Dois grupos de amigos registraram, em momentos diferentes, duas curiosas aparições nos municípios de Luciara e Santa Terezinha, a 1.180 km de 1.329 km de Cuiabá, respectivamente. Ambos pescavam no rio Araguaia quando avistaram uma família de botos. As imagens foram registradas e nelas é possível ver os amigos alimentando os animais, que surpreendem pelo comportamento dócil e amigável. De acordo com o zooólogo da Universidade Federal de Mato Grosso, Paulo César Venere, é importante se pesquisar o impacto do contato dos animais com os humanos.
Segundo Marcos Coronheiro, de 22 anos, ele estava passeando em Luciara quando filmou o encontro. O estudante, que nasceu no município mas mora há três anos em Campo Mourão (PR), contou que os animais são dóceis e gostam do contato humano. “Eles são bem mansos. Toda a comunidade está acostumada com a aparição deles. Ficamos nos banhando no raso e quando vimos eles estavam nos cercando”, relata.
Marcos ainda afirma que nunca ouviu histórias de ataques dos animais e que os botos são um símbolo da região. “O pessoal da cidade respeita muito os botos. Então não existe caça nem nada do tipo”, explica. A filmagem foi feita no dia 20 de julho e mostra o estudante alimentando um boto com um pedaço de peixe.
O outro registro do encontro entre boto e humanos foi feito pelo advogado Rodrigo Nerys de Souza Costa, de 30 anos. Ele contou que em julho, durante passeio em Santa Terezinha, ele e os amigos acabaram dando de cara com o mamífero. “Eu já tinha escutado histórias, mas nunca tinha visto. Não sabia que eram tão mansos e dóceis”, relata.
O advogado, que mora em Goiânia (GO), afirma que sempre viaja até a região de Santa Terezinha. Para ele, o mais importante da relação dos locais com o animal é o respeito. “Os moradores de lá sabem que o dever deles é preservar e proteger os botos”, explica.
Para o zoólogo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Paulo César Venere, é importante ressaltar que o contato dos humanos com o boto pode alterar o ecossistema do animal, mas, por outro lado também pode trazer benefícios aos programas de proteção aos mamíferos.
“Nós ainda não sabemos o impacto desse tipo de interação, é um negócio que ainda precisamos pesquisar. Mas o fato é que esse contato pode gerar uma consciência de conservação da espécie por parte dos moradores locais”, explica.
O pesquisador diz ainda que o boto, além de dócil e tranquilo, é um animal extremamente inteligente. “Esse é um bicho que tem natureza calma. Além disso, ele gosta de 'fazer graça', como os 'primos' golfinhos”, diz.