O Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU) de Cuiabá será enviado formalmente à Câmara Municipal pela Associação Cuiabá Mais Verde com o prazo de três meses para sua execução. A medida foi definida ontem, durante uma mesa de debate promovida pela organização em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá).
O encontro reuniu vereadores, Ministério Público de Mato Grosso e muitos cidadãos preocupados com as mudanças climáticas e o meio ambiente da capital. Presidente da Cuiabá Mais Verde, Sílvia Mara comentou que agora é hora de concretizar ações.
"Chega de plantio amador de árvores. Vamos cobrar que o poder público faça o que está no plano diretor", ressaltou ela. Apesar do convite para a mesa de debate, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável não compareceu. A intenção foi formalizar publicamente a entrega de um termo de cobrança para execução do PDAU.
O plano diretor foi elaborado pelo professor Dr. João Vicente de Figueiredo Latorraca, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em 2023. Foi apresentado em 4 de abril de 2023 em audiência pública na Câmara Municipal de Vereadores, mas até agora ainda não saiu do papel.
"É um trabalho que tem metodologia, tecnicidade e valor. Identificou ilhas de calor, fez um inventário de árvores e mapeou alguns corredores ecológicos. Precisa ser atualizado, mas é um ótimo ponto de partida", validou o promotor Carlos Eduardo Silva, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
"Vamos buscar uma reunião com o prefeito Abílio Brunini para aprovar o plano. Não quero chegar ao final dos quatro anos de mandato e me sentir envergonhado por não ter feito o mínimo pela minha cidade", desabafou o vereador Coronel Dias.
O objetivo da associação Cuiabá Mais Verde é que, depois de novamente apreciado pela Câmara, o PDAU seja transformado em lei municipal, com previsão de orçamento e recursos públicos para sua implementação.
"O plano precisa ser desdobrado em metas regionais, e o censo de árvores precisa ser atualizado. O projeto de lei permite esse detalhamento da execução do plano diretor", ponderou o professor Juacy Silva, diretor da associação.
De acordo com o PDAU, Cuiabá tem, em média, 20% de cobertura vegetal, sendo que a maior parte dos bairros da cidade não alcança os 10%. São percentuais inferiores a 30% necessários para que um município possa ser considerado “verde”.
Reconhecida pelo clima quente e seco, a ex-Cidade Verde sofreu nos últimos anos com o desaparecimento das árvores. Além de darem sombra e permitirem o sequestro de carbono, as árvores dão resiliência às cidades, equilibrando ação humana, ambiental e climática.
“A defesa da arborização de Cuiabá dialoga com o nosso propósito, que é articular forças para tornar nossa capital uma cidade melhor para viver e empreender”, enfatizou o vice-presidente da CDL Cuiabá, Célio Fernandes.
A recuperação do título de “Cidade Verde” é uma das medidas propostas em um documento de reivindicação da CDL Cuiabá aprovado pelo atual prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini. “Uma Cuiabá mais arborizada é uma cidade maia acolhedora, mais viva e próspera”, reiterou Célio.
"O PDAU pode contribuir para que Cuiabá faça, enfim, a adesão ao Plano Nacional sobre Mudança do Clima, ou crie seu próprio plano. Afinal, as obras públicas não podem ser feitas sem levarem em conta a arborização da cidade", observou o promotor Carlos Eduardo Silva.