficinas do dia, a "Oficina Criativa", teve como pilar a metodologia "Design Thinking". “Todos aqui são protagonistas da inovação. Eu sou apenas um facilitador, aquele que vai servi-los na condução dos processos de cada etapa. Nossa metodologia parte da premissa de que a solução não está pronta e, por isso, vamos construí-la juntos, focando primeiro na compreensão do desafio através de uma etapa de imersão e interpretação. É um processo muito orgânico. A ideia é que o FestLabs construa algo e que, desta construção, nós levemos contribuições ao FestLabs Nacional", explicou o coordenador científico e facilitador das Oficinas Criativas do FestLabs Centro-Oeste, David Montalvão.

Das ilhas ao continente - A "Ilha de Partida" foi dedicada à integração das equipes, momento em que os(as) participantes assumiram perfis simbólicos: Explorador-Chefe, Tecelão de Rotas, Cartógrafo da Jornada e Habitante da Ilha. O explorador-chefe liderou com foco e escuta ativa, o tecelão de rotas conectou ideias e garantiu o engajamento do grupo, o cartógrafo da jornada registrou os aprendizados e o habitante da ilha contribuiu com olhar crítico e soluções criativas.

No momento "Explorando a Ilha", os(as) participantes realizaram entrevistas cruzadas para identificar dores institucionais vivenciadas em seus contextos. Utilizando técnicas como brainwriting, os relatos foram registrados e organizados coletivamente no "Mapa de Desafios", revelando pontos de convergência entre as diferentes realidades dos laboratórios.

Com base nesses achados, foi chegado o momento "Barco à Deriva" orientou os grupos na construção de uma pergunta-problema estratégica, com uso da metodologia “How Might We?” (Como podemos...). Essa pergunta norteadora foi o ponto de partida para o processo de ideação e elaboração de soluções no segundo dia do evento.

Então, na "Ilha das Montanhas", todos foram convidados  a consolidar e reinterpretar as informações colhidas, promovendo releitura crítica e aprofundamento das dores. Em seguida, durante a "Visita a Outras Ilhas", as equipes circularam entre si para trocar percepções e provocar reflexões sobre os desafios dos colegas, reforçando o caráter coletivo e plural da iniciativa.

Landislau Oliveira, que atua no setor de estatística do Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul (TRE-MS), supreendeu-se com a dinâmica do evento. "Desde o início, na abertura, está tudo muito leve, com uso de linguagem simples, sem tantas formalidades. E, nas oficinas, estamos aprendendo muito, compartilhando e provocando mesmo à reflexão. É um mundo novo", apontou.

O dinamismo proposto também foi elogiado por Alex Molina, diretor da TI da Justiça Federal (TRF-1). "O formato é muito interessante. Podemos encontrar pessoas dos outros tribunais e a gente percebe que as nossas dores são muito parecidas. Dessa forma, podemos conhecer de perto o que estão fazendo para melhorar e resolver. É um encontro muito rico e ajuda muito a gente", evidenciou.

Engenharia de Prompts - Um dos pontos altos do dia foi a participação simultânea desses perfis simbólicos na Oficina de Engenharia de Prompts. Um dos responsáveis foi o desembargador Luis Octávio Saboia Ribeiro, do TJMT. "Entre os méritos do FestLabs está o de conectar as pessoas, fazendo a gente criar uma rede de colaboração, porque também ninguém inova sozinho", apontou.

A atividade apresentou os princípios que norteiam a construção de prompts eficazes para ferramentas de inteligência artificial generativa, inclusive, algumas desenvolvidas exclusivamente para uso e busca por informações do Judiciário brasileiro, a exemplo do Apoia. Foram destacados ainda  elementos considerados fundamentais de um prompt bem estruturado: persona, tarefa, contexto, formato, tom/estilo, restrições e exemplos.

A oficina também abordou os erros mais comuns nesse processo, como o uso de comandos vagos ou subjetivos, com exemplos e exercícios práticos tratando sobre como a formulação correta de uma pergunta impacta diretamente a qualidade da resposta gerada por IA. Foi reforçado, que a atuação humana, por meio da curadoria, do escrutínio técnico e da análise crítica, permanece necessária para validar, interpretar e aprimorar os conteúdos gerados por sistemas de IA.

Ao final do primeiro dia de atividades, na "Ilha Central – Rosa dos Ventos" foram reunidos os elementos da jornada em painéis visuais: contexto, dores, insights, desafios e perguntas ajustadas. "Hoje estamos num grande divâ da inovação. Todas essas entregas servirão como base para o segundo dia do FestLabs, quando os grupos irão apresentar suas ideias e propostas, buscando soluções alinhadas às necessidades reais dos tribunais e seus laboratórios", revelou David.

Além das dinâmicas, as oficinas do FestLabs representam um modelo de cocriação aplicada à Justiça. "É uma experiência muito diferente porque cada participante sai de uma posição passiva para ativa, como protagonista, já que cada um expõe seus problemas, ouve e também encontra soluções em colaboração”, apontou a juíza coordenadora do Laboratório de Inovação do Poder Judiciário de Mato Grosso, Joseane Quinto Antunes. "É um modelo de evento onde a escuta, a colaboração e o uso inteligente da tecnologia caminham juntos para transformar práticas institucionais. O evento reforça que inovar não é apenas implantar ferramentas digitais, mas repensar processos, mobilizar talentos e construir respostas conjuntas para os desafios do presente e do futuro",  acrescentou o desembargador Saboia.

O evento também promoveu uma reflexão sobre a própria natureza da Justiça no contexto contemporâneo. O juiz auxiliar do Supremo Tribunal Federal (STF), Anderson Paiva Gabriel, sublinhou a importância de desmistificar a ideia de um Judiciário acessível apenas "fisicamente" e a necessidade de abraçar a cidadania digital como um meio de aproximação com o cidadão. “É a prova de que o Judiciário pode e deve ser desencastelado, trazendo tecnologia, informação e capacitação. O Poder Judiciário está trazendo cidadania para as pessoas neste momento contemporâneo e a cidadania digital é parte importante nesse contexto. É preciso então desmistificar um pouco essa associação de justiça com um lugar e sim com um serviço público que reforça o conceito de cidadania", assinalou.

1º FestLabs Centro-Oeste - Realizado em Cuiabá, o evento é promovido pelo Poder Judiciário de Mato Grosso (PJMT) com apoio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e reúne representantes dos tribunais de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Goiás (TJGO) e Distrito Federal e Territórios (TJDFT), além da Justiça Federal, Justiça do Trabalho e equipes técnicas de diversos órgãos que integram o ecossistema de inovação pública no país.





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