Com desenvolvimento ligado, principalmente após o seu primeiro centenário, à grande imigração e à cessão de áreas para a instalação de indústrias, Várzea Grande guarda, ao longo de mais de um século de meio de histórias, um rico patrimônio cultural e natural e que atrai visitantes de diversas partes do país. Nesta data especial, em que a cidade industrial completa 152 anos (15 de maio), selecionamos os principais pontos turísticos que turistas e moradores podem conhecer e desfrutar de momentos de lazer na cidade industrial.
Um dos mais antigos núcleos habitacionais de Várzea Grande, o Distrito de Bonsucesso – que engloba ainda as comunidades de Souza Lima (antigo Sovaco), Capão Grande, Pai André, Praia Grande, Capela do Piçarrão e Limpo Grande – está situado às margens do rio Cuiabá, cuja rua principal estreita se alonga na barranca do rio, ostentando suas casas simples em cerca de 1 km.
Por lá, o turista pode degustar a saborosa peixada ao estilo ribeirinho em restaurantes rústico instalados às margens do Rio Cuiabá. Ao todo são mais de 50 estabelecimentos que recebem centenas de pessoas, principalmente aos fins de semana, e oferecem a iguaria em mesas instaladas embaixo de frondosas árvores ou em salões um pouco mais estruturados.
Outro atrativo são os engenhos de cana-de-açúcar que fazem parte do folclore da localidade, como o da Dona Buguela e o do Senhor Neco – que ainda funciona com tração animal. Este último pertencente à família do senhor Sinésio da Silva, de 91 anos, há mais de uma década e que, atualmente, é administrado por um de seus filhos. Os produtos como a rapadura e o melado artesanais são comercializados pelas famílias, sendo oferecidos nas portas das residências ou em pequenos comércios da região.
Augusta Gomes, de 89 anos, conhecida como Dona Guti, é outra ilustre e uma das mais antigas moradora que há décadas se dedica à fabricação de doces artesanais, no fogão à lenha, e vive do comércio de seus quitutes. Filha de várzea-grandenses, a cozinheira criou os 4 filhos e os 16 netos na tranqulidade do lugar pitoresco, mesmo com as dificuldades da vida após ficar viúva. Em uma pequena mesa instalada na frente da sua casa, a doceira comercializa os tradicionais doces caseiros como abóbora, mamão, laranja e leite, além de furrundum -típico da baixada cuiabana que leva ingredientes como mamão, rapadura, gengibre, cravo e canela.
A realização de eventos festivos também atrai para Bonsucesso turistas dos mais diversos lugares do País. Além da pesca, alguns moradores dedicam-se a industrialização do couro do pescado e ao cultivo de hortifrutigranjeiros.
Na comunidade vizinha de Limpo Grande os visitantes podem conferir uma das formas de artes mais antigas da região: a fabricação e redes – que resiste em sua forma artesanal graças ao trabalho das redeiras. As mulheres do local dão continuidade ao que suas antecessoras faziam, garantindo a perpetuação da tradição, admirada por visitantes de todas as partes do mundo.
O tear, feito de pesadas madeiras, mantém o mesmo estilo, com as artesãs sentadas no chão. Outro destaque são os desenhos, que trazem elementos típicos da cultura regional, como representações de utensílios, animais e flores.
As estampas, com desenhos que representam a fauna e flora mato-gorssenses, encantam os visitantes pela beleza plástica e colorido intenso. Por tudo isso, as redes, aos poucos, foram passando de item de uso cotidiano nos quartos e varandas das casas da baixada cuiabana para peças de decoração - descobertas por decoradores, arquitetos ou apreciadores das artes. Além disso, as redeiras já trabalham com encomendas para utilização como estandartes de parede e em estofados, por exemplo.
Localizada no trecho mais encachoeirado do rio Cuiabá acima, o Distrito de Passagem da Conceição proporciona ao visitante refrescantes banhos de rio, pesca amadora e contemplação da beleza cênica. No local existem restaurantes de comida regional à base de peixe, uma praça arborizada e trilhas para caminhadas.
Vale a pena dar uma parada para conhecer ainda a centenária Igreja da Nossa Senhora da Conceição, construída com adobe – um barro especial, utilizado para a produção de tijolo cru – que era retirado da localidade e levado em lombo de burros ou na cabeça ou nos ombros dos moradores em latas. O local tem acesso por rodovia asfaltada, conhecida como Estrada da Guarita.
Na região central, o turista pode conferir a beleza singela da mais antiga igreja católica da cidade. Patrimônio Histórico Artístico e Cultural municipal, a Igreja Nossa Senhora da Guia foi construída em 1892 pelas famílias tradicionais várzea-grandenses.
A comunidade sedia anualmente a segunda maior festa religiosa do Mato Grosso, a Festa de Nossa Senhora da Guia. Com duração de 3 meses de atividades diversas, contando com cortejo religioso em homenagem a santa, que é considerada padroeira da cidade.
Para quem curte o contato com a natureza, sem se aventurar por paisagens muito distantes da cidade, a opção é fazer um passeio no Parque Ecológico Tanque do Fancho, também tradicional ponto de lazer e turismo.
Ao todo, o local que possui 4.700 m², com pistas de caminhada, estacionamento e equipamentos públicos de exercício físico. Criado em junho de 1996, o Parque está localizado na Av. Castelo Branco, próximo ao Paço Municipal da cidade.
Leno Cuiabano
Quarta-Feira, 15 de Maio de 2019, 13h07