Cultura Terça-Feira, 27 de Outubro de 2020, 08h:00 | Atualizado:

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Estudante de Cuiabá que luta contra o câncer tem transplante de medula suspenso

 

G1

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Uma estudante de 23 anos, que faz tratamento contra o câncer, teve o transplante de medula óssea suspenso após ter realizado 70% do procedimento, por falta de recursos e insumos em um hospital de Brasília. Rebeca Guarim é de Cuiabá, mas conseguiu vaga para fazer o transplante no Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), já que o procedimento não é realizado em Mato Grosso.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que esse tipo de procedimento é realizado pelo Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), que vem apresentando problemas estruturais e suspendeu alguns atendimentos.

O ICDF informou, por nota, que a suspensão dos atendimentos aconteceu como consequência do aumento de preços e a falta de medicamentos e insumos em todo o país durante a pandemia e que o fluxo de caixa do instituto não estava preparado para uma situação específica como essa. "Independentemente disso, não há risco de o ICDF encerrar suas atividades. A direção está empenhada em encontrar, o mais rapidamente possível, a solução que o caso requer, retomando os atendimentos", diz trecho da nota.

Rebeca possui linfoma de Hodgkin, um câncer extremamente agressivo. Neste ano, ela conseguiu a autorização para fazer transplante. A mãe dela seria a doadora.

A estudante criou uma vaquinha online para ajudar nos custos do tratamento. A jovem descobriu o câncer em 2017, quando estudava medicina, fora do país. Inicialmente, quando apareceu um nódulo na clavícula, ela achou que era apenas uma distensão muscular.

Após alguns meses, foram aparecendo outros nódulos na axila e no pescoço. Ela começou a sentir, constantemente, um cansaço excessivo, e passou a ter febre e anemia.

No final de 2017, Rebeca fez uma biópsia, que confirmou o linfoma. Em seguida, começou a fazer quimioterapia, mas não obteve resultados, pois o câncer é muito agressivo.

A jovem realizou mais quatro sessões de quimioterapia. Ela conta que, nessa época, passava o dia todo no hospital e não conseguia dormir, pois se preocupava com os nódulos, que continuavam crescendo. “A quinta sessão foi a pior, caiu todos os pelos do meu corpo, fiquei com metade da sobrancelha e foi quando mais sofri, eu nem conseguia dormir. Mesmo assim, os nódulos continuaram a crescer", relata.

Junto com uma médica especialista do Hospital de Câncer, em Cuiabá, Rebeca tentou outro tipo de tratamento, a imunoterapia. Os resultados foram surgindo e elas decidiram continuar até conseguir realizar o transplante de medula. A estudante conseguiu ter acesso ao medicamento, que custa em torno de R$ 28 mil, pela Defensoria Pública do Estado. Sem o medicamento, os nódulos voltam a crescer.

“A minha médica é basicamente a minha mãe, ela é minha oncologista há quase três anos. Ela e a minha mãe são a minha força. Em todas as sessões de quimioterapia, a minha mãe foi comigo e ela é a minha doadora, pois é compatível comigo", conta a jovem.

Ela relata que a ajuda das duas é o que a faz não desistir. "Eu estava fazendo medicina, que sempre foi meu sonho e quero sobreviver para honrar a minha mãe", diz.

Desde 2019, Rebeca era acompanhada por um médico em Brasília, mas não esteva apta para o transplante por causa das complicações na saúde que sempre teve. No começo deste ano, a estudante recebeu a notícia de que podia fazer o transplante. Depois disso, criou uma vaquinha online para custear as despesas em Brasília, onde deveria ser realizado o procedimento.

Ela teria que alugar um apartamento para ficar enquanto completava o tratamento e estivesse melhor para voltar para Cuiabá. “Às vezes a minha imunidade abaixa, então tenho que ir para o hospital. Gasto R$ 800 a R$ 1mil e preciso parcelar, fazer várias coisas para conseguir pagar”, afirma.

Rebeca já passou por mais de 90 quimioterapias. Até agora, já tomou 70 ampolas da medicação da imunoterapia. Durante o tratamento, o corpo dela se desgasta muito e enfraquece. “Eu comecei a luta contra o câncer com 20 anos de idade e com 20 anos, a gente quer ir pra festa, quer se divertir com seus amigos, fazer coisas que os jovens fazem. Depois do câncer, eu não vivi mais isso, depois eu só vivi o câncer", relata a jovem.

Ela também conta que até hoje não se reconhece no espelho. "Eu perdi todas as referências do que eu era antes e do que eu sou agora”, afirma.

Rebeca ficou um mês e meio em Brasília à espera do transplante e já estava com 70% do procedimento feito. Ela já havia sido internada para fazer a coleta das células tronco. Agora, só faltavam a quimioterapia e o implante da medula.

No entanto, o Instituto de Cardiologia do DF (ICDF), hospital em que ela estava fazendo o procedimento, parou de receber insumos e o transplante de Rebeca foi suspenso, sem previsão de ser retomado. A estudante conta que o tempo é extremamente importante. “Eu vivo uma incerteza de que talvez uma semana eu me interne por estar sentindo dor e morra. Eu fiz de tudo contra o câncer, a minha mãe fez de tudo, a minha médica fez de tudo, mas se eu morrer, eu lutei, eu não fui covarde em nenhum momento, eu me esforcei”, diz.

Agora, Rebeca espera pela regularização do problema e pela realização do procedimento o quanto antes. Em novembro, fará uma avaliação em São Paulo, com a esperança de que o transplante seja realizado. Ela vai usar o dinheiro da vaquinha para pagar os custos da consulta e os remédios necessários para o tratamento.





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