Este ano, pela primeira vez, o Dia da Consciência Negra foi celebrado como feriado nacional e o TRT comemorou a data com ações de combate ao racismo, com destaque para a campanha na partida entre o Cuiabá Esporte e o Flamengo, realizada em 20 de novembro na Arena Pantanal.
“Nós estamos aproveitando o jogo do Cuiabá com o Flamengo, que é uma partida muito importante para dar uma maior visibilidade para essa pauta que é tão importante. Nós fizemos parceria tanto com a CBF quanto com o Cuiabá Esporte Clube. Os jogadores entrarão em campo com a camiseta da campanha contra o racismo, eles vão colocar também o selo da campanha na frente da camiseta para jogar a partida toda, fizemos a distribuição de leques para toda a população do estádio", declarou a presidente do Tribunal, Adenir Carruesco.
"Com certeza o Brasil todo vai estar assistindo essa partida e até mesmo fora do Brasil. Ou seja, é uma campanha para Cuiabá, para Mato Grosso, para o Brasil e o mundo. Essa é uma forma simbólica de mostrar também que essa ação enfatiza o compromisso que temos com a causa. Mostra que nós nos importamos, mostra que estamos atentos e mostra que nós estamos na luta. Eu convido a todos assistirem a partida Cuiabá e Flamengo porque é mais do que uma partida, é uma jornada por justiça e equidade”, emendou.
A presidente ainda falou sobre representatividade e destacou a importância de ser a primeira mulher negra de carreira presidente do TRT mato-grossense. “Quando você traz essa questão à tona, você coloca produções que a gente pode fazer para mostrar pessoas que conseguiram furar a bolha e mostrar pessoas de destaque na sociedade. A gente começa a se enxergar nessa posição de destaque, nessa posição de tomada de poder, porque primeiro você tem que acreditar que você pode. Uma forma de acreditar que você pode, é quando você vê o exemplo: se Fulano chegou, saindo de uma condição muito parecida com a minha, é possível”.
Ela lembrou como o racismo ainda é presente no dia a dia e como o Judiciário pode contribuir para combatê-lo. “Quando a gente fala em racismo estrutural, a gente fala num conjunto de experiências, a prática cultural, as práticas da sociedade que reproduz o racismo, ainda quando a pessoa não tem consciência de que ela tá reproduzindo uma prática racista. Você vê que está impregnado em todas as instituições públicas e privadas. E como é que você percebe isso no seu dia a dia? Quando você olha, por exemplo, para o Judiciário e você não vê as pessoas negras de um modo geral. Cheguei nesse tribunal, mulher preta, em 94 eu fui a única. Aí você chega sozinho e pergunta ‘por que que não tem mais negros participando aqui dos cargos de poder de direção?”, indagou.
"O Judiciário precisa praticar dentro de casa, dando exemplo e também produzir ações que vão contribuir para transformar a sociedade. Aulas de conscientização, de letramento racial… Aqui, por exemplo, no Tribunal nós temos um trabalho muito importante com o aprendizado e nesse trabalho a gente dá preferência para a população negra, a nossa biblioteca, nossa Escola judicial, um pacto também para que sejam frequentadas por pessoas negras. Temos várias outras ideias e ações que realizamos para que tenha um potencial transformador na sociedade", completou a magistrada.