O Tribunal de Justiça de Mato Grosso negou conceder liberdade ao sargento da Polícia Militar, Adelso Francisco dos Santos. Ele está preso preventivamente há um ano e dois meses pela suspeita de integrar uma organização criminosa destinada ao tráfico de drogas e extorsão.
O esquema foi desarticulado pela Operação Cérberus deflagrada em novembro de 2020 pela Polícia Federal em conjunto com a Polícia Civil. A decisão do magistrado foi publicada na sexta-feira (22) no Diário da Justiça.
A defesa alegou no habeas corpus que o sargento é submetido a constrangimento ilegal, pois a prisão preventiva estaria configurando uma pena antecipada. Citou que até o momento não foi oferecida denúncia criminal, permanecendo no cárcere apenas por conta de investigação em curso.
O desembargador Orlando Perri, ao negar o habeas corpus, ressaltou que as investigações apontam a existência de uma organização criminosa fortalecida no sentido de cometer delitos, atraindo até profissionais da segurança pública, o que leva a necessidade de preservar a prisão por conta da garantia de ordem pública. “Existem evidências concretas, conforme as informações extraídas dos Relatórios Policiais e da individualização da conduta descrita pela Autoridade Policial acima disposta, de que esses investigados, em tese, integram e fomentam uma Organização Criminosa, especializada na prática do delito de tráfico de entorpecentes através da prática conhecida por ‘arrocho’, roubando a droga de traficantes, via de regra atacando transportadores contratados por estes, para revenda da carga ilícita a outros traficantes, em Cuiabá e outros municípios de Mato Grosso”, argumentou.
Operação Cérberus
A operação policial foi deflagrada em novembro de 2020 para prender lideranças do crime e promover a descapitalização patrimonial do grupo, a fim de evitar a formação de uma possível milícia em Mato Grosso. A PF informa que os suspeitos estariam subtraindo carregamentos de drogas e vendendo o material para outros criminosos. Alguns dos investigados possuem antecedentes criminais extremamente violentos, com passagens por extorsão, homicídios e tráfico de drogas.
Os suspeitos vinham ostentando padrão incompatível com os rendimentos lícitos. De acordo com a investigação, estas pessoas teriam aberto empresas de fachada, usando familiares para ocultarem patrimônio.
Na ação, a PF apreendeu celulares, veículos e armas de fogo. A Justiça determinou ainda o bloqueio de até R$ 5,5 milhões das contas dos investigados, além do sequestro de veículos e imóveis registrados.