O juiz da 11ª Vara Criminal Militar de Cuiabá, Moacir Rogério Tortato, manteve a acusação de tortura contra o tenente da Polícia Militar, Thiago Satiro Albino, e também contra outros três soldados PM. Em decisão do último dia 11 de junho, o juiz, porém, reconheceu a prescrição das acusações de ameaça, constrangimento ilegal e lesão corporal contra os policiais militares. Além do tenente, respondem ao processo os soldados Ri Kevin Roberto Torales dos Santos, Nilson Moraes de Aguiar e Paulo Coleto da Silva Filho.
Com a decisão do juiz, os quatro policiais, tenente e soldados, permanecem respondendo apenas pelo crime de tortura. Uma audiência foi designada para o dia 30 de julho de 2024, às 14h30. Com uma “capivara” de fazer inveja até mesmo a altos membros de facções criminosas, é de se indagar os motivos que levam Thiago Satiro Albino a permanecer nos quadros da PM.
O tenente PM responde a pelo menos 18 inquéritos policiais instaurados pela Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso, sendo acusado de crimes como tortura, agressões físicas e verbais, além de invasão a domicílio.
Em sua atuação na Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), Thiago Satiro Albino invadiu a residência de uma estudante de jornalismo de 23 anos para agredi-la com socos e pontapés no ano de 2020, em Cuiabá. Posteriormente, o “policial” teria dito que “entrou na casa errada”.
Já no ano de 2018, o tenente PM comandou uma “sessão de tortura” contra um homem de 27 anos que tinha ido num estabelecimento comercial comprar um refrigerante para sua esposa, que estava grávida. O casal é morador de Várzea Grande. Thiago Satiro Albino, junto a outros três policiais militares, mandou um dos agentes pegar álcool e fósforo, prometendo que iria “queimar” a roupa da vítima com ela ainda em seu corpo, que teve que ficar só de cueca, em público, para escapar das chamas.
Não satisfeito, o “policial militar” disse que iria deixar o homem de 27 anos “como Jesus”, e pediu novamente para outro policial pegar um cabo de aço na viatura, e passou a desferir “chicotadas” na vítima, que só não teria sido "crucificada" pois um dos policiais “implorou” para que o tenente colocasse fim à tortura, para "não dar problema".
A rotina de torturas e agressões do tenente PM não pararam por aí. No mesmo dia em que tentou “queimar vivo” e deu “chicotadas” no homem que saiu para comprar um refrigerante para a mulher grávida, em 2018, Satiro torturou um casal que voltava do mercado na frente dos próprios filhos.
A mãe das crianças foi pisoteada no pescoço, agredidas com socos e chutes, arrastada pelos cabelos, e ainda sofreu jatos de spray de pimenta nos olhos.
Thiago Satiro Albino também é um dos alvos da operação “Coverage”, que apura a adulteração dos dados de uma arma de fogo (pistola Glock de 9mm), utilizada no cometimento de assassinatos de um grupo de extermínio formado por policiais civis e militares, revelados na operação “Mercenários”.
João Dias
Domingo, 07 de Julho de 2024, 15h15