Cidades Terça-Feira, 20 de Abril de 2021, 10h:10 | Atualizado:

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MÁFIA DA SAÚDE

Sem Vara, hospitais superfaturam cirurgias em até 1000% em MT; veja documentos

Governo avalia que economiza R$ 100 milhões por ano com ações tramitando em uma única vara

WELINGTON SABINO
Da Redação

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A criação da Vara Estadual Especializada em Saúde Pública em Várzea Grande com a concentração de todos os processos judiciais que demandam tratamentos médicos a serem custeados pelo Estado é apontada como fator responsável por colocar fim à prática de valores superfaturados em até 10 vezes acima da média praticada quando o "cliente" era o Governo do Estado. Desde a implementação da vara especializada, em 30 de setembro de 2019, Mato Grosso vem economizando uma média de R$ 100 milhões por ano, conforme o próprio governador Mauro Mendes (DEM) afirmou no início de fevereiro deste ano.

Documentos obtidos pelo FOLHAMAX que trazem orçamentos de uma uma cirurgia de nefrolitotripsia, procedimento realizado para tratar cálculo renal, apontam que em dezembro de 2018 hospitais privados chegavam a cobrar valores entre R$ 135 mil a R$ 153 mil. Outro orçamento emitido depois que a vara especializada já estava funcionando, mostra a mesma cirurgia sendo orçada por R$ 9,4 mil.

Esses documentos fazem parte de processos que tramitaram e continuam tramitando na 1ª Vara Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Várzea Grande, sob o juiz José Luiz Leite Lindote. Um dos orçamentos feitos em 2018 totalizando R$ 138,6 mil trouxe os valores pormenorizados apontando que somente para o cirurgião o valor destinado seria de R$ 30 mil, enquanto outros R$ 27 mil eram para pagar o auxiliar que partiparia do procedimento cirurgico.

Nesse caso, o anestesista receberia R$ 21 mil e os materiais utilizados sairiam por R$ 18 mil. Ou seja, o dobro do valor total da mesma cirurgia orçada depois que a vara especializada já estava em atividade.

Nesse mesmo orçamento, estava incluido o valor de R$ 30 mil para custear três diárias de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e outros R$ 12,6 mil, descritos como custeio da parte hospitalar. Em outro orçamento que faz parte de ação ajuizada na Vara Especializada da Saúde, traz esses valores detalhados a preços muito abaixo daqueles pesquisados em dezembro de 2018.

Nesse caso, a mesma cirurgia de de nefrolitotripsia, aponta que do custo total de R$ 9,4 mil os valores individualizados ficaram da seguinte maneira: 2,3 mil para custo hospitalar, R$ 900 de honorários de anestesista, outros R$ 900 para pagar auxiliar, mais R$ 2,2 milhões destinado ao cirurgião e R$ 300 para o instrumentador. Os materiais utilizados no procedimento sairiam por R$ 2,6 mil.

Em janeiro deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) retirou a competência da da Vara Especializada para para julgar processos relacionados a idosos, crianças e adolescentes, por entender que esses pacientes devem ter os processos analisados no foro de seus domicídios. Ou seja, moradores de outras cidades do Estado devem ingressar com ações que envolvam pedidos de custeio de saúde nas cidades onde moram, não sendo obrigados a ter que protocolar as ações somente na Vara Especializada na comarca de Várzea Grande.

Contudo, em nova decisão do ministro Og Fernandes, divulgada nesta segunda-feira (19), o próprio STJ decidiu pela manutenção da Vara Especializada da Saúde Pública de Mato Grosso como apta para julgar e processar ações relacionadas a demandas por saúde pública. Em fevereiro, quando a Corte Superior declarou a incompetência da Vara Especializada, o governador Mauro Mendes criticou a decisão afirmando que a chamada "máfia da saúde" desviava cerca de R$ 100 milhões por ano para atender as ações judiciais relacionadas ao setor da saúde pública.

Segundo ele, alguns “mafiosos” aproveitavam da boa vontade do Poder Judiciário para roubar o dinheiro público. “Nós gastávamos quase R$ 200 milhões por ano com essas judicializações. Depois que a Vara foi criada, essa despesa caiu por menos da metade. Algumas pessoas usavam dessa boa fé do Poder Judiciário e conseguiam cirurgias que eram para ser contratadas por R$ 20, 30 ou 50 mil e o Estado pagava até 10 vezes mais. Isso é desviar na cara dura o dinheiro público para alguns mafiosos na saúde”, afirmou Mendes à época. 

 

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Comentários (6)

  • Leal

    Terça-Feira, 20 de Abril de 2021, 11h50
  • Aí, Pedrão...e a “amizade” do Lula com a família ODEBRECHET , com os EIke Batista, com o Joesley Batista e outros “não tinha nada de interesse nem superfaturamento”... Nos poupe, né..????????
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  • ? cada man? que aparece

    Terça-Feira, 20 de Abril de 2021, 11h04
  • E quando era o ladrão petista o céu era aqui e não havia corrupção né ? Voce aí que diz que evangelico recebe subsídio do governo , vai estudar primeiro o que é subsídio . No tempo do ébrio de Garanhuns como presidente aí sim havia ajuda de pão com mortadela , onibus fretado com dinheiro de sindicato pelego, ajuda para invadir terras e muito , muito roubo de dinheiro público. E por fim cidadão , é o empresário honesto que sustenta esse país , pois o desonesto nem imposto paga.
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  • sediclaur

    Terça-Feira, 20 de Abril de 2021, 10h32
  • O crime, a corrupção, estão de certa maneira arraigados no brasileiro desde as origens quando Portugal enviou condenados prisioneiros e prostitutas para povoarem o Brasil. Infelizmente quem pode mais ainda faz uso desse tipo de procedimento criminoso e injusto para explorar e levar vantagem sobre os outros, isso não só muitos dos políticos mas também grupos econômicos e de profissionais liberais também como vemos neste caso citado. Mas não é possível aceitar que isso continue acontecendo nos dias de hoje. É preciso denunciar para que possa ser punido quem age desta forma. Isso precisa ser mudado.
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  • Jota

    Terça-Feira, 20 de Abril de 2021, 10h28
  • Sempre tem gente querendo ganhar dinheiro com o problema dos outros. Seja os hospitais, com o aumento dos valores das internações, sejam os cidadãos oportunistas com a venda de medicamentos como o Tocilizumabe. É gente rindo com a desgraça dos outros, infelizmente. O MPE precisa agir nesses casos.
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  • Pedro

    Terça-Feira, 20 de Abril de 2021, 10h22
  • Sempre super faturaram .Aliais aqui no Brasil não existe empresário honesto ..Só ficaram rico na custa do povo ..Desde produtor de soja , agropecuária , saúde , tudo tem máfia ...Depois e só lula que e bandido kkkkk..O povo e corrupto , esse evangélicos recebem subsídios do governo , e por isso que apoia Bolsonaro ...tudo está ligado dinheiro .
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  • alberto

    Terça-Feira, 20 de Abril de 2021, 10h18
  • O problema não é ter vara exclusiva, o problema é o Estado não ter UTIs em quantidade suficiente para atender a população. tendo UTI não vai ficar na mão de máfia nenhuma...e quando precisar mesmo tendo mais UTIs, precisa ser mais eficiente e já contratar administrativamente leitos privados para o paciente que precisar, sem necessidade de o cidadão judicializar o problema! Enfim, a solução é o Estado ser eficiente!
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