Prints de conversas mantidas no WhatsApp mostram um "bom relacionamento" entre o vendedor de joias, L.J.E.S, - vítima de cobradores que utilizavam chicote para obrigar o pagamento e praticar extorsão -, e o empresário Rafael Geon de Sousa, suspeito de ter mandado a ‘Máfia do Chicote’ cobrar e surrar o comerciante. As imagens foram anexadas no inquérito instaurado pela Polícia Civil como prova de que o empresário não estaria relacionado ao crime que foi filmado, compartilhado em aplicativos de mensagens e ganhou repercussão nacional. 

Rafael Geon e outros cinco homens são suspeitos de integrar um grupo de cobradores que extorquiam vítimas em Cuiabá. Ele e Bruno Rossi Penazzo foram presos pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Cuiabá (Derf) na manhã da última quarta-feira (20), na Operação Piraim. Geon foi solto no mesmo dia, pelo juiz João Bosco Soares da Silva que levou em consideração ele ter um filho autista de 5 anos e uma esposa grávida de 8 meses internada. 

As conversas são do dia 8 de maio deste ano, três dias após a vítima ser agredida com um chicote por um grupo de quatro homens, identificados pela Polícia Civil como Sérgio da Silva Cordeiro, José Augusto Figueiredo e Benedito Luiz Figueiredo e Guilherme Augusto Ribeiro. Toda a ação correu em um posto de combustíveis da Capital, foi filmada e divulgada em todo o país. 

As conversas foram apresentados com uma declaração de L.J.E.S, afirmando de Rafael Geon de Souza não teve nenhum envolvimento em suas agressões. “Assim posso confirmar que entre nós existe bom relacionamento, ainda, nunca tive ciência que o senhor Rafael tenha qualquer envolvimento com ilícitos, consignado ainda desconhecer qualquer fato que desabone sua conduta social”, declarou. 

No entanto, a declaração confronta o que a própria vítima disse em depoimento ao delegado Guilherme de Carvalho Bertoli, onde informou ter suportado diversas agressões físicas dizendo que que no dia dos fatos foi até o Posto Bom Clima para encontrar o com Bruno Rossi, seu credor, para negociar a dívida existente. Contudo, Rafael também estaria presente com os demais criminosos.  

“Extrai-se que a vítima e seu genitor, mesmo após padecer com as agressões, continuam temendo por represálias por parte da associação criminosa, visto que, em data recente, 16/08/2023, assinaram declarações eximindo o suspeito Rafael Geon e Sousa de qualquer prática ilícita”, diz trecho do inquérito policial. 

Nas imagens anexadas ao documento policial, vítima e suspeito falam sobre negócios, vendas de joias e trocam dicas de como comercializar melhor na data que estava para chegar, o Dia das Mães. No dia 15 do mesmo mês, a vítima, inclusive chega a mandar o anúncio de que sua joalheria entrou com um pedido de falência e Rafael Geon diz o seguinte: “Poxa que triste, mas é isso aí meu amigo, começar outro ramo, ir para cima, logo logo cê consegue zerar tudo”, lamentando. 

Já no dia 17, outra troca de mensagens é feita. Dessa vez, a vítima parabeniza o suspeito pelo aniversário. “Que Deus te abençoe hoje e sempre, derramando muitas bênçãos, paz, saúde e prosperidade”. A qual é agradecida pelo empresário com “Valeu irmão graças a Deus mais um dia de vida  com muita paz, correndo atrás”.