O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, manteve a prisão do ex-assessor parlamentar Elzyo Jardel Xavier Pires, que atuava junto ao vereador da Capital, Paulo Henrique (MDB), acusado de ligações com a facção criminosa “Comando Vermelho”. Em decisão publicada nesta quarta-feira (6), o magistrado negou o pedido do ex-assessor.
Jardel pediu para ser beneficiado de uma decisão favorável a outros dois alvos da operação “Ragnatela”, que revelou a ligação de Paulo Henrique com a facção, que saíram da cadeia. “Verifica-se que a materialidade dos delitos e os indícios suficientes de autoria do denunciado foram demonstrados pelos documentos carreados aos autos, os quais indicam que o increpado, no interesse da Organização Criminosa Comando Vermelho ou de suas lideranças, ocultou ou dissimulou a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal”, analisou o magistrado.
Nos autos, um diálogo de Elzyo Jardel Xavier Pires revela que ele tinha posição de destaque dentro do Comando Vermelho, inclusive na cobrança de outros supostos faccionados que possuiam empresas para contribuir com a organização. “No grupo aqui todo mundo tem condições de dar esse dinheiro, aqui nesse grupo não tem nenhum que falar que não tem condições, todo mundo aqui ganha dinheiro de festa toda semana, tem sua correria, tem seu comércio, tem sua boca de fumo, todo mundo tem condições aqui, isso é conversa”, revela um dos diálogos interceptados do faccionado.
Segundo as investigações, o vereador Paulo Henrique agiu de forma burocrática para autorizar o funcionamento de casas noturnas, e também a realização de shows, adquiridos e promovidos pelo “Comando Vermelho”. Ele também é suspeito de receber propina da organização criminosa.
Conforme as investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT), comandada pela Polícia Federal, o vereador também teria utilizado o sindicato que preside para lavar dinheiro da facção. Entre as lideranças do CV que seriam ligadas ao vereador está Joadir Alves Gonçalves, o “Joga”, dono do Dallas Bar, em Cuiabá. O ex-assessor parlamentar Elzyo Jardel Xavier Pires se apresentava como “guri do Joga” e “bandido”, segundo as investigações.
Na última terça-feira (5), o Ministério Público do Estado (MPMT) denunciou o vereador Paulo Henrique por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.