Amigos e vizinhos de dona Eulália a descrevem como uma pessoa maravilhosa e merecedora do legado que construíu ao longo dos 90 anos em Cuiabá. Apesar da idade, eles se assustaram com a notícia de sua morte, já que ela seguia lúcida e sem problemas de saúde.
Eulália recebeu várias homenagens nas últimas horas. No velório, sua amiga de adolescência, Rosa Guimarães, 78, relembrou os momentos que eram vizinhas em um sítio e que estudavam juntas. Ela ainda descreveu a amizade delas como "perfeita".
"A gente morava em um sítio. O pessoal dava aula na minha casa, nos conhecemos adolescentes, éramos muito amigas, nossa amizade era perfeita. Era como uma irmã, sempre estávamos juntas. Ela era uma pessoa maravilhosa e caridosa, gostava de ajudar os outros", contou emocionada.
Já Elenir Isabel de arruda, 66, nascida no bairro Lixeira, onde a salgadeira morava e produzia seus quitutes desde 1956, teve a honra de conhecer Eulália e participar de perto das produções que conquistaram os cuiabanos.
"Eu nasci e me criei na Lixeira. Fomos criados todos juntos, cheguei amassar arroz no pilão junto com ela, uma pessoa sempre humilde, a família a mesma coisa, todos queridos. A única coisa que conforta é que ela dizia que não queria sofrer e assim foi, passou mal um dia e logo faleceu, pontuou.
Linoel Francisco de Barros, 61, disse à reportagem que dona Eulália se foi, mas que seu legado continuará, pois ela deixou raízes. "Vamos torcer para que seus familiares não desistam do legado que ela deixou plantado, a paixão regional, um exemplo de vida para todos, com sua humildade e família unida".
Morte
Famosa pela tradição do bolo de arroz cuiabano, Dona Eulalia da Silva Soares morreu na tarde dessa segunda-feira (28), em um hospital particular em Cuiabá.
Ela foi internada após o almoço de domingo (27) e morreu em menos de 24h após 3 paradas cardíacas. Desde 1956 a salgadeira comercializava o querido bolo de arroz, pão de queijo e chipa no bairro lixeira.
Com 8 filhos, 22 netos e 34 bisnetos, apesar de morar sozinha no bairro Lixeira, em Cuiabá, a idosa nunca ficava sozinha, a família se dividia através de uma escala para os cuidados.